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Sidão vê críticas "excessivas" e diz que "todo o setor não vinha bem"

Em entrevista ao UOL Esporte, Sidão diz que espera ter outra oportunidade no São Paulo - Chris O"Meara/AP
Em entrevista ao UOL Esporte, Sidão diz que espera ter outra oportunidade no São Paulo Imagem: Chris O'Meara/AP

José Eduardo Martins

Do UOL, em São Paulo

25/04/2017 04h00

Contratado no início deste ano, Sidão viveu altos e baixos no São Paulo. Logo nas duas primeiras partidas com a camisa do Tricolor, ele recebeu elogios de Rogério Ceni e do público por ter defendido quatro pênaltis. Depois, com a sequência de jogos no Paulista e na Copa do Brasil, virou alvo de críticas de torcedores e passou a perder seu espaço na equipe. Para complicar ainda mais a situação, por conta de uma lombalgia, vai completar dois meses longe dos gramados - a última partida foi disputada no dia 5 de março, contra o Santo André.

"No meu ponto de vista, acho que foram um pouco excessivas as críticas. Acho que todo o setor não vinha jogando bem. E acabaram algumas pessoas me escolhendo como o fator principal disso. Acho que algumas pessoas foram até injustas, mas faz parte. Vestir a camisa do São Paulo vai gerar grandes críticas, assim como quando for bem vai gerar grandes elogios. Eu aceito isso, estou tranquilo. Vou trabalhar para voltar melhor do que estava", disse o goleiro em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

No total, Sidão disputou nove partidas pelo São Paulo. O jogador, que defendeu o Botafogo no Brasileiro de 2016, sofreu 14 gols. Destes tentos, o arqueiro reconheceu ter falhado em dois (de Matheus Jesus, da Ponte Preta, em chute de fora da área, e de Copete, do Santos, em cabeçada após cruzamento na área).

"Cheguei a assumir em uma entrevista coletiva dois gols que eu vejo que poderiam ser evitados, mas foi só também. Eu tenho ciência do que posso fazer e, quando falho, tenho ciência. Então, quando não é minha culpa eu estou tranquilo, porque eu sei que não foi falha minha. Mas é sempre trabalhar para melhorar", afirmou o goleiro. 

Veja, abaixo, os principais trechos da conversa com Sidão:

Rodízio de goleiros

É algo novo. Geralmente, goleiro que entra permanece no time, por mais que ele tenha oscilado. Em geral, o goleiro fica porque a sequência de jogos acaba lhe dando uma segurança, você pega ritmo e vai embora. Mas acho que é justo para que todo mundo tenha oportunidade. No ano passado, por exemplo, o Jaílson (do Palmeiras) foi eleito o melhor goleiro do Brasileiro e hoje já não tem mais a oportunidade de jogar. É difícil. Infelizmente, só joga um. Acho que foi bacana da parte do Rogério dar chance para todos. Agora, é ralar para poder voltar a ter oportunidade.

Concorrência com Renan Ribeiro e Denis

É boa. O Rogério fazendo esse rodízio gerou essa concorrência para que todo mundo se prepare para jogar. Isso aumentou o nível de competição dentro do grupo. Então, todo mundo fica preparado para jogar, porque a oportunidade pode aparecer em qualquer momento. É diferente de outros clubes, em que o cara acaba treinando sabendo que as chances de jogar são mínimas. Aqui, ele fez com que essa chama de poder jogar ficasse acesa dentro do grupo.

Volta a ser titular?

Acho que tenho chance sim. Pelo número de jogos que o time vem fazendo, uma hora ou outra ele pode acabar poupando alguém e pode sobrar a oportunidade de eu jogar de novo.

Sem arrependimento por trocar Botafogo e Libertadores pelo São Paulo

Muita gente pode questionar pelo momento, agora. Mas o começo que tive no São Paulo foi melhor do que esperava. Então, períodos ruins, como esse de não jogar, fazem parte da vida de qualquer atleta. Não tenho dúvida de que fiz uma boa escolha para poder estar aqui no São Paulo.

Corte da lista do Campeonato Paulista

Entendi a decisão da comissão técnica, porque não poderiam arriscar ficar com apenas dois goleiros e, em um treinamento, um deles se machucar. Eu estava em treinamento e não tinha condições de ir para jogo. Aí, ficaria apenas um goleiro. Então, entendi a situação. Não quiseram arriscar, esperar que eu voltasse. Lógico que fiquei triste, porque queria continuar na competição, mas estou feliz por voltar a trabalhar e fazer o que gosto.

Rodrigo Caio e o fair play

A gente criou uma cultura no Brasil de ser malandro, levar vantagem em tudo e quando um cara faz um ato correto acaba impactando todo mundo. Não vejo nada demais, não deveria gerar tanta polêmica assim. Eu sei que que era clássico e tinha rivalidade, mas o jogo tem de ser vencido com a bola rolando. A nossa sociedade está corrompida com esse negócio de jeitinho brasileiro, de ser malandrão e de passar a perna em todo mundo. Então, quando alguém faz algo como o Rodrigo, um gesto simples e correto, acaba causando tanta polêmica, porque estamos acostumados a levar vantagem sempre fazendo coisa errada.

Nota da redação: No primeiro jogo da semifinal do Campeonato Paulista, Rodrigo Caio foi questionado por ter avisado o árbitro de que havia pisado no goleiro Renan Ribeiro e, desta maneira, evitado o cartão amarelo do corintiano Jô. No caso, seria a terceira advertência do adversário, que teria de cumprir suspensão no segundo e decisivo jogo do mata-mata.

Lesão

Tive uma lombalgia. Começou antes do jogo com o Novorizontino (dia 25 de fevereiro), aliás foi uma partida em que eu não atuei porque fomos poupados. Aí, comecei a sentir essas dores. Fui carregando a dor do jeito que dava: fazendo tratamento, treinando e jogando, mas estava me limitando muito. Aí, resolvemos parar para eu tratar, poder voltar 100% e render aquilo que posso. Não chegou a se cogitar operação. Eu até passei por um especialista, mas ele falou que o que eu tive era simples e poderia tratar. Ele me disse que eu conseguiria tirar essas dores e voltar a fazer o meu trabalho.

Treinar com o Rogério
 
É bom. Ele tem uma mentalidade muito vencedora. Isso para o goleiro é essencial. Um cara que não desiste, está sempre pensando positivo. Hoje, está mais focado para cuidar do time. Por isso, dos goleiros ele não tem falado tanto, mas sempre que posso tento absorver o que ele diz, porque o Rogério foi um mito mesmo.
 
Evento e parceria com Zetti
 
Fui convidado pelo representante da Poker (fornecedora de material esportivo) para esse workshop para goleiros, por causa do dia do goleiro. É importante para poder trocar ideias, ver o método de trabalho e aperfeiçoar cada vez mais a nossa profissão. Esse é o intuito. Acho que vou poder aproveitar bastante informação, para eu usar no meu dia a dia. Acredito que poderei também falar sobre a minha rotina de treinamento. Acho legal trocar essas ideias.

Nota da redação: O são-paulino participa nesta terça-feira, dia 25, do evento organizado pelo ex-jogador Zetti para celebrar o dia do goleiro. Na ocasião, os dois e outros jogadores da posição, como Aranha, da Ponte Preta, vão conversar com o público em geral e passar um pouco da experiência vivida nos gramados. O evento será no clube Banespa, em São Paulo, a partir das 17h.
 
União entre goleiros
 
A gente podia se ajudar mais, mas vejo que a concorrência é uma barreira entre nós goleiros. Creio que somos unidos na profissão, mas poderíamos trocar mais ideias para continuar evoluindo e fazendo a nossa profissão cada vez melhor.