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Refugiado sírio chutado por repórter perde cargo de técnico na Espanha

Osama Mohsen tem até fevereiro para evoluir no espanhol - Reuters
Osama Mohsen tem até fevereiro para evoluir no espanhol Imagem: Reuters

Do UOL, em São Paulo

18/10/2016 06h00

Quando corria com seu filho nos braços na fronteira da Hungria com a Sérvia e foi chutado por uma repórter, Osama Abdul Mohsen não sabia, mas uma chance de voltar a trabalhar com futebol estava nascendo. O refugiado sírio, cuja história ficou mundialmente conhecida, conseguiu uma oportunidade de ser técnico na Espanha. Era um sonho sendo realizado. Esse sonho, no entanto, agora foi interrompido.

Responsável por convidar e bancar Osama, a Escola Nacional de Técnicos de Futebol (Cenafe) anunciou que não renovará o contrato com o sírio. Segundo a entidade, a decisão se deve por um fator: ele não aprendeu o espanhol como deveria no ano que teve como experiência no país.

"[O motivo foi a] dificuldade de aprender nossa língua, apesar da insistência da empresa pedindo sua aplicação nessa matéria. Isso impede uma correta realização de suas funções, aumentando os inconvenientes que isso causava na relação profissional com os demais funcionários”, justificou o Cenafe.

A entidade, que fornece alojamento, alimentação e um auxílio para Osama e dois de seus filhos, avisou que manterá os benefícios até novembro de 2017. Ele também terá nova chance de voltar à escola de treinadores em fevereiro do ano que vem.

"Para isso, ele precisa mostrar conhecimento do idioma e a integração necessária para o desempenho de suas funções profissionais", determinou a Cenafe.

Osama Mohsen era treinador de futebol na Síria, mas devido à guerra civil que já matou milhares de pessoas no país, ele se juntou aos milhões de refugiados que buscam asilo na Europa. Passou por países como Turquia, Grécia, Macedônia, Holanda, Sérvia e Hungria.

Foi na fronteira entre estes dois últimos, inclusive, que a cinegrafista húngara Petra Laszlo foi flagrada derrubando Osama. O treinador corria com o filho no colo quando Petra colocou o pé em seu caminho, levando os dois sírios ao chão. A cinegrafista acabou demitida e Osama, dias depois, ganhou convite para viver na Espanha. Agora, no entanto, ele precisará batalhar por sua permanência no país.