Candidato à presidência, Celso Barros quer volta de craques ao Fluminense
Ex-presidente da Unimed, Celso Barros, de 64 anos, está aposentado após uma carreira bem sucedida. Para muitos o momento seria o ideal para descansar e curtir a vida. Ele, porém, pensa diferente. Muito diferente. Movido pela paixão pelo Fluminense, o médico quer se tornar o próximo presidente do clube com um objetivo claro: trazer os craques de volta para o Tricolor.
“Isso você não tenha dúvida. Estou com um tesão danado. Estive em São Paulo nessa semana e já estou negociando uma série de coisas. Jogador, técnico, diretor executivo, patrocínio. É o seguinte, se eu vencer, já precisa andar. Já estamos atrasados. A festividade é depois, mas a posse é imediata. Dia 26 já sai presidente. Já estou trabalhando e claro que teremos craques”, disse.
Celso Barros tem o apoio de Conca e Thiago Neves. Os dois declararam apoio aos candidatos e se colocaram à disposição para retornar ao Fluminense. Além da dupla, o ex-presidente da Unimed tem conversas com Carlinhos e Maicon Bolt, todos com passagem pelo Tricolor.
Veja a íntegra da entrevista exclusiva com Celso Barros:
Momento do Fluminense
O lado político acho que é o normal. Eram cinco candidaturas, saiu o Pedro Trengrouse, depois o Cacá Cardoso que se juntou ao Abad. Sobramos os três: eu, Mário [Bittencourt] e [Pedro] Abad. O processo é interessante observar as alianças do Cacá com o Abad. O Cacá foi um dos mais violentos, chegava a tremer em um dos debates que fizemos de tão nervoso que estava. Acusou o Abad que a candidatura dele era uma fraude e depois ele, um advogado, se junta à fraude. É uma tristeza isso, parece estar brincando com as pessoas, com a ética. Estamos confiantes de que venceremos a eleição. Não fizemos pesquisa, mas outros fizeram e indicam que estamos muito bem. Sinto isso na rua, pessoas me cumprimentando e pedindo pelo amor de Deus para eu ser eleito. Quanto ao time ele está em 11º. Jogou 24 pontos e ganhou somente três. Ainda tem essa situação remota de conseguir a Libertadores através de um milagre, o que, infelizmente já não acredito. Me entristece muito. Esperamos que tudo corra bem até a entrevista e que seja feita a vontade do torcedor na urna.
Você teve muitas vitórias no futebol do Fluminense. Essa fase do time te aflige?
Fico muito triste com o que estou vendo. Esse ano, o Fluminense ganhou a Primeira Liga, uma competição de quatro, cinco jogos. Eu brinquei e disse que a Primeira Liga era o campeonato que ninguém liga. O torcedor ficou chateado porque gosta de ganhar qualquer coisa, claro. E está uma confusão danada para a próxima edição. Ninguém sabe o que vai acontecer. Se vencer, vou buscar títulos do Carioca, Copa do Brasil e Brasileiro.
O que o Celso pode fazer pelo Fluminense?
O que posso fazer pelo clube é utilizar toda minha experiência de 15 anos que tive da parceria. Na realidade, não é que eu queira me vangloriar, falo isso de maneira tranquila, eu tenho 15 anos de experiência, quando entrei estava na Série C, que ganhamos. E desde então tivemos grandes conquistas. Isso tudo em meio a um aprendizado e é claro que vai cometer alguns erros. Coisas que não vão sair da forma esperada. Não estava lá para pagar dívida do clube, mas para fazer um time vencedor. Foi aí que começamos com Romário e Beto, os primeiros contratos de imagem que fiz. A chegada do Romário foi um show nas Laranjeiras. Conseguimos os títulos da Copa do Brasil 2007, vice da Libertadores, naquela tragédia da LDU. Aliás, esse jogo ainda não acabou, vamos buscar esse título aí. Em 2010 e 2012 fomos campeões brasileiros. E tivemos dois momentos ruins quando quase caímos, em 2009 e 2013. E mesmo assim, em 2009, foi algo muito positivo, quando surgiu isso do time de guerreiros. O Mário quer levar as glórias por isso, mas ele não teve nada a ver. Estava lá e pagamos premiação para os jogadores. Nós, não foi o Mário que fez nada. Pagamos a premiação e o técnico Muricy Ramalho até me repreendeu no ano seguinte, com a autoridade dele. “Vai pagar premiação para um time que não caiu? Isso é um absurdo”. Aquele jeitão dele, né? Fiquei até sem graça. Mas não teve jeito. Era isso mesmo. Não podíamos cair. E mesmo assim, nesse tempo todo, ainda tive que aturar muita coisa do Peter, que, em 2013, tirou o Abel e depois mandou o Sandrão embora. Ali que ferrou tudo. Sempre que ele assumiu o futebol foi uma desgraça e caímos naquele ano. Nossa sorte é que a Portuguesa e o Flamengo cometeram erros e mudou a situação. E o Mário ainda quis aparecer nesse caso. Aquilo lá [STJD] foi um caso de 8 a 0, não tinha como perder. Foi lá, citou o pequeno príncipe e deu o show dele.
Como foi o fim da parceria?
Em 2014 o Brasil estava imerso em uma verdadeira crise. E aí vem outra mentira deles, que dizem que não avisamos que ia sair. Mentira. Avisamos e eles não tinham alternativa e nem se prepararam. Logo que saímos tentaram o acordo com o Viton, que foi uma tragédia. O cara [Neville Proa] sucumbiu e não pagou quase nada.
Você esteve no Fluminense por 15 anos. É um clube melhor após gestão do Peter?
Acho que pode ter melhorado na questão financeira. Mas eu já ouvi do presidente falando que no clube o dinheiro acaba em fevereiro. O Fluminense aumentou o seu déficit em relação ao capital circulante livre. Tudo por causa de contratações desastrosas feitas pela dupla Peter/Mário. Depois melhorou por causa do Profut, que reduziu uma série de encargos. Mas o time não está bem no ponto de vista de operação. Não gostaria de encontrar o clube assim. Nem eu, nem qualquer que seja o presidente que vá assumir. A falta de transparência é grande, então precisa chegar lá e ver. Ninguém sabe como está esse negócio de centro de treinamento, como é... vai ter que ver.
Você apoiou o Peter nas duas gestões. Ele não ter apoiado você foi uma decepção?
Apoiei ele em 2011 e 2013. Na segunda já meio chateado. Na primeira, todo mundo diz isso, se não fosse meu apoio ele perderia. Disse que se o Peter não fosse eleito, eu não ficaria. Isso matou a eleição. Ele sabe disso. Então ele não me apoiar é lógico que me deixou chateado. Fomos campeões brasileiros juntos. Esperava até como forma de agradecimento pelo o que fiz pelo Fluminense. E na maior cara de pau, típico dele. Ele não tem nem a vergonha de dizer que lealdade não é uma palavra que existe no dicionário dele. O ser-humano dizer isso é muito triste.
Pedro Antônio agora diz que se o Abad não ganhar, não deve ficar no Flu
É o seguinte. Tem um problema também no Fluminense que são os artigos 24 e 25 do Profut, que falam de gestão temerária e que pode levar o clube ao rebaixamento. O Pedro Antônio não pode ser vice-presidente e receber do clube cheques pela construção do centro de treinamento. Isso colide com o Profut. Pode parecer um favorecimento.
Centro de treinamento
O centro de treinamento é um projeto legal e que tem um custo de manutenção alto. No nosso projeto foi dividido em quatro unidades: futebol profissional, categorias de base, social e olímpico. Os dois últimos ficam em Laranjeiras. A base segue em Xerém. E o profissional no CT. Pensava até que já seria entregue pronto, vista as três inaugurações feitas pelo Peter. Então ele será entregue sem estar pronto e com dívida a pagar e obras a serem feitas. O Pedro Antônio, como todo respeito, anota tudo em um papelzinho nas coxas. É algo que não tem muito controle. Ele tem o valor dele. Ele tem dinheiro e eu não. Investiu e já está recebendo de volta. O centro de treinamento é bacana, claro. Mas fomos campeões brasileiro, carioca, vice da Libertadores e tudo isso sem CT. Era na velha Laranjeiras com gramado duro, cheia de ratos e gambás, como dizia o Muricy. Mas tinha craque.
Esse será o perfil de contratação? Quer a volta dos craques?
Isso você não tenha dúvida. Estou com um tesão danado. Estive em São Paulo nessa semana e já estou negociando uma série de coisas. Jogador, técnico, diretor executivo, patrocínio. É o seguinte, se eu vencer, já precisa andar. Já estamos atrasados. A festividade é depois, mas a posse é imediata. Dia 26 já sai presidente. Já estou trabalhando e claro que teremos craques.
Nesse caso, Fluminense errou ao abrir mão de Fred e Diego Souza?
Fred brigou com o Levir e fez as pazes, mas jamais foi a mesma coisa. Não estava satisfeito. O Diego Souza acho que foi um erro. É um belo jogador, embora também seja complicado de conviver. Mas é um belo jogador. Fred é um puta jogador, mas estava com um contrato longo e tinha um histórico grande de lesões. Quando trouxemos o Washington em 2010, o Fred estava com uma lesão grave. Se não trouxesse outro estaríamos ferrados. Washington era artilheiro no São Paulo, mas não estava feliz. Quando fui falar com ele, me lembro até hoje e por isso gosto tanto dele, ele estava triste e disse que viria. E veio. O Fred tem os problemas dele, é complicado. Tem um episódio comigo. Após aquela reviravolta de 2009, quando conseguimos ficar na primeira divisão, dei um churrasco na sede da Unimed. Aí o Fred chegou e deu a seguinte perola: “Doutor, quem tem que mandar no Fluminense é o senhor, o Branco [ex-jogador e diretor executivo à época] e eu”. Um funcionário de uma empresa vai chegar para o chefe e dizer isso? Falei com ele que não era bem assim depois de quase me engasgar com a carne que estava comendo. Isso foi algo que me deixou profundamente decepcionado.
O emprego do Abad na Receita Federal prejudica atuação no Fluminense?
Isso é batom na cueca, né? Ele não pode ser presidente. Ele não resiste a uma ação na Justiça caso seja eleito. Qualquer sócio poderia fazer isso. Ele não pode assinar balanço, não pode negociar pelo clube. Não pode fazer nada. Tanto é que queria colocar o Pedro Antônio e o Peter como procuradores. Quem passa a procuração é responsável. Aí vieram com essa do Cacá. Não existe isso. O trabalho dele é problema dele e de quem fiscaliza ele, no caso a Receita. No Fluminense, se não trabalhar, somos nós e os torcedores. Tenho certeza que ele não pode e nem tem condição de ser presidente.
Mário Bittencourt ter empresa com finalidade para agenciar atletas é um problema?
Ele tem algumas empresas que permitem a ele agenciar jogador, ser comissionado. Ele diz que elas estão ativas, mas que não as movimenta. Isso eu não sei. Mas disse que fez isso porque queria ser diretor executivo de futebol. Mas, ora, eu contratei diversos profissionais e nenhum deles tinha isso. Isso é imoral.
Você quebrou a Unimed?
A Unimed está funcionando. Quase quatro meses que sai e ela está lá. O problema é que viveu um problema que entre 2013 e 2014 o mercado de plano de saúde teve uma porrada. Por exemplo, o reajuste da rede D’or foi de mais de 30% e o reajuste de plano 9%. Isso desequilibrou a empresa, pois o custo passou a ser maior que a receita e criou vários problemas. Houve uma oposição que começou a fazer barulho e começou a atingir a marca, que sofreu danos e hoje é a quarta colocada. Construí um hospital de 230 leitos, um dos melhores da Barra. Enquanto estive lá saímos de 200 mil clientes para 1,2 milhão. Não interessa ao torcedor saber se a Unimed vai quebrar ou não, o que interessa a eles é ter um time forte.
Laranjeiras
Em um primeiro momento utilizar para jogos da base. Profissional de jeito nenhum. Um estádio inadequado para isso. Arquibancada velha, com degraus altos. Depois vamos pensar. Pensamos em fazer shopping, mas não pode porque foi tombado. Fazer uma grama sintética lá, ainda não sei. Sobre a sede social precisa reativar. Fazer uns shows, já que temos transito bom com artistas. No esporte olímpico, quero discutir com os gestores o que eles pensam. O Peter não fez nada por eles. Tem gente lá que odeia ele. Quero que eles escolham o vice-presidente da pasta, não queremos indicar.
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