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Dilema na Gávea: Fla quer lucro e vender jogos, mas Muricy pede casa fixa

Flávio Godinho (frente) conversa com Rodrigo Caetano e Muricy Ramalho no Flamengo - Gilvan de Souza/ Flamengo
Flávio Godinho (frente) conversa com Rodrigo Caetano e Muricy Ramalho no Flamengo Imagem: Gilvan de Souza/ Flamengo

Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

19/02/2016 06h00

Ainda não há um mal-estar suficiente para interferir no trabalho, mas Flamengo e Muricy Ramalho têm um problema considerável a resolver. A administração Bandeira de Mello adotou a prática de vender jogos para outras praças e reforçar o caixa desde 2013. No entanto, o método foi reprovado publicamente pelo treinador em duas entrevistas coletivas.

Muricy quer uma casa fixa. O desgaste causado pelo excesso de viagens mesmo com o mando de campo o perturba. Praticamente sem Maracanã e Engenhão por toda a temporada, o futebol rubro-negro avaliou que a ausência de estádio poderá ter peso decisivo nos resultados em 2016.

É em torno disso que se desenvolve uma espécie de 'cabo de guerra' na Gávea. Muricy pediu base no Rio de Janeiro e alertou aos dirigentes sobre a necessidade de viajar o mínimo possível como mandante. Por outro lado, parte do Conselho Diretor ainda defende a venda de partidas para equilibrar as contas. A justificativa está na dificuldade em capitalizar patrocínios e na necessidade de cumprir pagamentos.

“O que arrebenta no Campeonato Brasileiro são as viagens. Cruzeiro, Atlético-MG e Internacional sofreram demais quando ficaram sem casa. Fiz o pedido à diretoria para jogarmos em Volta Redonda. É um estádio bom, o gramado é excelente e as condições são boas. Ainda é perto do Rio. Vão buscar Brasília, São Paulo... Não é bom para quem é profissional. Vamos pensar no econômico ou queremos ganhar?”, desabafou Muricy na última semana.

O departamento de futebol está alinhado com o treinador. O objetivo é minimizar os impactos da ausência de estádio, além de atender jogadores e profissionais no que for possível.

“Nada é feito no futebol do Flamengo sem que a comissão técnica seja ouvida. Nossa ideia é negociar o mínimo de jogos para outras praças. Suficiente para manter os salários em dia. Não estamos preocupados em obter qualquer lucro extraordinário em detrimento do aspecto desportivo. Para dar um exemplo, os jogadores voltarão de Brasília depois do jogo de domingo [clássico contra o Fluminense] em voo fretado. Tudo para minimizar o desgaste da viagem e reduzir o tempo de espera nos aeroportos”, afirmou o vice de futebol, Flávio Godinho.

Procurado pela reportagem, o presidente Eduardo Bandeira de Mello apostou que o impasse será solucionado e não terá interferência no ambiente do Rubro-negro ao longo de 2016.

“Não existe desgaste. Estamos conscientes da importância de conciliar os aspectos técnico e financeiro. Faremos isso com planejamento”, encerrou.