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Empresa que levava Chapecoense é especializada no transporte de times

Avião personalizado com as cores da Chapecoense - Flight Radar
Avião personalizado com as cores da Chapecoense Imagem: Flight Radar

Vinícius Casagrande, colaboração para o UOL

Fábio Aleixo e Marcel Rizzo, do UOL, em São Paulo

29/11/2016 19h55

Lamia (Línea Aérea Mérida Internacional de Aviación). É esta a pequena companhia operadora e proprietária do avião que levava o time da Chapecoense e se acidentou na madrugada desta terça-feira na Colômbia.

A  empresa se formou inicialmente na Venezuela em 2009, mas só começou voar em 2013. Sem ter sucesso no mercado venezuelano, alterou a sua sede e operações para a Bolívia em 2015 e se especializou em voos fretados, como diz em sua conta oficial no Twitter. “Criada e para integrar todas as cidades da Bolívia e da América Latina, e o mais importante:  Quando quiser e onde quiser voar”.  Lá também é possível ver a autorização recebida da Autoridade Civil Boliviana para a execução de voos não-regulares e até mensagens enviadas ao São Paulo e ao Boca Juniors oferecendo serviços.

A companhia contava apenas com um avião em operação, o quadrimotor Avro RJ-85, de matrícula CP2933 que caiu pouco antes de chegar a Medellín. Esta aeronave já tinha 17 anos de idade e contava com tripulação 100% boliviana. Pode carregar até90 passageiros. Anteriormente era pela companhia aérea irlandesa CityJet.

Segundo documento da DGAC (Direccion Geral de Aeronáutica Civil), que regulamenta a aviação na Bolívia, este avião tem autorização de voo até 26 de janeiro de 2018, e apólice de seguros válida até 10 de abril de 2017.

Os fretamentos tinham como principais clientes clubes e seleções de futebol da América do Sul. A  própria Chapecoense havia feito uso dos serviços para viajar a Barranquilla (COL) para enfrentar o Junior nas quartas de final.

O Atlético Nacional era cliente mais frequente, tendo realizado ao menos seis viagens desde o ano passado, a última ainda em novembro quando foi ao Paraguai enfrentar o Cerro Porteño nas semifinais.

Para agradar aos clientes, a Lamia personalizava a aeronave com o distintivo do clube na fuselagem e também nos encostos de cabeça, como pode ser visto em diversas fotos em sua conta nas redes sociais.

Os relatos de problemas eram raros nos voos da empresa e nunca nenhum acidente fora registrado O episódio mais recente e que mais chamou a atenção foi leve. Uma turbulência que fez Lionel Messi e outros jogadores da seleção argentina passarem mal antes de aterrissarem na cidade de San Juan (ARG). A aeronave que transportava a equipe havia saído de Belo Horizonte, após a partida com o Brasil.


No dia do acidente fatal com a Chapecoense, o avião fez um voo curto, de 40 minutos, entre Cochabamba e Santa Cruz de la Sierra, de onde partiu para a Colômbia.

O futuro da Lamia agora é incerto, pois ficou sem avião para operar. Os outros dois aviões da Lamia, com matriculas temporárias, ou seja, são modelos alugados pela companhia, estão no chão por falta de certificados há mais de um ano. O de matrícula CP-2997 e número de série E-2370 teve sua liberação de voo encerrada em 9 de outubro de 2015, e não tem apólice de seguro vigente. Já o de matrícula CP-2998 e série E-2350 teve sua liberação de voo terminando em 16 de novembro de 2015, também sem apólice de seguro.

Além disso, um dos proprietários morreu na queda. Miguel Alejandro Quiroga Murakami era o piloto da aeronave.

“Estamos ainda em choque e não sabemos o que vai acontecer. Somos uma empresa muito pequena. Temos de aguardar para saber”, afirmou ao UOL Esporte, a assistente de direção da Lamia que quis se identificar apenas como Gabriela.