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Muito além da multa: por que Vinicius Júnior não pode deixar o Fla (agora!)

O atacante Vinicius Júnior é a principal promessa das categorias de base do Flamengo - Staff Images / Flamengo
O atacante Vinicius Júnior é a principal promessa das categorias de base do Flamengo Imagem: Staff Images / Flamengo

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

22/03/2017 04h00

Vinicius Júnior é a mais nova sensação do futebol brasileiro. O jogador do Flamengo desperta a cobiça dos principais clubes europeus. Barcelona, Real Madrid, Manchester United, Manchester City, Chelsea e Arsenal estão de olho na promessa de apenas 16 anos. Destaque da última Copa São Paulo de Futebol Júnior e craque do recém-encerrado Sul-Americano sub-17, o jovem segue a trajetória no clube do coração. E assim será. Pelo menos até 11 de julho de 2018, um dia antes de completar 18 anos.

Antes disso, a Fifa proíbe qualquer transferência internacional. O UOL Esporte mostra abaixo as possibilidades que constam no regulamento da entidade maior do futebol mundial e os planos do Flamengo para o jogador. Qual será o futuro de Vinicius Júnior? No momento, a mudança mais radical seria subir aos profissionais do Rubro-negro, o que ainda está em estudo no departamento de futebol.

Fifa proíbe transferência de menores. Três casos são exceções

 - Residência inferior a 50 km do novo clube

Observado por clubes europeus, Vinicius Júnior está completamente fora desta possibilidade. O jovem mora próximo ao CT Ninho do Urubu, em Vargem Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. De acordo com a Fifa, o menor de 18 anos só pode se transferir se residir a menos de 50 km da sede de seu novo clube, assim como a possível nova agremiação precisa estar igualmente a menos de 50 km da fronteira com o país de residência do atleta.

Ainda assim, as duas associações devem apresentar consentimento dos fatos. Caso contrário, podem ser punidas pela Fifa por ocultação de informações.

- Mudança por motivos alheios ao futebol

O jogador, menor de 18 anos, pode se transferir para clubes de outro país desde que seja para acompanhar os pais - quando os familiares necessitem mudar por motivos alheios ao futebol. Pode acontecer, por exemplo, com diplomatas, embaixadores, etc.

Mesmo que isso ocorra, a Fifa precisa fazer uma análise prévia do negócio. O comitê da entidade analisa absolutamente todos os documentos nestes casos para evitar fraudes no mercado de transferências. É mais um panorama no qual Vinicius Júnior não se encaixa.

- Transferência entre integrantes da União Europeia

A possibilidade de transferência de menores de 18 anos existe ainda entre integrantes da União Europeia. Neste caso, o novo clube precisa assegurar na Fifa que o jovem terá todas as condições necessárias para treinamentos e acesso à educação. A negociação será autorizada se todas as exigências forem cumpridas.

Vinicius Júnior teria essa possibilidade se tivesse cidadania europeia, o que não é o caso. Devido aos motivos listados e, principalmente, por não ter completado 18 anos, a promessa rubro-negra não pode se transferir.

Quais são as possibilidades dos clubes interessados?

Vinicius Jr e Alan Guimarães seleção brasileira sub-17 - Gregório Fernandes/CBF - Gregório Fernandes/CBF
As boas atuações de Vinicius Júnior (e) atraíram olhares de gigantes do futebol europeu
Imagem: Gregório Fernandes/CBF
Sabedores de que Vinicius Júnior tem contrato com o Flamengo até 31 de julho de 2019 e ainda é menor de 18 anos, os clubes interessados podem apenas propor uma cláusula de prioridade de compra ao completar a idade exigida pela Fifa.

O Fluminense fez isso recentemente com alguns atletas. O clube paga uma quantia apenas para ter o direito da preferência. No entanto, o valor não é abatido no negócio. Da mesma forma, o próprio jogador pode decidir não se transferir para a agremiação que arcou com o montante para ter prioridade.

Nem sempre a preferência é levada ao pé da letra, embora na maioria dos casos o acordo para a futura negociação já esteja desenhado entre as partes.

Caso algum clube brasileiro tenha interesse em Vinícius Júnior será necessário apresentar poderio econômico. O jogador pode se transferir no mercado interno, mas a Lei Pelé estipula que o valor alcance, no máximo, duas mil vezes o salário do atleta. Nos padrões do Brasil, um negócio deste porte é praticamente inviável.

O que o Flamengo pode fazer para ficar mais tempo com o jogador?

Vinicius Júnior é a principal promessa das categorias de base do Flamengo - Staff Images/ Flamengo - Staff Images/ Flamengo
O Flamengo quer manter o atacante Vinicius Júnior pelo maior tempo possível na Gávea
Imagem: Staff Images/ Flamengo
Vinicius Júnior é tratado como um autêntico tesouro do clube. O atacante tem uma multa rescisória de 30 milhões de euros - pouco mais de R$ 100 milhões. O clube não tem interesse em negociá-lo. Muito pelo contrário. A ideia é promovê-lo aos poucos ao profissional e lapidá-lo para que mostre no time principal o talento já conhecido na base.

Em termos contratuais, o Flamengo - detentor de 90% dos direitos econômicos, 10% pertencem ao atleta - tem a preferência para fazer um novo compromisso pelo mesmo período do que está em vigência, pois é o primeiro clube profissional do jogador. Vinicius teve o contrato registrado em 1º de agosto de 2016. Embora a Lei Pelé autorize vínculos por cinco anos, a Fifa não os reconhece. Por isso, o Rubro-negro o firmou até 31 de julho de 2019.

Se optar por um aumento salarial ao atacante - com evolução considerável na multa rescisória -, o Flamengo perderá a preferência pela renovação. Entretanto, seria uma saída para tentar permanecer por mais tempo com Vinicius Júnior e receber um valor maior quando a transferência for inevitável.

Como, no momento, não está interessado em negociar a prioridade da venda do jogador e pretende ter ganho técnico e econômico com Vinicius Júnior, o Flamengo discute um consistente plano de carreira para a promessa. A elaboração de um novo contrato e o aproveitamento em etapas no time profissional são os pontos principais. O certo é que, no mínimo, ele está garantido na Gávea por mais um ano, três meses e 15 dias.