Topo

Protesto de torcida do SP no Pacaembu terá M. Bastos e dirigentes como alvo

Torcedor do São Paulo protesta contra Michel Bastos chamando-o de "Migué" - Reprodução
Torcedor do São Paulo protesta contra Michel Bastos chamando-o de "Migué" Imagem: Reprodução

Vanderlei Lima*

Do UOL, em São Paulo

21/02/2016 06h01

A Torcida Independente, principal organizada do São Paulo, prepara um inusitado protesto contra o meia Michel Bastos, eleito por eles como o grande responsável pelos maus resultados recentes.

Os torcedores prometem levar ao Pacaembu neste domingo (para o jogo contra o Rio Claro às 17h) um sósia do jogador, vestido com uma camiseta com o nome “Migué” nas costas. Também haverá distribuição de notas falsas de dinheiro e latas de cerveja.

“O Michel é o paneleiro, é o que desune lá”, disse Henrique Gomes, 30, vice-presidente da organizada. “Não aceitamos mais ele no time, queremos que ele vá pra Cotia”, afirmou, em referência ao centro de treinamento das categorias de base do clube.

Capitão da equipe nos últimos jogos, Bastos cumpriu o combinado com os colegas e não deu entrevista depois do jogo contra o The Strongest. Ele acabou sendo cortado da partida deste domingo e não ficará nem no banco. Segundo apurou o UOL Esporte, a comissão técnica preferiu não relacioná-lo para o jogo para preservá-lo de críticas.

Além do jogador, os torcedores vão protestar contra o vice-presidente de futebol, Ataíde Gil Guerreiro, e contra Gustavo de Oliveira, diretor-executivo de futebol. "Já está na hora de ele [Ataíde] pedir para sair, se continuar assim seremos sérios candidatos a cair pra segunda divisão no Brasileiro", disse Henrique.

O meia Ganso será cobrado para que assuma a responsabilidade. "A torcida está dando outro voto de confiança ao Ganso. Vamos levar uma faixa dizendo para ele chamar a responsa".

Por outro lado, o zagueiro Lugano, que deve assumir a faixa de capitão da equipe, será o grande nome exaltado pelos torcedores. "Vamos mostrar ao Migué [Bastos] que o nosso capitão é o Lugano", disse Henrique Gomes. "Vamos levar a bandeira do Raí, do Rogério Ceni e do Lugano, os nossos capitães são esses".

A reportagem do UOL Esporte tentou entrar em contato, durante este sábado, com Ataíde Gil Guerreiro e Gustavo de Oliveira para comentarem sobre as críticas feitas pela torcida organizada, porém os dirigentes não retornaram às mensagens e ligações.

Desabafo de Michel Bastos

Poucos minutos antes do São Paulo anunciar que Michel Bastos estava fora da relação de jogadores que enfrentarão o Rio Claro, neste domingo, o jogador usou a sua conta no Instagram para fazer um desabafo. O jogador resolveu vir a público pois afirma ter demonstrado incômodo com o que tem sido falado a seu respeito. Michel nega ter sido o idealizador de uma greve de silêncio feita pelos atletas, por conta do atraso de salários e premiação ao elenco tricolor.

"Iria me pronunciar apenas na hora certa sobre tudo o que tem sido falado nos últimos dias, mas, como estou sendo alvo de inúmeras acusações e especulações que não são verdadeiras, prefiro esclarecer logo o que tem acontecido para que isso não tome uma proporção maior. Em primeiro lugar, eu não fui o idealizador de movimento nenhum dentro do São Paulo e nunca fiz uso da minha posição de capitão para colocar meus companheiros contra a diretoria ou quem quer que seja. A questão do pacto de silêncio foi algo decidido pelo GRUPO, sem nenhuma liderança específica. Como capitão, achei que tinha o dever de tomar a posição que a maioria acreditava ser a certa e foi isso o que fiz. Teria falado se não houvesse esse comprometimento, como aconteceu quando estive na coletiva no dia seguinte da derrota para o Corinthians, sem ter recebido nenhum elogio e reconhecimento por isso", escreveu.

"Seguindo na linha de desmentir algumas coisas que estão sendo faladas, não tenho nenhum tipo de rivalidade pessoal com o Lugano, muito menos sou chefe de 'panela' dentro do São Paulo. O que houve foi uma divergência de opiniões dele em relação ao que o GRUPO, não o Michel Bastos, decidiu, mas isso foi um assunto que tratamos internamente, assim como estamos tratando a questão dos salários", prosseguiu.

O jogador, que foi xingado pela torcida após a derrota para o The Strongest por 1 a 0 na noite de última quarta-feira, mostrou-se bastante incomodado com as críticas que vem recebendo. Ele foi chamado de "erva daninha" por Rodrigo Gaspar, assessor da presidência. A postura do dirigente, que depois se redimiu e foi ao Twitter para pedir desculpas aos jogadores, desagradou o grupo tricolor e dificultou ainda mais o clima entre diretoria e atletas.

"Algo que também tem me incomodado é estarem insinuando que estou jogando de má vontade. Por mais que alguns estejam fazendo um esforço enorme para tentar mostrar o contrário, não sou mau caráter ao ponto de descontar no torcedor qualquer tipo de insatisfação que eu venha a ter. Isso seria ir contra as milhares de pessoas que abrem mão do pouco que tem para ir aos jogos prestigiar o São Paulo e essa atitude não faz parte da minha índole. Se as críticas tiverem que recair somente sobre mim para que meus companheiros tenham mais tranquilidade para trabalhar, não tem problema. Só não vou tolerar mentiras e as coisas que eu vejo que são ditas apenas para me colocar contra o torcedor. Dito tudo isso, eu acho que agora é a hora de nos fecharmos ainda mais, de buscar solucionar os problemas aqui dentro, para que o São Paulo volte a conquistar resultados do tamanho de sua grandeza", completou em sua postagem.

 

* Colaborou Pedro Lopes