Como Eduardo Bandeira de Mello foi do céu ao inferno no Flamengo
Eduardo Bandeira de Mello foi reeleito no Flamengo em 7 de dezembro de 2015. O presidente saiu do ginásio Hélio Maurício nos braços dos apoiadores de campanha e confiante em levar para o futebol o sucesso de outras áreas da administração. As promessas movimentaram a trajetória e a maioria da torcida deu um voto de confiança ao mandatário. Quase seis meses depois da vitória nas urnas, o dono da cadeira mais importante da Gávea vive o pior momento como dirigente.
Muito por conta dos insucessos no futebol nesta temporada, onde efetuou contratações que ainda não corresponderam e colecionou três eliminações. O cartola está pressionado interna e externamente. Um dos alvos dos protestos nesta quinta-feira (26) na sede da Gávea, Bandeira pareceu ceder a algumas reivindicações e anunciou o técnico Zé Ricardo como novo interino. O comandante dos juniores era o nome sugerido pelos manifestantes.
Bandeira havia conquistado anteriormente o respeito da torcida ao combater a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e a Ferj (Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro). O dirigente passou a ser considerado uma alternativa de modernização na condução dos clubes e teve o primeiro mandato bastante elogiado.
Em alta, o presidente tinha atingido o status de “ídolo”. Por diversas vezes foi solicitado pelos torcedores para fotos e autógrafos. No entanto, mesmo colocado em uma espécie de pedestal pelos mais simpáticos ao trabalho, Bandeira ainda sofria para conduzir o futebol, carro-chefe do Flamengo.
A promessa de campanha de priorizar o departamento e conquistar títulos no segundo mandato foi frustrada por erros no planejamento e três eliminações no espaço de 56 dias - Primeira Liga, Campeonato Carioca e Copa do Brasil. Os resultados colocaram o ano de 2016 em risco e obrigaram o Rubro-negro a promover a quarta reestruturação do futebol desde 2013.
Com exceção de dois títulos (Copa do Brasil 2013 e Campeonato Carioca 2014), o Flamengo colecionou vexames e lutas contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro. O futebol segue longe do esperado e a torcida aparenta ter cada vez menos paciência com as decisões da atual gestão.
Além dos péssimos resultados em campo, o que abalou a imagem do presidente foi a decisão de chefiar a delegação da seleção brasileira durante a Copa América Centenário. Aceitar o convite soou incompreensível aos seus apoiadores e gerou uma crise interna na Gávea. Bandeira comunicou a licença de 17 dias aos poderes do clube, mas desistiu de aceitar o cargo em cima da hora. Ainda assim, o mandatário vai aos Estados Unidos acompanhar a estreia do Brasil.
O Flamengo junta os cacos e tenta se reerguer na temporada. Por sua vez, Eduardo Bandeira de Mello não goza do apoio de outrora e busca retomar o prestígio conquistado no primeiro mandato. As duas missões são delicadas em um clube rachado politicamente e diante de uma torcida insatisfeita. O presidente conheceu o lado bom do cartola e agora passa pelo pior momento. Resta saber se terá forças e apoio para virar o jogo e cumprir o que dele se espera.
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