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Melhor seleção da história eternizou Carlos Alberto Torres como "Capita"

A morte do Capita: Craque por onde passou e autor de gol antológico

UOL Esporte

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

25/10/2016 14h19

Ao erguer o troféu Jules Rimet nas tribunas do estádio Azteca, em 21 de junho de 1970, Carlos Alberto Torres colou para sempre sua imagem no imaginário coletivo – o mundo guardaria para a posteridade que era ele o capitão da seleção considerada a melhor de todos os tempos. Célebre integrante de um dos times mais decantados do futebol, o ex-jogador morreu nesta terça-feira aos 72 anos, vítima de enfarto, em sua casa no Rio de Janeiro.

Mais do que carregar a braçadeira de capitão daquele icônico “Brasil de 70”, que lhe rendeu o apelido de “Capita”, o lateral direito ainda foi o responsável por concluir uma famosa jogada da seleção tricampeã mundial, fuzilando para as redes após uma troca de passes dos sonhos entre Pelé, Rivellino, Jairzinho e Clodoaldo. Foi o último gol da vitória por 4 a 1 sobre a Itália, que selou o título brasileiro no México. 

Análise: Carlos Alberto Torres foi gênio da lateral e grande líder

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Carlos Alberto Torres ainda deixa órfão uma série de grandes torcidas do país. O lateral também foi companheiro de Pelé no decantado Santos dos anos 60 e 70, conquistado o Campeonato Paulista em cinco oportunidades, além o Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1968. Juntos, viajaram pelo mundo levando a bandeira do futebol brasileiro, da Ásia à África, da América à Europa. 

No Rio de Janeiro, o defensor defendeu Fluminense, Botafogo e Flamengo, com relação especial com os dois primeiros. A parceria com Pelé voltou a ser reproduzida no New York Cosmos, no primeiro projeto de profissionalismo no futebol dos Estados Unidos, com estádios superlotados. Foi justamente na América do Norte que encerrou uma vitoriosa carreira esportiva de 20 anos, pendurando as chuteiras em 1982.

Como treinador, o “Capita” rodou o mundo, passando por destinos menos óbvios do futebol internacional. Esteve nos Estados Unidos, México e Colômbia, mas também desbravou fronteiras no Omã e Azerbaijão. Dentro do Brasil, comandou grandes times, como Corinthians, Atlético-MG, Flamengo, Botafogo e Fluminense. Seu último trabalho à beira dos campos foi em 2005, dirigindo o Paysandu.

Seu principal trabalho como treinador foi o título brasileiro de 1983, à frente do Flamengo, de Zico e companhia – derrotando na final o Santos, clube onde mais se destacara como atleta. Assim, com o Maracanã lotado, com mais de 155 mil pessoas, Carlos Alberto oferecia um título à maior torcida do país. 

Dez anos depois, Torres liderou o Botafogo na conquista da extinta Copa Conmebol, no único título internacional oficial da história do clube. Também faturou o Carioca de 1984, com o Fluminense de Assis e Wasginhton.

Nos últimos tempos Carlos Aberto integrou o time de comentaristas do Sportv, ao lado de ex-jogadores como Ricardo Rocha e Belletti. Na televisão, manteve seu estilo eloquente e bastante informal, pegando no pé de jogadores principalmente em relação ao comprometimento com suas equipes e padrões comportamentais. O ídolo fez sua aparição derradeira na emissora no último fim de semana, quando participou do programa "Troca de Passes".

Nos anos 90, o antigo ídolo da seleção ainda viveu outro papel dentro do futebol, como pai de jogador, acompanhando bons anos do zagueiro Alexandre Torres nos elencos de Vasco e Fluminense. No mesmo período, Carlos Alberto se aventurou na política. Pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista), foi vereador no Rio de Janeiro, entre 1989 e 1993.

Em 2008, o ex-jogador retornou à vida política, aparecendo como candidato a vice-prefeito do Rio na chapa encabeçada pelo então deputado estadual Paulo Ramos (PDT). No entanto, Carlos Alberto acabou não sendo eleito.

Fica para a posteridade principalmente a vocação de liderança de Torres. Carlos Alberto foi capitão de uma seleção repleta de craques, com Pelé, Gérson, Tostão e Rivellino. Durante a Copa de 1970, a vocação de comando do lateral apareceu mais evidente durante a complicada vitória sobre a Inglaterra. O jogador abandonou a posição na defesa para dar uma entrada dura no ponta Francis Lee, que tinha chutado o rosto do goleiro Félix momentos antes. Após o incidente, o inglês praticamente “desapareceu” do jogo.

Depois de abandonar os gramados, Carlos Alberto se notabilizou no pelotão de frente na defesa dos direitos dos campeões mundiais pela seleção. O ex-lateral foi um dos principais defensores da aposentadoria a esse grupo de antigos jogadores, oficializada pelo governo federal em 2013.