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Réus em caso de racismo contra Aranha são liberados pra frequentar estádios

Lucas Uebel/Getty Images
Imagem: Lucas Uebel/Getty Images

Do UOL, em Porto Alegre

19/02/2016 19h14

Patrícia Moreira e os outros três réus no caso de racismo contra o goleiro Aranha, do Santos, ocorrido em 2014 na Arena do Grêmio estão livres para frequentarem estádios do futebol. A determinação foi publicada em nota pelo site oficial do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. 

O despacho feito pelo juiz Marco Aurélio Martins Xavier, da Promotoria do Torcedor, do Ministério Público, nesta sexta-feira (19), determina que a primeira fase da punição aos réus já foi cumprida. Eles, agora, podem voltar a comparecer em estádios de futebol, precisam apenas comparecer trimestralmente a Delegacias de Polícia e ainda não afastarem-se das comarcas em que residem. 

A determinação, portanto, autoriza Patrícia Moreira, Éder Braga, Fernando Ascal e Rodrigo Rychter, flagrados em atos racistas contra o então goleiro do Santos a completarem a pena imposta, que terá fim no fim deste ano frequentando normalmente praças desportivas. Até então, eles eram obrigados a comparecer em Delegacias de Polícia durante jogos do Grêmio.

O caso ocorreu em 28 de agosto de 2014, em duelo pela Copa do Brasil daquele ano, o Santos vencia o jogo e o goleiro Aranha foi alvo de xingamentos racistas. As câmeras de transmissão do jogo flagraram os aficionados gritando 'macaco' ao camisa 1. O principal rosto dos atos foi o de Patrícia Moreira, que, aos gritos, ofendia o goleiro. 

O Grêmio foi julgado e punido. Acabou eliminado da Copa do Brasil. Aranha foi vaiado com muita força em todas as vezes que esteve na Arena do Grêmio novamente. E os aficionados acabaram sendo proibidos de frequentar estádios. Pena que foi encerrada nesta sexta. 

Revolta popular

A revolta contra Patrícia Moreira ultrapassou o âmbito esportivo. A casa da mãe da torcedora foi depredada, inscrições contra ela foram escritas em muros, sua antiga residência foi alvo de uma tentativa de incêndio. Tudo por conta dos xingamentos contra Aranha. 

Patrícia perdeu emprego, mudou de cidade e durante a punição recorreu ao celular para acompanhar jogos do Tricolor. Jamais esteve envolvida em atividades de torcida, até por medo de ser reconhecida. Chegou a publicar uma foto com o jogador D'Alessandro, do Inter, nas redes sociais. Mas a repercussão foi tão negativa que ela apagou o registro. 

O goleiro, hoje sem clube, diz que o caso de racismo, de alguma forma, atrapalhou sua carreira. Ele chegou a ser oferecido ao Internacional no começo deste ano, mas não se acertou com o Colorado.