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Polêmico em série e caro. Mas por que o Chelsea não libera Diego Costa?

Diego Costa é o grande nome do Chelsea na campanha bem-sucedida na Premier League - AFP/Justin TALLIS e Ben STANSALL e REUTERS/Eddie Keogh
Diego Costa é o grande nome do Chelsea na campanha bem-sucedida na Premier League Imagem: AFP/Justin TALLIS e Ben STANSALL e REUTERS/Eddie Keogh

Do UOL, em São Paulo

18/01/2017 04h00

Bate-boca com o técnico no meio do jogo, discussão em campo com colega de time e crise de vestiário, deflagrada por uma proposta milionária da China. O pacote Diego Costa tem demandado uma habilidade de administração especial para direção e comissão técnica do Chelsea. De quebra, o atacante tem o segundo salário mais caro do elenco. Mesmo assim, o clube de Londres não pensa em abrir mão do seu "homem-gol". Apesar do repertório comportamental, o brasileiro naturalizado espanhol é uma das diferenças que faz do time de Londres o principal candidato ao título inglês.

Nesta altura da Premier League, desfrutar de sete pontos de vantagem na liderança é um conforto que deveria inibir qualquer crise. Mas, no futebol, a teoria nem sempre caminha junto com a prática. Na última semana, Diego Costa foi afastado do time em razão de uma suposta confusão com um membro da comissão. Segundo o jornal Daily Mail, o jogador teve uma discussão ríspida com Antonio Conte por discordar do treinador sobre a sua preparação física. Após o episódio, o artilheiro ficou fora da partida contra o Leicester City no último final de semana, quando o Chelsea venceu com tranquilidade por 3 a 0.

Mas a imprensa inglesa especula que o entrevero com Conte na verdade teria sido motivado pelo desejo de Diego Costa de ir ao futebol chinês. O português Jorge Mendes, agente do atacante, viajou para a Ásia para dar sequência à negociação com o Tianjin Quanjian, segundo confirmou à mídia de seu país o presidente do clube, Shu Yuhui. 

Diego Costa recolheu as próprias bolas e arrumou as barreiras - Reproduēćo/Jim Bennet - Reproduēćo/Jim Bennet
Afastado no Chelsea, Diego Costa foi obrigado a treinar sozinho na segunda-feira
Imagem: Reproduēćo/Jim Bennet

Com contrato com o Chelsea até 2019, o goleador nascido em Sergipe teria em mãos uma proposta para ganhar R$ 116 milhões por temporada (cerca de R$ 2,23 milhões por semana) na China. Hoje ele embolsa 185 mil libras (R$ 720 mil) por semana – é o segundo mais bem pago do elenco, atrás de Hazard.

No entanto, o empresário do atacante espanhol já foi avisado de que o Chelsea não pretende liberar o jogador antes do final da temporada – ou seja, o sonho da montanha de dinheiro chinês é viável somente no meio do ano. Dono do clube, o magnata Roman Abramovich entende que Diego Costa é indispensável para que o time conquiste a Premier League pela quinta vez neste século. Por isso, a expectativa é de que o camisa 19 volte a campo contra o Hull City, no sábado. Após ser forçado a treinar sozinho na segunda-feira, o espanhol foi reintegrado ao grupo na última terça. 

Diego e esquema põem Chelsea na frente dos "outros cinco"

Distantes do Chelsea na classificação, os outros "cinco grandes" da liga estão compreendidos num bloco com cinco pontos de diferença, de 45 a 40. O time de Diego Costa tem sete pontos de frente em relação a Tottenham e Liverpool, oito adiante do Arsenal, dez de diferença para o badalado Manchester City de Pep Guardiola e 12 acima do United de José Mourinho.

Numa liga nacional de tamanha força e equilíbrio, o que explica o Chelsea ter desgarrado dos demais? Uma das razões identificadas pelos analistas ingleses foi a transição tática adotada por Antonio Conte. Depois de oscilações no começo do campeonato, o técnico fez o time jogar no esquema de três zagueiros. A partir daí os londrinos emendaram uma sequência de 13 vitórias seguidas, com apenas quatro gols sofridos, até a derrota no clássico com o Tottenham.

Outra vertente para entender o líder Chelsea é o desempenho individual de Diego Costa. O espanhol divide a artilharia da Premier League com Alexis Sánchez (Arsenal) e Zlatan Ibrahimovic (United), todos com 14 gols. O atacante do Chelsea ainda ofereceu cinco assistências para os companheiros – só participou de menos jogadas de gol do que o chileno Sánchez (14 gols e sete assistências). Dentro do elenco do atual líder, ninguém é tão produtivo ofensivamente quanto o sergipano.

Diego Costa discutiu com Conte em campo, mas depois trocou abraços amistosos com o treinador - Reprodução e Reuters/Tony O'Brien - Reprodução e Reuters/Tony O'Brien
Diego Costa discutiu com Conte em campo, mas depois trocou abraços calorosos
Imagem: Reprodução e Reuters/Tony O'Brien

Em números: a temporada de Diego Costa

No Campeonato Inglês:
14 gols
5 assistências
1681 minutos jogados
120 minutos por gol
44 chutes a gol, com 61% de acerto no alvo
28 chances criadas

Ele e os colegas na temporada:
Diego Costa - 21 jogos / 14 gols / 5 assistências
Hazard - 23 jogos / 9 gols/ 4 assistências
Pedro - 22 jogos / 7 gols / 7 assistências
Fàbregas - 15 jogos / 3 gols / 6 assistências

Um colecionador de confusões
Diego Costa discute com Pedro durante partida do Chelsea no Campeonato Inglês - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Teatral, provocador e, às vezes, chamado de antiético. Desde que Diego Costa chegou à Inglaterra sua reputação de vilão só cresceu entre torcidas rivais e a mídia. Em clássico com o Arsenal, o atacante se envolveu em duas brigas com adversários diferentes e provocou a expulsão do brasileiro Gabriel Paulista. Contra o Everton, foi flagrado pelas câmeras cuspindo na direção do árbitro Michael Oliver, após receber um cartão. Mas foram os episódios internos que mais chamaram atenção na atual temporada.

No primeiro turno, o atacante discutiu rispidamente com Conte na partida contra o Leicester City, após o treinador se negar a substituí-lo. Diego Costa esperava deixar o campo para evitar ser suspenso por um eventual cartão amarelo. Mais adiante, contra o Tottenham, o goleador deu uma bronca espalhafatosa em Pedro, para todo o estádio ver, depois de uma jogada frustrada.