Goleiro relata desespero em Istambul: "Acharam que eu era terrorista"
O goleiro Andrey, ex-Grêmio e Cruzeiro, viajava na última terça-feira (28) para o Irã, para assinar contrato com um clube local. Mas sua escala em Istambul teve um contratempo aterrorizante. O brasileiro de 32 anos foi testemunha do atentado que matou ao menos 41 pessoas no aeroporto da cidade turca, e acabou confundido com um terrorista pela polícia local.
"Eu estava no caminho para o saguão quando comecei a ver gente vindo, chorando. Não caiu a ficha, estava totalmente desinformado, mas aí começaram a gritar 'terrorista, corre, corre'. Tentei me abrigar em um lugar, eu estava sozinho e não quis ficar onde tinha muita gente, aglomeração", contou Andrey ao UOL Esporte.
"Tinha um terrorista que não tinha sido pego, então a polícia estava caçando ele ali. E como fiquei afastado em um canto do salão, os caras me viram e foram para cima de mim. Todos armados, achando que eu era terrorista, porque eu estava sozinho. Gritaram 'abre a bolsa', dois caras com metralhadoras. Eu levantei as mãos e não sabia o que fazer. Só falei que eu era brasileiro", relatou.
Segundo Andrey, os policiais chegaram a ficar mais tranquilos quando perceberam que ele vinha do Brasil. O atleta foi liberado após mostrar o passaporte e abrir a mala.
"Lógico que não só eu fui suspeito, eles estavam abordando muita gente. Com pessoas com família, filhos, crianças, os policiais não estavam fazendo nada, porque não eram grupos suspeitos. Mas quem estava sozinho eles estavam abordando. Mas eu pensei que, se entrasse algum atirador, ou com alguma bomba, ele procuraria grupos, aglomeração. Por isso tentei ficar afastado", disse o goleiro.
Retido por toda a quarta-feira no aeroporto de Istambul, Andrey se disse agradecido por não ter visto nenhuma pessoa morta. "Só presenciei muito sangue no chão, pessoas correndo, feridas e com curativo", explicou.
O atleta também disse que o atentado, que o governo turco atribui ao Estado Islâmico, não mudará seus planos de jogar no Irã.
"Eu vou assinar lá o contrato de um ano, mas é fogo. Tem que ir, fazer o quê? Os direitos federativos pertencem a mim. Eu estou tranquilo, sei que ninguém vai antes da hora, mas lógico que a gente fica com um pouco de receio de pegar um avião. Eu sou casado, tenho uma filhinha de seis anos. Agora eu estou indo sozinho preparar o lugar lá, mas depois elas vão. Eu liguei para a minha esposa e falei que estava tudo tranquilo".
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