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Bastidores do mercado da bola aumentam rivalidade entre Palmeiras e Santos

Palmeiras e Santos protagonizaram uma das maiores rivalidades de 2015 - Ricardo Nogueira/Folhapress
Palmeiras e Santos protagonizaram uma das maiores rivalidades de 2015 Imagem: Ricardo Nogueira/Folhapress

Diego Salgado e Samir Carvalho

Do UOL, em São Paulo

13/01/2016 06h00

A rivalidade entre Palmeiras e Santos tomou grandes proporções dentro de campo na reta final da temporada 2015, com a disputa da final da Copa do Brasil. O atrito entre os clubes, porém, também ocorreu nos bastidores e ganhou mais um capítulo no começo deste ano, durante as negociações por reforços para 2016.

No Santos, a bronca com o Palmeiras nunca foi apenas dentro de campo. Desde o início do ano passado, a diretoria santista acusa, nos bastidores, o clube alviverde de inflacionar o mercado. "Todo jogador que tentamos comprar, eles compram, até o volante Amaral, o zagueiro Victor Hugo", disse um dirigente santista que prefere não se identificar.
A relação começou a ficar conturbada ainda nos primeiros meses de 2015. À época, o Palmeiras chegou a sonhar com a contratação de Ricardo Oliveira, que acabou acertando com o Santos. Em maio, o jogador teve até que provar que era falso um contrato que teria assinado com o rival e que circulou nas redes sociais.
Meses depois, o Santos se irritou com a informação de que o empresário André Cury tentou atravessar a renovação de Thiago Maia, com uma proposta do Palmeiras. O clube alviverde negou que tenha tido interesse na contratação do volante. Na reta final de 2015, foi a vez dos palmeirenses reclamarem de que o Santos estaria atrás de Rafael Marques. O time da capital paulista ainda busca a renovação com o jogador, que pertence ao Henan Jianye, da China.
O estopim para a 'guerra' entre os dois clubes envolve Lucas Lima. O Santos acusa internamente o rival de aliciar sua principal estrela. Nos bastidores, os santistas alegam que o Palmeiras fez uma proposta salarial "tentadora" ao jogador e tentou costurar um acerto com a Doyen Sports, detentora de grande parte dos direitos econômicos do atleta, antes de falar com eles.
O Palmeiras se defende ao dizer que o meia da seleção brasileira foi oferecido ao clube pelo empresário. E logo descartou a contratação, por julgar a negociação "fora de realidade". Segundo o presidente Paulo Nobre, o Palmeiras não tem a menor condição de contratar um jogador com preço europeu.
"Na sala do Alexandre Mattos vive empresário oferecendo jogador. O Lucas Lima foi também oferecido, mas nem chegou ao ponto de conversar. O que acontece é que o mercado do futebol usa o Palmeiras. Os empresários a falam "o Palmeiras tá oferendo tanto, o Palmeiras me procurou'. Hoje é o Palmeiras. Há uns anos atrás eram outros times protagonistas. Aacaba sobrando para a gente hoje", afirmou em entrevista à Rádio Jovem Pan.
O presidente do Santos, Modesto Roma, também à Pan, disse que a postura do diretor de futebol alviverde incomoda. "Gosto do presidente do Palmeiras, mas o Alexandre Mattos...Eu digo sobre o Paulo Nobre, lembrando um personagem do Jô Soares, que tem pai que é cego", afirmou.
A cúpula santista, inclusive, questiona a eficiência de Mattos, principal responsável por montar o elenco do Palmeiras. Para eles, o dirigente tem facilidades para contratar pois usa "cheque em branco". A ironia surgiu na Vila Belmiro por causa do dinheiro que o presidente Paulo Nobre investe no clube. A diretoria do Santos acredita que Alexandre Mattos não teria o mesmo sucesso se ele tivesse que contratar sem grandes recursos financeiros.
Nobre, por sua vez, credita a atual situação à postura econômica adotada pelo clube nas últimas duas temporadas. Segundo o dirigente, o Palmeiras conseguiu se tornar um nome forte no mercado da bola pela forma como gerenciou a parte financeira em 2013 e 2014.
"O Palmeiras está com pecha no mercado de time milionário, time que nada em dinheiro, compra quem quer, mas não é verdade. A gente fez um trabalho duro em 2013 e 2014, apanhamos, mas fizemos a tal 'lição de casa' que se cobra do governo federal. Palmeiras estava falido, quase era uma chacota. Nem era considerado rival para compra de jogadores. A gente só conseguia jogadores que ninguém queria, a verdade era essa", finalizou.