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Baptista age nos bastidores para manter estrelas do Palmeiras sob controle

Eduardo Baptista tem o apoio de Maurício Galiotte e sua diretoria - CESAR GRECO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Eduardo Baptista tem o apoio de Maurício Galiotte e sua diretoria Imagem: CESAR GRECO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Danilo Lavieri

Do UOL, em São Paulo*

26/04/2017 04h00

Lidar com estrelas e jogadores contratados a peso de ouro nunca foi uma tarefa fácil para Eduardo Baptista. E é essa habilidade que está sendo necessária para que ele controle o ambiente do Palmeiras neste momento. No Sport e no Fluminense, anteriormente, o treinador enfrentou problemas semelhantes ao que começa a encarar desde o último fim de semana.

Líder do grupo 5, o técnico precisa de uma boa atuação e de ao menos um ponto nesta quarta-feira, em Montevidéu, contra o Peñarol para evitar que erros do passado voltem a assombrá-lo.

Borja lamenta chance desperdiçada do Palmeiras contra o Atletico Tucuman, na Argentina - Gustavo Garello/Jam Media via AP - Gustavo Garello/Jam Media via AP
Borja lamenta chance desperdiçada do Palmeiras contra o Atletico Tucuman, na Argentina
Imagem: Gustavo Garello/Jam Media via AP

O caso de Borja é o mais emblemático deles. Contratação mais cara da história do clube (R$ 35 milhões bancados pela Crefisa), o colombiano não está rendendo o esperado. Ao mesmo tempo, reclama de ser substituído constantemente, com direito até a um chilique na beira do gramado no último sábado, contra a Ponte Preta, quando deu lugar a Willian.

A atitude furiosa rendeu duas conversas. Uma entre treinador e atacante, onde Baptista deixou claro que não toleraria mais atitudes daquele tipo. E outra, na frente do elenco, para mostrar ao grupo que a demonstração de raiva não é boa para o ambiente e estabelecer que ainda é ele quem tem o comando.

Além do relacionamento, Borja enfrenta uma resistência pela sua atuação tática. No jogo desta quarta-feira, o camisa 12 deve ter mais uma chance como titular, mas vê a sua garantia de começar as partidas entre os 11 cada vez mais ameaçada. Eduardo não cansa de repetir que o desempenho dele sem a bola é motivo de preocupação. E isso começa a ter reflexo no restante do grupo. Alguns jogadores questionam a atuação tática do gringo e apontam que ele compromete o início da marcação, feita no campo adversário.

Eduardo ainda precisa lidar com outras estrelas no grupo. No momento, ele tem apoio de todas ou da maioria delas. Felipe Melo e Fernando Prass, por exemplo, estão ao lado do técnico e manifestam isso em entrevistas. Dudu também tem mantido uma boa relação, especialmente por ter sido mantido capitão. Vale lembrar que, no ano passado, o atacante brigou com Cuca também por questões táticas.

No início ano, aliás, o camisa 7 chegou a criticar algumas opções táticas do treinador e disse preferir o trabalho de Cuca. Alguns dias depois, no entanto, a dupla se afinou e hoje trocam elogios.

Por outro lado, ao menos por enquanto, Baptista também tem tido sucesso em lidar com jogadores que ainda não conseguiram a titularidade, como Michel Bastos, Keno e Roger Guedes. O constante revezamento o auxilia a controlar o ambiente. Alejandro Guerra é outro que não consegue se firmar, mas não demonstra sinais de irritação.

No âmbito político, Eduardo tem o prestígio do presidente Maurício Galiotte e de seus diretores. Dentro do Conselho Deliberativo, no entanto, o técnico não é unanimidade.

O desempenho do técnico é bom. Embora tenha sido eliminado na semifinal do Paulista, ele vê a equipe terminar a competição entre as melhores na pontuação acumulada e ainda tem seu time na liderança da Libertadores. A matemática também serve de segurança para o técnico: o aproveitamento é de quase 70% dos pontos.

Eduardo Baptista pensativo em treino do Fluminense - NELSON PEREZ/FLUMINENSE F.C. - NELSON PEREZ/FLUMINENSE F.C.
Imagem: NELSON PEREZ/FLUMINENSE F.C.

Passado recente pode servir de lição

No Fluminense, o técnico ficou no meio de um verdadeiro furacão entre Fred e Ronaldinho Gaúcho. Como se não bastasse a dificuldade de administrar a rixa entre os dois, ele ainda foi obrigado a escalar o meio-campista na Florida Cup por questões contratuais.

Na época, o atacante não fez questão alguma de esconder que desaprovava a atitude. O conflito interno, somado a disputas políticas nas Laranjeiras, foi o suficiente para que Eduardo caísse.

No Sport, Baptista precisou bater de frente com Diego Souza em termos táticos. Técnico e jogador se desentendiam em relação à função que o meia poderia cumprir. Ao menos publicamente, o experiente atleta declarou recentemente que o entrevero foi passageiro e que gostaria de trabalhar ao lado de Eduardo o resto de sua vida.

*Colaboraram: Bernardo Gentile e Pedro Ivo Almeida, do UOL, no Rio de Janeiro