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Fiel parceiro de Rivellino vê injustiça em saída do Corinthians: "roí osso"

Apu Gomes/Folhapress
Imagem: Apu Gomes/Folhapress

Vanderlei Lima e Pedro A. Lopes

Do UOL, em São Paulo

21/02/2016 06h01

Volante do Corinthians entre 1968 e fevereiro de 1977, Tião disputou 363 jogos com a camisa alvinegra, colecionou atuações marcantes em clássicos e tinha entrosamento dentro e fora dos gramados com Rivellino - feitos que o aposentado de 67 anos narra com empolgação quatro décadas depois. Sua trajetória no Parque São Jorge, no entanto, foi interrompida oito meses antes de um dos momentos mais importantes da história corintiana: a conquista no Campeonato Paulista de 1977. Um desentendimento com o ex-presidente Vicente Matheus fez com que o meio-campista acertasse com o Juventus e deixasse o Corinthians sem um título expressivo.

"Eu roí um osso danado e, na hora de comer um filé mignon, estava no Juventus [risos]. Eu senti muito. Eu poderia ter feito parte daquele time. Só que a vida continua. O Corinthians, uma hora ou outra, seria campeão, assim como aconteceu na Libertadores. Chega uma hora que não tem jeito", admite.

Apesar de ter ficado fora da campanha que marcou o fim do jejum de 23 anos sem títulos, Tião é lembrado até hoje por ter desequilibrado um clássico contra o Palmeiras no Campeonato Paulista de 1971. Ele anotou um gol na virada corintiana por 4 a 3 no Morumbi, partida que considera a mais importante de sua carreira.

"Palmeirenses e corintianos na faixa de 50, 60 anos lembram desse jogo. Foi espetacular, com muitos gols, um atrás do outro. Quando falam de Tião, o torcedor diz: 'fez o gol contra o Palmeiras em 1971'. Hoje, [a maior rivalidade] é Corinthians x São Paulo, mas Palmeiras x Corinthians era uma coisa sensacional", conta.

Em 1972, Tião, insatisfeito com seu contrato com o Corinthians e as brigas com Vicente Matheus, esteve perto de se transferir para o arquirrival Palmeiras. Só não vestiu a camisa alviverde porque o amigo Rivellino convenceu os dirigentes corintianos a segurá-lo no Parque São Jorge.

"Ele [Rivellino] foi muito importante. Chegou até a interferir no meu contrato em 1972. Eu estive para sair do Corinthians, ia para o Palmeiras. Fiquei brigando com o [Vicente] Matheus dois meses para assinar contrato. Só que o Rivellino não queria que eu saísse. Ele gostava de jogar comigo. A gente se dava muito bem. Jogamos juntos seis anos. Se tivéssemos sido campeões, seríamos iguais Dudu e Ademir da Guia", diz.

Antes de pendurar as chuteiras, Tião também defendeu Juventus e Guarani. Mesmo aposentado, ele não se distancia do esporte. Teve uma quadra de futebol de salão na capital paulista durante 33 anos e trabalhou em um projeto social da Prefeitura. Após sua aposentadoria, completa a renda com o cachê que recebe por participações em jogos.

"Na minha época, [um jogador] levava dois anos para comprar um apartamento. Hoje o cara compra dois por mês. O valor do dinheiro é outro. É completamente diferente", afirma.