Shakira, política, imprensa e rivais: Piqué fala de tudo em entrevista
O Papel, suplemento dominical do jornal espanhol El Mundo, publicou neste domingo uma entrevista com Gerard Piqué, zagueiro do Barcelona. Ao longo da conversa, Piqué abordou diversos assuntos: desde a relação com Lionel Messi e companhia no Barça, até outras mais polêmicas.
O camisa 3 fez questão de responder, por exemplo, a respeito de seu posicionamento político. Explicou, por exemplo, que é favorável ao referendo de independência da Catalunha, embora não veja problemas em atuar pela seleção espanhola.
Ainda segundo Piqué, o posicionamento só vira polêmica – e provoca vaias da torcida quando atual pela seleção espanhola em Madri – por conta da imprensa do país.
“Ser a favor do referendo não tem nada a ver com ser a favor da independência. Tem muita gente que apoia o referendo, na Catalunha e no resto da Espanha, e que é contra a independência. Não há problema nenhum nisso. O problema é que essa informação é vendida de uma maneira ou de outra, conforme os canais de TV, e muita gente acredita”, disse o jogador, em trecho da entrevista divulgado pelo jornal na quarta-feira.
O zagueiro ainda reclamou da imprensa ao se referir a outro assunto: a repercussão a respeito de suas mensagens no Twitter. O jogador é usuário recorrente da rede social, e não raro aparece provocando rivais. Para ele, nada de excepcional.
“Para mim, tudo é uma brincadeira. Sinto-me bem, dou umas risadas. Mas um pessoal leva muito a sério, como vida ou morte”, explicou, vendo com naturalidade a rivalidade com os times de Madri. “Não entendo por que as pessoas se aborrecem. Por mais que não se fale, para que tudo vá bem para muitos de nós, queremos que o outro vá mal. As rivalidades são assim: não é possível que os dois estejam bem”, completou.
Confira os principais trechos da entrevista de Piqué:
O trio de ataque do Barcelona
“O que mais destacaria dos últimos tempos de Leo (Messi) é a solidariedade. Se faltava algo a ele, era isso. Para uma pessoa como ele, poderia ter sido difícil (ter Luis Suárez e Neymar como companheiros), mas a maneira como abraçou Luis e Neymar é de se respeitar.”
O casamento com Shakira
“‘Shaki’ me deu perspectiva. Como jogador, no início, era estranho ver que a mais famosa do casal era a outra parte. Mas temos entendido nossos trabalhos, e ambos são muito felizes com o sucesso do outro. Seu ídolo tem que seu cônjuge, e o meu é assim. Agora vivemos muito tranquilos. Obviamente, nunca iremos a um centro comercial em uma hora cheia, mas podemos ir ao cinema ou fazer compras. Para snossos filhos, o melhor é ser um casal normal, corriqueiro, para que nos vejam como tal.”
Polêmicas nas redes sociais
“Dão muita importância. Para mim, tudo é uma brincadeira. Sinto-me bem, dou umas risadas. Mas um pessoal leva muito a sério, como vida ou morte. Parece que estou matando alguém quando estou simplesmente fazendo piadas (…). Nunca bloqueei ninguém, é feio. Não é como não compartilhar suas opiniões, mas é como você já não querer nem escutar. Entendo que tenha gente seja contra mim, é parte da vida. Se todo mundo é a favor, algo está errado.”
Imagem na imprensa
“Já faz alguns anos que há um tipo de jornalismo, que é o que mais repercute, que fala de tudo, menos de futebol. Só polêmicas. Há programas de TV que são líderes de audiência e que não mostrar nenhum gol. As pessoas consomem, então não se pode falar nada.”
Relação dos jogadores fora dos campos
“Em nosso (vestiário) se fala de economia, sociedade e política (risos). Tem de tudo. Com Mascherano, falo de política, de sociedade, de negócios… Mas também há o tipo de jogadora que, quando estamos falando de economia, se levanta e vai embora. Comigo acontece o mesmo fora do futebol: tenho amigos que se interessam e outros que não (…). Aqui (na Espanha), sempre houve essa ideia do jogador de futebol inculto, mas o futebol pesa cada vez mais na sociedade e em todas as cadas. No final, vai ser como nos Estados Unidos: vão respeitar mais o atleta. Dentro e fora do campo de jogo.”
Rivalidade com o Real Madrid
“Não entendo por que as pessoas se aborrecem. Por mais que não se fale, para que tudo vá bem para muitos de nós, queremos que o outro vá mal. As rivalidades são assim: não é possível que os dois estejam bem. É lógico (…). Não é politicamente correto. Neste país, o que vende é dizer ‘tomara que tudo vá bem com o Real Madrid’, ou ‘tomara que tudo vá bem com o Atlético de Madri’. Paz e amor. Tudo muito bonito. Mas, para mim, falta conteúdo nisso. É uma falsa bondade que não vai a lugar nenhum. Não sinto assim e não vou dizer isso.”
Referendo de independência da Catalunha
“Sou espanhol. Minha mulher é metade libanesa e metade colombiana. Meus filhos são catalães, espanhóis, libaneses e colombianos. Estamos em um mundo tão globalizado que colocar-se em um lugar ou outro é perda de tempo. Sempre cito John Lennon: ‘não hã bandeiras’. ‘Imagine there’s no countries.’ Estamos todos em um planeta no qual termos que compartilhar muitíssimas coisas. A vida está aí para ser aproveitada e não para buscar problemas onde não existem (…). Ser a favor do referendo não tem nada a ver com ser a favor da independência. Tem muita gente que apoia o referendo, na Catalunha e no resto da Espanha, e que é contra a independência. Não há problema nenhum nisso. O problema é que essa informação é vendida de uma maneira ou de outra, conforme os canais de TV, e muita gente acredita.”
Jogos pela seleção espanhola
“Se jogo pela Espanha, é porque sinto de verdade que devo jogar. Primeiro, porque temos uma seleção que é muito boa; segundo, porque sou espanhol. Sinto que tenho que estar ali e ajudar meus companheiros (…). Não sei o que vai acontecer no futuro (sobre independência catalã e seleção espanhola), mas a situação política é como é, e não posso me meter em um sentido ou em outro, porque sabemos como isso é: tudo se polariza. Sou uma figura pública, e creio que minha posição é correta”
Vaias sofridas nos jogos da seleção em Madri
“Estou convencido de que foi um tema Barcelona x Real Madrid, e não político. Com certeza. Um tem que, de repente, alcança a seleção com os assobios e cria uma atmosfera que não é boa para a seleção. Cada vez que o treinador (Vicente del Bosque) vai falar comigo… Conheço ele, e sei que sofre por dentro. E não gostou, porque tenho muito apreço por ele.”
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