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Treino de Osório e tática de Sampaoli: em quem Ceni diz se inspirar?

Ceni ao lado de Osório nos tempos em que o colombiano comandava o São Paulo - Robson Ventura/Folhapress
Ceni ao lado de Osório nos tempos em que o colombiano comandava o São Paulo Imagem: Robson Ventura/Folhapress

Gustavo Franceschini e Luis Augusto Simon

Do UOL, em São Paulo

25/11/2016 06h00

Quem é o novo treinador do São Paulo? Depois de 25 anos como goleiro e ídolo tricolor, Rogério Ceni voltou a ser, de certa forma, desconhecido do torcedor. Ao assumir, disse ao site oficial do clube que “quer que o time veja o futebol da maneira que eu via”. Essa “maneira”, na prática, só será pública em 2017, quando ele de fato assumir a prancheta no Morumbi. Até lá, no entanto, dá para projetar que técnico ele será de acordo com os nomes em que ele diz se inspirar.

Rogério se aposentou no fim de 2015 e desde então tem estudado para a função. Viajou à Europa, fez um curso na Federação Inglesa e trocou ideias com alguns dos principais técnicos do planeta, entre eles Jurgen Klopp (Liverpool), Claudio Ranieri (Leicester) e Jorge Sampaoli (Sevilla). Guardiola e Mourinho, talvez os dois maiores expoentes da geração atual, já haviam sido visitados por ele nos tempos de jogador. Isso tudo sem contar os aprendizados com aqueles que o dirigiram no São Paulo. Em diferentes entrevistas, o ídolo são-paulino diz o que o inspira em cada um, discurso que ajuda a montar um mosaico sobre as características do futuro chefe no Morumbi. 

O exemplo mais repetido por ele, por exemplo, é o de Juan Carlos Osório, colombiano com quem Rogério trabalhou por quatro meses no Morumbi em 2015. “O Osório foi um cara que, quando ele começou a dar treinos, eu achava que estava preparado para ser treinador. E ali pude aprender muita coisa. Como treinador, dentro de campo, com tipos de treinamento, intensidade e variação. Me fez descobrir muita coisa”, disse Ceni ao Bola da Vez, da ESPN Brasil, no fim do ano passado.

Outros aspectos do trabalho de Osório, no entanto, parecem não encaixar com o pensamento do ex-goleiro. “Esse negócio de rodízio, trocar oito... Eu acho que tem de ser que nem rodízio de carro, troca um ou dois. Acho que para mim funciona melhor. É a minha opinião”, disse Rogério no mesmo programa.

Fora do dia a dia de treinamentos, quem parece mexer mais com Ceni é um argentino. “No futebol moderno, [Jorge, técnico do Sevilla] Sampaoli é um dos melhores. Sempre gostei de seu estilo de jogo ofensivo e agressivo a todo tempo e como pretendo seguir carreira de treinador, achei que seria importante passar uns dias com ele”, disse Rogério ao site do clube espanhol em outubro, quando conheceu o ex-treinador do Chile.

A indicação por um estilo de jogo mais ofensivo não impede que Ceni admire treinadores de outra vertente. Em 2012, por exemplo, ele fez questão de ressaltar o cuidado de José Mourinho com os bastidores em uma visita que fez ao então técnico do Real Madrid. “Mourinho é um espetáculo. Faz um trabalho diferenciado, tático...Eu gosto do modo que ele tem de falar com seus jogadores. O ambiente que cria e a forma como maneja o espaço entre os atletas e a imprensa. Tudo isto é importante para que haja um ambiente bom e agradável”, disse Ceni ao site do Real à época.

De Muricy Ramalho, com quem foi tricampeão brasileiro pelo São Paulo, Rogério sempre ressaltou o cuidado aos detalhes. “Impressionante como a gente entra em campo sabendo o que fazer. Cada escanteio, cada bola parada ofensiva ou defensiva, é tudo planejado no vestiário. Quem fica em qual posição, quem fica na sobra”, dizia o goleiro à época. Telê, pelo trato pessoal com os atletas, e Paulo Autuori, pela liderança e a correção no dia a dia, também já arrancaram muitos elogios de Rogério ao longo da carreira.

Em uma última esfera, contam ainda as posições tomadas por Rogério ao longo da carreira. Como capitão exigente, nenhuma foi mais constante e marcante que a do comprometimento exigido dos colegas. “Marlos precisa decidir se quer ser um craque ou um jogador comum. Depende do modo como vai encarar a carreira”, chegou a dizer Ceni sobre o ex-meia tricolor.

É difícil imaginar que Ceni consiga, em tão pouco tempo, reunir o treino de Osório, a tática de Sampaoli, a postura de Mourinho e o detalhismo de Muricy. Não é absurdo pensar, porém, que ele persiga essa mistura.