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Primeiras impressões do SP: defesa protegida e velho protagonista

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

21/01/2016 06h00

O São Paulo estreou com vitória em 2016 ao vencer o Cerro Porteño por 1 a 0 na noite de quarta-feira (20), no Paraguai, em amistoso realizado em acordo pela transferência do zagueiro Diego Lugano, que viajou com o time apesar de ainda não poder jogar. No primeiro jogo sob o comando do técnico argentino Edgardo Bauza, o time mostrou aquilo que treinou na pré-temporada e confirmou diferenças consideráveis em relação à equipe de 2015.

Bauza troca ataque por defesa

Patón, como gosta de ser chamado o técnico argentino, chegou ao São Paulo dias antes do Natal de 2015 e falou com franqueza sobre aquilo que considerava ser um grave problema defensivo da equipe. Há dois meses, a diretoria tricolor fala em ter mais “organização” em campo. Contra o Cerro Porteño, o discurso se refletiu na atuação do time.

Assim como treinou nas duas semanas de pré-temporada no CT da Barra Funda, Bauza armou o São Paulo num 4-2-3-1 muito rígido sem a bola. O time, organizado como um bloco, respeitou as linhas do desenho tático e travou o jogo adversário apesar de algumas falhas no primeiro tempo. A diferença foi grande em relação à equipe de 2015, que se marcou pela ofensividade e pelas falhas na zaga.

Sem tanta pressão

Com Juan Carlos Osorio, a partir do início do segundo semestre de 2015, o São Paulo se marcou no Brasil por praticar um futebol de pressão altíssima no campo adversário quando sem bola. Sem a posse, o time do técnico colombiano colocava três atacantes pressionando com muita intensidade a saída de bola do oponente.

Na vitória sobre o Cerro o que se viu foi completamente diferente: apenas o centroavante – no caso, Alan Kardec – faz pressão na saída e faz com cuidado, respeitando o movimento coletivo dos outros nove jogadores de linha. Por um lado a mudança dá mais tranquilidade para que o adversário saia jogando, mas por outro fecha o time e restringe as possibilidades de construção de jogadas.

Velho protagonista

Alexandre Pato foi o artilheiro do São Paulo em 2015 e considerado por Osorio o melhor jogador em atividade no Brasil em determinado momento da temporada, mas foi o volante Thiago Mendes o atleta reconhecido pela diretoria como protagonista da equipe no segundo semestre. Decisivo no Brasileirão, ele novamente se destacou na estreia de Bauza.

Algumas vezes escalado como primeiro volante em 2015, com Bauza ele ganhou aval para atacar mais – é segundo volante, ao lado de Hudson e com mais liberdade para chegar à frente. No Paraguai, uma das investidas ofensivas surtiu efeito com o gol de fora da área em bela tabela com Alan Kardec. No fim de 2015 o São Paulo investiu para adquirir mais 40% dos direitos econômicos de Thiago Mendes.

Ideias de Osorio aproveitadas

Bauza afirmou ao chegar no São Paulo que é amigo de Osorio e que conversou com o colega de profissão sobre o clube antes de aceitar a proposta. Agora, mostra que também aproveita as ideias do colombiano. No segundo tempo da partida contra o Cerro, colocou o lateral esquerdo Carlinhos como ponta, no setor ofensivo do meio de campo – a improvisação foi uma inovação de Osorio que se provou acertada, mas que depois havia sido desconsiderada por Doriva.

Além disso, Bauza inovou ainda mais ao testar o volante Wesley como ponta direita por alguns minutos e ainda o lateral Reinaldo como meia esquerda, em uma segunda linha de quatro jogadores, durante o segundo tempo – o time começou no 4-2-3-1 e mais tarde passou ao 4-4-1-1.

Centurión abaixo do esperado

O argentino terminou 2015 longe da briga pela titularidade e ganhou plena confiança de Bauza em 2016, desde o primeiro dia de pré-temporada. Treinou como titular em absolutamente todos os treinos táticos das últimas duas semanas, mas não conseguiu jogar bem no Paraguai. Apareceu longe da ponta esquerda – posição que deveria cobrir – em alguns momentos, exagerou no individualismo com a bola e não conseguiu aparecer bem. Foi o primeiro a ser substituído, por Carlinhos, aos 13 minutos do segundo tempo.