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Gaviões consegue acesso livre e poder dentro de atual gestão do Corinthians

MIGUEL SCHINCARIOL/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: MIGUEL SCHINCARIOL/ESTADÃO CONTEÚDO

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

20/05/2016 06h00

Escondida dos jornalistas e inicialmente negada pelo Corinthians, a reunião entre quatro membros da Gaviões da Fiel e um grupo de jogadores é mais uma demonstração do poder concedido pelo clube aos torcedores organizados dentro da atual gestão do presidente Roberto de Andrade.

O encontro realizado na quarta-feira foi o terceiro entre representantes da torcida e jogadores do Corinthians em aproximadamente um ano. As reuniões anteriores também foram feitas às escondidas, porém não vazaram à imprensa. Segundo quem participou da conversa na última tarde, o clima foi pacífico.

Entretanto, de acordo com apuração da reportagem, o acesso fornecido aos torcedores dividiu funcionários corintianos no CT Joaquim Grava. O meia-atacante Guilherme mostrou descontentamento. Membros de organizadas já tinham protestado no último sábado.

A reunião teve a aprovação do presidente Andrade, que foi até o local de treinamento para supervisionar. Já a Gaviões teve o vice-presidente Digão como líder e falou com Cássio, Fagner, Uendel, Elias e Giovanni Augusto, o único entre os jogadores contratados em 2016.

Já após a eliminação na Libertadores 2015, a torcida organizada havia tido papel importante para algumas decisões cruciais. A primeira delas foi a demissão do diretor de futebol Sérgio Janikian por declarações sobre o Guaraní-PAR. A Gaviões fez pressão para que ele deixasse o cargo.

Na semana seguinte, a direção do Corinthians também convenceu Paolo Guerrero a antecipar sua saída por já ter acerto com o Flamengo. Na ocasião, a Gaviões protestou porque o peruano havia perdido gol feito diante do Fluminense e fez pressão nos bastidores.

Um dos trunfos dos torcedores organizados é a presença do diretor de futebol Eduardo Ferreira na cúpula corintiana. Foi justamente a posição de líder da torcida organizada, em que já atuou como assessor, que contribuiu para que ele, também conhecido como Edu da Gaviões, ganhasse força política no Parque São Jorge. Os seguranças Ricardo e Caveira, dentro do CT Joaquim Grava, também têm relacionamento estreito com a torcida.

A avaliação dos líderes da direção para dar acesso aos torcedores organizados é baseada, entre outras coisas, em uma máxima do ex-presidente Andrés Sanchez. Para ele, os constantes protestos feitos pela Gaviões no passado tinham como motivação, justamente, o fato de não serem ouvidos pela direção. Ao dar acesso, o Corinthians evita atitudes mais drásticas. Na reta final de seu mandato, o ex-presidente Mário Gobbi viveu às turras com as organizadas e um grande protesto foi feito contra Mano Menezes e ele após eliminação na Copa do Brasil.

Roberto de Andrade, por sua vez, também negou pelo menos dois pedidos das organizadas. Um deles foi por redução de preços no Setor Norte da Arena, justamente o espaço ocupado pelas facções, mas os descontos foram dados apenas nos setores Leste e Oeste. O segundo foi para intervir na determinação de que clássicos teriam apenas torcida única. Roberto argumentou que, sem o apoio dos demais grandes clubes, não compraria uma briga sozinho.