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Goleiro arrisca a vida para salvar gatinho, vira herói e vídeo bomba na web

Eliseu Oliveira, goleiro do Oasis FC, salvou um gatinho em Canoas e vídeo viralizou - Divulgação - Divulgação
Eliseu Oliveira, goleiro do Oasis FC, salvou um gatinho em Canoas e vídeo viralizou
Imagem: Divulgação

Adriano Wilkson

Do UOL, em São Paulo

22/11/2016 17h16

Eliseu Oliveira dos Santos tem 24 anos, faz bicos de motoboy e é chamado de mão de alface pelos outros jogadores do Oásis FC, o time de várzea em que atua como goleiro em Canoas, região metropolitana de Porto Alegre. Mas suas mãos agiram firmes no último domingo, quando o goleiro amador subiu em um prédio de três andares para salvar o gatinho Marcelino, que estava preso na janela de um dos apartamentos.

O vídeo do salvamento foi postado no Facebook e viralizou, transformando um anônimo entregador de frangos em um herói sem capa. Até a tarde de terça, haviam sido 59 mil curtidas e 91 mil compartilhamentos.

“Se eu tivesse pensado, jamais teria subido naquela escada”, disse Eliseu ainda atônito com a repercussão das imagens. Tudo aconteceu em menos de cinco minutos. O herói, ainda um simples motoboy, tinha acabado de entregar um frango assado quando viu os moradores olhando para o alto sem saber como salvar um encurralado Marcelino do parapeito da janela.

Eliseu viu um dos homens subindo até metade da escada e descendo várias vezes, sem coragem de chegar até o topo. A escada era pequena demais e não alcançava o gato. Eliseu então foi convidado a entrar no prédio, mudou a posição da escada e resolveu subir. “Foi num impulso”, conta.

No prédio da frente, uma vizinha começou a filmar a cena. “Na hora que eu estava subindo, pensava em colocar o gato pra dentro do apartamento, mas não tinha como abrir a janela”, diz o goleiro, agora já herói. “Quando cheguei lá, ele veio pro meu lado, estava assustado e cansado, mas eu não precisei ficar segurando ele porque ele me abraçou bem firme e eu tive as mãos livres.”

O momento mais tenso foi começar a descida, porque, apesar das mãos livres, Eliseu não conseguia alcançar com elas as escadas. Do outro lado da rua, quem filmava se calou, temendo o pior. Ao pé da escada, o povo orientava o herói com o gatinho em seus ombros.

“Eu não conseguia ver os degraus, as pessoas ali foram meus olhos”, reconheceu Eliseu. O pessoal também estendeu um cobertor para aparar homem e gato no caso de uma queda. Seria talvez uma proteção frágil, mas uma proteção frágil é melhor que proteção nenhuma. Eliseu pensou em pular no cobertor, temendo se desequilibrar e cair fora dele. “Mas então eu respirei fundo, orei a Deus e comecei a descer.”

A escada balançou, mas não cedeu. Cada passo foi dado com cuidado até o fim. Homem e gato conseguiram chegar ao solo em segurança. Marcelino correu engatinhando por aí. O goleiro herói recebeu tapinhas nos ombros. Pegou sua moto e de repente ficou tímido ao ouvir os aplausos da vizinhança.  

”Fiquei muito envergonhado, não tenho esse costume de aparecer, não sei lidar com essas coisas, fico acanhado, assustado. Só peguei a moto e pensei: ‘Vou embora pro meu serviço’”

À noite, viu o vídeo viralizado no Facebook. Solicitações de amizade, telefonemas da imprensa. Um post de Margareth Zeni, a dona de Marcelino, agradecendo ao “jovem herói” que salvou o gato que a tinha ajudado a superar um momento difícil de sua vida.

Herói também de luvas

Mas essa não foi a primeira vez que Eliseu salvou o dia. Há alguns anos, enquanto defendia o time do colégio em que cursava o curso do EJA (Educação de Jovens e Adultos), ele foi o goleiro menos vazado de um campeonato em que sua equipe foi a campeã invicta. “Tomei só três gols em sete jogos e, humildemente falando, fiz inúmeras defesas difíceis”, conta o salvador.

Ele é torcedor do Grêmio e diz não se importar muito se o Internacional for mesmo rebaixado. A única vez em que viu um jogo do seu time no estádio, porém, o Tricolor foi eliminado da Copa do Brasil. “Não dei muita sorte”, lamenta o herói.