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Goleiro Bruno passou dias no Corinthians em 2006 e deixou clube após acordo

Bruno deixou o Corinthians sem jogar - Rubens Cardia / Folha Imagem
Bruno deixou o Corinthians sem jogar Imagem: Rubens Cardia / Folha Imagem

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

20/03/2017 12h00

Menos de três semanas no clube, poucos treinos e uma saída repentina rumo ao Flamengo. Esse é o resumo da breve passagem do goleiro Bruno no Corinthians em agosto de 2006. O jogador, que à época tinha 21 anos, deixou o time alvinegro após um acordo entre as partes.

Bruno chegou ao Corinthians apenas quatro dias antes de o técnico Geninho ser demitido após uma derrota para o Figueirense no Pacaembu. Horas depois, Leão acertou com a equipe paulista e decidiu, então, levar o elenco para uma série de treinos em Jarinu, no interior de São Paulo.

Segundo o treinador, o goleiro deixou a cidade e voltou ao Parque São Jorge. "Eu cheguei (no Corinthians) e ele estava lá. Fomos para Jarinu e ele alegou uma contusão. Quando cheguei de volta, ele já tinha saído", disse Leão à reportagem do UOL Esporte.

Naquela ocasião, o Corinthians contava com três goleiros no grupo: o titular Marcelo, além de Sílvio Luiz e Johnny Herrera. Bruno passaria por um período de avaliação e adaptação, segundo explicou o gerente de futebol do Corinthians em 2006, Edvar Simões.

"Ele estava no Atlético-MG e veio para o Corinthians para um período de adaptação e avaliação para saber se ficaria no plantel ou não. A princípio não houve interesse, mas ele não queria ficar. Partiu dele também a vontade de sair", relembrou o ex-dirigente.

Apesar disso, a Media Sports Investment (MSI), parceira do Corinthians à época, comprou 85% dos seus direitos. O Atlético-MG, por sua vez, manteve os 15% restantes, a fim de ter lucro em uma negociação futura.

Dias depois de deixar o Corinthians, Bruno acertou com o Flamengo e logo entrou em campo para defender o time rubro-negro. De setembro a dezembro, o jogador disputou 17 partidas do Brasileirão. No fim do ano seguinte, o clube comprou os direitos do atleta que ainda pertenciam à MSI.

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Acordo e suposto caso de mau comportamento

Edvar Simões conta que teve uma conversa com Bruno depois de uma atividade dos jogadores do Corinthians realizada em Jarinu. "No final de um treino eu fui conversar com ele sobre a situação dele. E ele falou que não queria ficar. Foi educado, só disse que não queria ficar e que tinha interesse em voltar. Ele falou direto comigo de uma forma normal", frisou.

Leão citou em entrevista concedida no dia seguinte à decisão que Bruno chegou a faltar em um treino após o retorno à capital paulista. Em seguida, o goleiro teria feito um comentário que irritou a diretoria.

"O Bruno faltou, não avisou e não foi autorizado a se ausentar de São Paulo. E parece que ele fez um comentário desrespeitoso para o clube. A diretoria leu e resolveu tomar um decisão, mas me parece que já em Jarinu ele tinha conversado com o Edvar. Não foi uma novidade", disse Leão em agosto de 2006.
Mais de dez anos depois, Leão disse que ouviu essa história naquela oportunidade, mas a história não foi confirmada. "Segundo eu fiquei sabendo ele foi tratar da lesão e um filho do diretor teria encontrado ele em uma boate. E teria xingado o clube", ressaltou.
Apesar do suposto caso de mau comportamento, Leão disse que via potencial no goleiro. "Ele era pago para pegar a bola, mas ele ficou alguns dias. Eu tinha acabado de chegar no Corinthians. Era um grande goleiro, eu achava que ele seria goleiro de seleção. Ele já tinha potencial", disse.
O ex-goleiro do Palmeiras e da seleção brasileira ainda comentou o acerto de Bruno com o Boa Esporte. "Ele foi julgado e condenado. Pagou até agora. Se a lei permite que ele jogue e quem contrata aceita, problema deles. Cada um sabe onde aperta o calo. O que vai se suceder é uma incógnita, o tempo vai dizer. Corajoso quem aceitou e contratou", afirmou.
Bruno deixou a Apac (Associação de Proteção e Assistência a Condenados), na cidade mineira de Santa Luzia, em 24 de fevereiro, após o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), conceder habeas corpus ao goleiro, alegando que "nada justifica" que Bruno permaneça seis anos e sete meses preso sem condenação final.
Em 2013, em primeira instância, Bruno foi condenado a 22 anos e três meses de reclusão por sequestro, cárcere privado e homicídio qualificado de Eliza Samudio, sua ex-amante e mãe de seu filho.