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Como um voo pra lá de quente com atletas de cueca atrapalhou o Real Madrid

Sanchis, ex-Real Madrid, marca Ronaldo; zagueiro esteve no voo - Reuters
Sanchis, ex-Real Madrid, marca Ronaldo; zagueiro esteve no voo Imagem: Reuters

Alexandre Sinato e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

20/05/2016 06h00

Um avião já foi decisivo para o Real Madrid perder um título espanhol. Não houve nenhuma tragédia, mas uma falha na aeronave antes da última rodada do campeonato terminou com metade do elenco de cueca durante o voo suportando um calor de 60ºC, numa viagem que, entre embarques e desembarques, durou cerca de 14 horas. Sorte do Barcelona, campeão nacional daquela temporada 1992/93.

Na véspera da rodada derradeira, na qual o Real visitaria o Tenerife, o presidente do clube merengue decidiu fretar dois aviões pequenos para facilitar a logística dos jogadores e driblar o cansaço. O primeiro chegou sem problemas ao destino, mas o segundo teve um problema pouco depois de decolar.

O comandante do voo notou uma falha no sistema de refrigeração. Assim, o ar que entrava na aeronave vinha direto dos motores com seus 60ºC. A saída era voltar a Madri e pousar, mas antes disso era preciso praticamente zerar o combustível para evitar uma eventual explosão.

Enquanto o comandante dava voltas na região de Madri e liberava o combustível, os jogadores do Real enfrentavam um calor sufocante. “Falamos para a aeromoça ir para a cabine com o comandante e começamos a tirar a roupa. Ficamos todos de cueca. Foi desesperador”, relembra o ex-zagueiro Ricardo Rocha, hoje recordando com bom humor o episódio da “sauna aérea”.

Os jogadores retornaram em segurança a Madri e de lá partiram em outra aeronave logo em seguida. No total, foram mais de 14 horas para chegar ao destino. O Real desembarcou em Tenerife depois da meia-noite, a menos de 24 horas da partida decisiva.

Manolo Sanchís, também presente no voo, contou à Cadena Cope que alguns jogadores chegaram a perder 5kg com a desidratação. “Não lembro quantos quilos eu perdi, mas foi tudo muito difícil. Quando chegamos, muitos jogadores estavam passando mal e eram abanados, a ambulância do aeroporto foi avisada. A gente só queria bastante água e um ventinho no rosto”, conta Ricardo Rocha.

Resultado: o Tenerife bateu o Real Madrid na última rodada e o Barcelona se sagrou campeão espanhol. “Nunca tinha passado por nada parecido na vida”, emendou Ricardo Rocha. “A única coisa que eu desejava era que aquela partida acabasse logo”, completou Manolo Sanchís.