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Como Bravo saiu de um dos grandes da Espanha para "pior goleiro" do Inglês

Pau Barrena/AFP
Imagem: Pau Barrena/AFP

Do UOL, em São Paulo

27/01/2017 04h00

As críticas a Claudio Bravo na Inglaterra só aumentam. Nos últimos dias, alguns jornais ingleses chegaram a chamá-lo de "pior goleiro" da Inglaterra. É justo este rótulo? Se olharmos as estatísticas recentes, fica difícil defender o arqueiro chileno. As últimas seis bolas que foram em sua direção entraram. Dos últimos 24 chutes no gol do Manchester City, ele só pegou oito. São apenas 33% de eficiência.

Quem viu o goleiro no Barcelona, nas últimas temporadas, não acredita no que aconteceu. Com a camisa do time catalão, Bravo era um gigante. Ele foi eleito o melhor goleiro do Campeonato Espanhol em 2015 e, no ano passado, só foi superado por Oblak, do Atlético de Madri.

Quando Guardiola resolveu deixar de lado o inglês Joe Hart, titular da seleção inglesa, para contratar o camisa 1 do Barça, muita gente torceu o nariz. A explicação fazia sentido. Ele precisava de um jogador que conseguisse começar as jogadas ofensivas com os pés. Hart não conseguia, Bravo sim.

Claudio Bravo se estica para fazer a defesa no jogo entre Barcelona e Manchester City - John Sibley/Reuters - John Sibley/Reuters
Imagem: John Sibley/Reuters
Nenhuma defesa em 180 minutos

Ninguém, porém, imaginaria que na função básica da posição, defender as bolas que vão em sua direção, o desempenho de Bravo seria tão ruim. Em cinco meses no Campeonato Inglês, 59 bolas foram em sua direção. Ele levou 25 gols. Nos últimos dois jogos, ele não defendeu nenhuma das bolas que foram ao gol - e levou seis gols.

Na rede de TV inglesa BBC, o público divulgou uma das piadas que mais exemplifica a atual fase do goleiro. Um espectador mandou uma mensagem e disse que Bravo era o melhor "falso 1" do futebol. A piada faz sentido. Mas o que aconteceu com Bravo para que ele fosse de um dos melhores goleiros da Espanha para se afundar como o pior da posição na Inglaterra?

1º time que não fala espanhol

Primeiro, é preciso pensar em confiança. Bravo pode ter 33 anos e ser experiente, mas nunca, antes de acertar com o Manchester City, tinha jogado em um país que não falasse espanhol. Ele foi revelado pelo Colo Colo, no Chile, e jogou na Real Sociedad antes de se transferir para o Barcelona. Em Manchester, está se adaptando a uma nova cidade, um novo país, uma nova língua e um novo estilo de jogo.

Não deve ser fácil. Quando a fase do time não ajuda, então... O City venceu as seis primeiras partidas do Campeonato Inglês, mas hoje caiu para o quinto lugar – nas últimas quatro partidas, só uma vitória. Entre os sete primeiros colocados da competição, a defesa do time azul de Manchester é a pior, com 28 gols sofridos.

Claudio Bravo no Barcelona: melhor goleiro em 2015 e segundo colocado em 2016 - REUTERS/Albert Gea - REUTERS/Albert Gea
Tempos de Barcelona: melhor goleiro em 2015 e segundo colocado em 2016
Imagem: REUTERS/Albert Gea

"Rivais pensam que é só chutar para marcar"

Tudo isso só deixa a confiança de Bravo cada vez menor. “Os rivais já estão enfrentando o City e pensando que, se acertarem a bola no gol, será gol. E o pior: não é nem como se os atacantes estivessem acertando os cantos. Os gols estão acontecendo em áreas centrais, em que ele deveria conseguir segurá-las”, comentou o ex-lateral Phill Neville, comentarista da BBC.

Além disso, existe também a questão Guardiola. O técnico espanhol chegou nessa temporada à Inglaterra e está sofrendo com a adaptação ao estilo de futebol jogado por lá, tanto quanto seu goleiro. E a defesa é quem tem mais sofrido. A imprensa local não cansa de criticar os problemas que o time apresenta quando atacado.

Na última partida, contra o Tottenham, por exemplo, o time fez dois gols e abriu 2 a 0, mas permitiu que o rival se recuperasse e empatasse o placar. Muita gente culpou o técnico pela escalação da equipe. Ele colocou o lateral Kolarov como zagueiro, no lugar do jovem Stones (que também vem sendo criticado), e as duas jogadas de gol saíram pela esquerda. Ele escalou Yaya Touré como único volante e o time sofreu para marcar o rival, principalmente quando o técnico do Tottenham, Mauricio Pochettino, apostou na velocidade do coreano Son Heung-Min.