Processo de impeachment era busca por poder, diz presidente do Corinthians
O presidente do Corinthians, Roberto de Andrade, escapou de um processo de impeachment na noite desta segunda-feira. Após o resultado (183 votos favoráveis à permanência do dirigente, 81 contrários), Roberto admitiu que sua permanência à frente do clube "dá uma acalmada" no cenário político do clube.
"Desde o primeiro dia, quando fui acusado de fraudador, vocês acompanharam bem; em conversas informais com todos, sempre narrei o acontecido exatamente como foi, como depus no inquérito na delegacia e como foi baseado em comissão de ética", afirmou Roberto.
"Nunca falei uma vírgula diferente. Não cometi ato nenhum lesivo ao clube - não só no clube, como em nenhum momento da minha vida em qualquer negócio", emendou.
Em entrevista coletiva, Roberto de Andrade deixou claro que, para ele, a tentativa de impeachment foi levada adiante por setores do clube que pretendiam mudar os rumos antes da próxima eleição presidencial. A gestão de Roberto no Corinthians vai até fevereiro de 2018.
"(O processo) foi motivado por um grupo querendo poder no clube. Graças aos conselheiros, a quem quero agradecer os 181 votos que tiveram consenso", disse o presidente, segundo o qual os conselheiros "não votaram no roberto, (mas) votaram pelo Corinthians e pelo melhor ao clube".
"Nada mais era que algo político. Queriam antecipar a votação. Tiramos uma lição muito grande disso tudo. O Corinthians sai fortalecido. Já vimos que o Conselho (deliberativo) tem consenso, pensa no clube. Infelizmente, não são todos, mas a grande maioria", acrescentou.
Ainda durante sua coletiva à imprensa, Roberto de Andrade defendeu a vitória no processo como um elemento de pacificação política do clube. A opinião foi semelhante à do ex-presidente Andrés Sanchez após a divulgação do resultado.
"(O resultado) vai servir para pacificar o clube. Vamos conversar com as pessoas de bem e fazer um mandato sem grupo político; quem quer o bem do clube, que se junte a nós para colocar o Corinthians definitivamente no lugar mais alto dele", convocou.
Confira trechos da entrevista coletiva de Roberto de Andrade:
Futuro no Corinthians
"Não faço questão de vir a ter vida política no clube. O ex-presidente passa a ser membro nato do Cori (Conselho de Orientação), e onde puder colaborar, se for chamado pelo novo presidente, estarei sempre à disposição - mas vida política, não."
Baixos públicos
"Estamos trabalhando. Não se esqueçam que temos 12 milhões de desempregados e, com esse volume, se temos a maioria dos torcedores, temos a maioria dos desempregados. Afeta todos os segmentos. Converso com pessoas empregadas que deixam o pouco de lazer que tinham se resguardando para o caso de perder o emprego. Para isso, não tem remédio. Temos plano de negócio aprovado na caixa, tentamos dissolver isso na Caixa para ficar menos engessado em relação aos valores de ingressos aprovados. Se der tudo certo, conseguimos mexer e, em jogos com menos expressão, pode mudar valores para agradar torcedores e deixar a casa mais cheia."
Lições tiradas
"Tudo é aprendizado. Não sei tudo, não deixa de ser aprendizado. Se é que tem coisa boa, nesses quatro ou cinco meses desse movimento político, conseguimos ver as pessoas que querem o bem do clube e, por consequência, o meu como presidente. Dá para nos unirmos, deixar de ouvir alguns que sabemos o intuito e o que querem."
Coalizão agora
"Ouvir quem quer o bem do clube é uma satisfação muito grande. Sozinho não conquista nada, todos precisamos de ajuda. Temos diretoria competente, mas qualquer ajuda que se somar a isso será bem-vinda a partir de agora."
O desabafo de Roberto
"Nunca passei na porta de delegacia. Juiz deu habeas corpus de que não teve sentido. Dá alivio - não como presidente, mas como pessoa. O presidente do Corinthians foi levado a uma delegacia por questões pessoais, e não porque cometeu algo de errado. Sou avalista de todos problemas do clube, respondo civilmente por tudo. Vou agir contra mim? Errar, acertar, tentar acertar… Faz parte de qualquer dirigente. Tenho história no Corinthians como dirigente. Não cheguei ontem, não caí de para-quedas; cheguei aqui trabalhando, com dedicação. Largar família, trabalho, 10 anos dirigindo o clube como diretor, vice-presidente e ganhamos alguma coisa… Todo mundo acha que aqui estão roubando, o mundo está desse jeito. Você adquire posição de destaque por merecimento e você virou ladrão. Estou longe disso, desculpa, minha vida não está pautada com esse tipo de coisa."
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