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Como a Globo virou o estopim da crise entre Casagrande e Sócrates

Casagrande e Sócrates tiveram uma relação marcada por carinho e desavenças - Jorge Araújo/Folhapress
Casagrande e Sócrates tiveram uma relação marcada por carinho e desavenças Imagem: Jorge Araújo/Folhapress

Luiza Oliveira e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

23/07/2016 06h00

Casagrande e Sócrates foram melhores parceiros em campo e tiveram uma relação de profundo carinho e companheirismo fora das quatro linhas. Mas a amizade dos ícones da Democracia Corintiana também foi marcada pelas desavenças. O que poucos sabem é que a Rede Globo acabou se transformando em um dos maiores motivos de crise entre os dois.

No livro “Casagrande e Sócrates – uma História de Amor”, Casagrande relata que eles tiveram um afastamento natural após pararem de jogar juntos, mas um fato se tornou a gota d'água. Sócrates não aceitava que ele trabalhasse na emissora carioca como comentarista e o criticava por ter se ‘vendido ao sistema’.

Uma passagem da obra relata o fato que mais o deixou chateado. “Certa vez, ele (Casagrande) estava no prédio da TV Globo quando recebeu uma ligação de Sócrates no celular: ‘Oi, Big, tudo bem? Fiquei sabendo que a Globo está querendo mais um comentarista em São Paulo. Só tem você aí... Dá uma sondada, vê se interessa eu ser comentarista também’, disse o Doutor”.

“Naquela mesma semana, três ou quatro dias depois, eu fui ao restaurante Lellis para entrevistar um convidado para a coluna que eu tinha no Estadão. E encontrei o Sócrates, numa mesa com o (José) Trajano, o Juca Kfouri e outros jornalistas. Eu me aproximei para cumprimenta-los e aí, na frente de uma porrada de gente, ele falou: ‘Taí o cara que se vendeu para a TV Globo’. Eu fiquei muito puto”, conta Casão no livro.

Hoje em dia, Casagrande avalia com mais calma a situação. Ele conta que Sócrates (que morreu em 2011) era muito radical em suas opiniões e que os dois tinham personalidades diferentes, especialmente depois que Casão passou uma temporada na Europa. O atual comentarista conta que amadureceu muito em sua passagem pelo continente europeu e se tornou muito mais profissional, enquanto Sócrates não tinha o mesmo comprometimento com suas obrigações.

“Ele ficou incomodado porque eu trabalhava na TV Globo, e eu ficava incomodado porque ele não terminava nada o que começava. Tudo o que ele começava não terminava, e isso me incomodava porque eu era profissional, sou profissional e aí as desavenças começaram a aparecer”, contou Casão ao UOL Esporte.

“Eu cobrava dele isso, e ele falava para mim que eu tinha me vendido ao sistema. E isso aí para que eu engolisse foi difícil. Aí eu me analisei, me analisei e falei: 'eu não estou vendido para sistema nenhum'. Eu falo na Globo tudo o que pode falar, nunca me proibiram, nunca falaram: ‘não fala isso’. Nunca fizeram isso, então eu sou livre para trabalhar na TV Globo. É uma coisa que ele não entendia naquela época, mas eu tenho certeza que depois ele entendeu. Tanto que ele participou de programas da TV Globo, eu encontrei com ele no Redação SporTV. Enfim foram momentos de pensamentos radicais dele”, conclui o comentarista.