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'O bom Deus me abandonou', diz Blatter sobre investigação da Fifa

Do UOL, em São Paulo

24/02/2016 07h24

As investigações do FBI sobre a Fifa fizeram com que Joseph Blatter se sentisse “abandonado por Deus”. E quem diz isso é o próprio Blatter, presidente licenciado da Fifa, em entrevista publicada nesta quarta-feira pelo jornal esportiva francês L’Équipe.

À publicação, Blatter disse que começou a cogitar sua renúncia ao cargo no dia 27 de maio de 2015, dois dias antes de ser reeleito no 65º Congresso da Fifa. Naquele dia, dirigentes da entidade foram detidos pelo FBI no Hotel Baur au Lac, em Zurique, em ato que que Blatter chamou na entrevista de “atentado”.

Entrevista de Joseph Blatter ao L'Équipe - Reprodução - Reprodução
Ao L'Équipe, Blatter relembrou prisões de dirigentes antes de Congresso da Fifa de 2015
Imagem: Reprodução
“Eu ainda estava em casa quando, às 6h10, ouvi a notícia. Isso me chocou muito. Quando cheguei a meu escritório às 7h, alguém me disse: ‘Atenção, Blatter; você será o próximo’. Eu tinha a sensação de ter sido abandonado. Naquele dia, eu disse: ‘O bom Deus me abandonou’”, afirmou o dirigente suíço.

“Quando algo assim cai sobre sua cabeça, é terrível. Eu tinha a sensação de que tudo estava desmoronando. No começo, senti raiva e tristeza. Aquele dia foi um rompimento em minha vida, o dia que quero esquecer”, completou.

Na entrevista, Blatter disse que não esperava ser detido na ocasião. Mesmo assim, teve medo, “até mesmo fisicamente”.

“Não vejo por que eles viriam até mim, mas sim, eu estava com medo – até mesmo fisicamente. Além disso, este tipo de ataque é feito para assustar as pessoas. É incrível o que aconteceu”, disse.

Segundo ele, as autoridades dos Estados Unidos vinculara à Fifa a imagem de uma “associação mafiosa”. “Foi por isso que, alguns dias depois (2 de junho de 2015), eu coloquei meu cargo à disposição. Não para me salvar, mas para salvar a Fifa”, assegurou.

O jornal questionou Blatter a respeito de detalhes da decisão de renunciar ao mandato. O dirigente se esquivou, mas disse que a decisão foi sugerida por seus advogados; além disso, destacou a atuação de autoridades suíças, demonstrando desconforto com a atuação do FBI no caso.

“Para mim, tem sido um período muito difícil, um dos momentos mais difíceis da minha vida”, afirmou. “Mas exceto o que aconteceu em 27 de maio (ações do FBI), que me deixou com um gosto muito amargo, não podemos esquecer que tudo isso acontece de acordo com as autoridades suíças”, completou.