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Goleiro que não viajou inicia campanha para que sobreviventes sigam no time

Goleiro Marcelo Boeck não viajou com time da Chapecoense para Colômbia - Danilo Lavieri/UOL
Goleiro Marcelo Boeck não viajou com time da Chapecoense para Colômbia Imagem: Danilo Lavieri/UOL

Bruno Freitas, Danilo Lavieri e Luiza Oliveira

Do UOL, em Chapecó (SC)

30/11/2016 12h10

Ainda em estado de choque pelo acidente que vitimou quase todos seus colegas de elenco, o goleiro Marcelo Boeck já iniciou uma campanha para que os jogadores que não estavam no avião continuem defendendo as cores da Chapecoense.

Presente na Arena Condá durante quase todo o tempo desde o acidente, o atleta ressalta que será muito mais importante continuar a história de sua equipe do que pensar no lado financeiro ou em ir para uma equipe com mais visibilidade.

Boeck chegou a ser titular entre as rodadas 12 e 16 do Campeonato Brasileiro, mas perdeu a posição para Danilo, que morreu no acidente.

“Seria interessante continuar aqui. Todos os que sobreviveram deveriam ficar para dar o alento para todos. É louvável também que vários clubes grandes ofereçam ajuda, deixarem de lado a rivalidade, o lado esportivo”, afirmou o atleta em entrevista no gramado da Arena Condá.

Os cinco clubes paulistas da Série A e a Federação Paulista de Futebol já colocaram em conjunto toda a estrutura necessária para reerguer o clube. Clubes pelo país também estão aderindo ao movimento.

“A gente tem algumas missões no futebol. Depois de algum tempo, algumas coisas que valorizamos no passado não fazem mais sentido. O valor como homem é o mais importante. Se a Chapecoense quiser, eu estarei aqui. Muito mais importante do que dinheiro ou aparecer em um time grande é continuar essa nossa história”, completou.

Outro jogador que não foi relacionado por opção de Caio Júnior foi o lateral direito Claudio Winck. Jogador do Internacional e atuando na Chapecoense por empréstimo, ele ainda tem dificuldades de falar do seu futuro.

“Eu fiquei é muito bravo quando soube que não ia para o jogo. E depois foi um sentimento estranho, de ficar em choque. Não tem como explicar. Está sendo muito difícil. Não sei o que te falar neste momento e nem tem como eu pensar no futuro. Quero é ajudar as famílias de todo mundo”, explicou também em entrevista no gramado do estádio.

Tanto Winck como Boeck estão na expectativa do reencontro com os atletas que sobreviveram ao impacto da queda: Alan Ruschel, Jackson Follmann e Neto. Ainda não há previsão para que isso aconteça.

Folmmann precisou amputar uma perna e corre risco de perder a outra. Alan Ruschel e Neto passam por procedimentos cirúrgicos para conseguirem uma situação estável.

“Eu não vejo a hora de reencontrar o pessoal e nós, goleiros, somos muito próximos. O Buião se foi, o Danilo também... Mas também tem o Follmann que é muito próximo nosso, tem 23 anos e a vida inteira pela frente. Uma coisa que me marcou muito e eu ouvi do pai dele: que volte com vida, com uma perna ou sem nenhuma. Mas que volte. E é isso que eu torço”, disse Boeck.

“O momento agora é muito difícil, mas vai ser ainda pior quando os corpos chegarem aqui. Então precisamos dar muito apoio para a família”, completou o goleiro.

Winck revelou ansiedade por encontrar Alan e lamentou a perda de outro grande amigo, Matheus Biteco.

“Eu era muito próximo do Biteco, que Deus levou. E muito próximo do Alan também. Falei com a mulher dele e estamos na expectativa grande de encontrar. Não vejo a hora de poder dar um abraço”.

Na noite desta quarta-feira, o estádio da Chapecoense deve lotar para receber uma homenagem às vítimas do acidente. A previsão é que na sexta-feira aconteça um velório coletivo no gramado.