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Dirigentes colocam cargos à disposição, e Aidar pede demissão coletiva

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo*

06/10/2015 13h00

Importantes dirigentes do São Paulo colocaram os cargos à disposição do presidente Carlos Miguel Aidar. Parte da diretoria do clube, assustada com o episódio da agressão física que causou a exoneração do vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro, não vê mais como ajudar a atual gestão e conversa para que o movimento seja organizado, uniforme e com a possibilidade de uma saída em massa. Após a publicação dessa reportagem, o vice-presidente geral Julio Casares e o vice social Antonio Donizeti Gonçalves, o Dedé entregaram os cargos, e Aidar convocou toda a diretoria para demissão coletiva.

Segundo apurou o UOL Esporte, participam da iniciativa, além de Casares e Dedé, o vice-presidente de comunicação e marketing Douglas Schwartzmann, o diretor administrativo José Alberto Rodrigues dos Santos, o diretor jurídico Leonardo Serafim dos Anjos, o diretor de relações internacionais Eduardo Alfano, e o diretor de relações institucionais Dorival José Decoussau, entre outros. O diretor social Manuel Moreira já pediu demissão do cargo e confirmou a saída à reportagem. Mais tarde, o diretor de estádio Carlos Belmonte e o diretor de esportes amadores Fernando Bracalle também renunciaram. Por último, Vinicius Pinotti, diretor de marketing e investidor da contratação de Centurión, também entregou o cargo. 

Após a convocação de Aidar pela demissão coletiva, todos os outros vice-presidentes e diretores do São Paulo entregaram os cargos. Alguns desses, porém, serão convocados por Aidar para os mesmos cargos na reconstrução da nova diretoria do clube. A ideia da oposição é, segundo apurou o UOL Esporte, tentar convencer os convidados a não aceitarem o convite do presidente, para isolá-lo e provocar a renúncia

"Na realidade a gente já estava pensando nisso há uns dias. Queremos deixar o presidente à vontade para montar a diretoria dele. Tem muita gente que não está fechada com o presidente. A gente decidiu puxar esse movimento para que ele possa montar a diretoria dele. São todos cargos de confiança. A gente resolveu, por bem, todos nós, colocar os cargos à disposição. Hoje meu cargo está à disposição", falou Antonio Donizeti Gonçalves, o Dedé, ao UOL Esporte. "Falei ao presidente, estou com ele participando ou não da gestão. O dia que deixar de estar é porque vi alguma prova contra a gestão. Muitos falam muita coisa, mas não há provas", acrescentou.

A movimento une sentimentos de todos os principais departamentos do clube, que querem deixar Carlos Miguel Aidar à vontade para trocar cargos e reconstruir a diretoria a partir de novos nomes. A iniciativa enfraquece Aidar politicamente, cada vez mais isolado de seus aliados. Se as saídas se concretizarem, o presidente sofrerá golpe duro na gestão e dentro do conselho deliberativo do clube, casa em que Aidar se viu enfraquecido na última reunião do conselho, na qual foi feita uma sugestão por uma moção de desconfiança contra a administração do presidente, que já tem assinatura de 67 conselheiros segundo a oposição.

Na noite de segunda-feira, horas após a briga, Aidar exonerou Ataíde Gil Guerreiro do cargo. Segundo relatado por dirigentes, o vice de futebol desferiu um soco contra o presidente durante café da manhã no Hotel Radisson, no Itaim, na zona oeste de São Paulo. Na manhã desta terça-feira, Gil Guerreiro entregou, segundo Aidar, a carta de demissão, mas já havia sido exonerado. Depois do anúncio, o diretor de futebol Rubens Moreno também entregou o cargo e já não faz mais parte da diretoria.

A tempestade política do São Paulo acontece no dia em que a diretoria esperava ouvir do técnico Juan Carlos Osorio o anúncio de deixar o clube para comandar a seleção do México. Osorio tinha como único dirigente próximo o agora ex-vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro. Nesta quarta-feira, o São Paulo possivelmente acordará sem treinador, vice de futebol e diretor de futebol.

A agressão de Gil Guerreiro teria sido, segundo membros da diretoria, o resultado da ira por uma série de discordâncias entre ele e Aidar, das quais fazem parte a conduta do caso Iago Maidana, a saída de Osorio, a escolha do próximo treinador e a demissão do ex-gerente de futebol Gustavo Vieira de Oliveira, há quatro meses.

No fim da tarde desta terça-feira, Aidar emitiu nota oficial na qual solicitou que todos os dirigentes do clube peçam demissão coletiva, para que a diretoria seja reconstruída. O movimento é posterior à iniciativa de dirigentes de deixar o clube - a assessoria do presidente nega. Confira a nota do presidente:

"Informo que, no dia de hoje, solicitei a todos os diretores que apresentassem um pedido coletivo de demissão. Essa atitude permitirá uma recomposição da Diretoria, baseada em conversas com todos os grupos políticos do SPFC e com o objetivo maior de PACIFICAÇÃO. Chega de disputas políticas internas que nada acrescentam na vida do nosso clube. É hora de todos nós, são-paulinos, nos unirmos para o bem da instituição São Paulo F. C.

 
Nesta data, recebi também, aqui em minha sala, a visita do Sr. Juan Carlos Osorio, que confirmou estar deixando a direção técnica do nosso time para dirigir a Seleção do México durante as eliminatórias para a próxima Copa do Mundo, um desejo que ele alimentava há muito tempo. Lamento profundamente essa decisão de Osorio, já que vinha desenvolvendo um bom trabalho. Desejo-lhe boa sorte.
 
Nos próximos dias anunciarei os nomes dos novos diretores, bem como do novo técnico. Até lá, não voltarei a me pronunciar publicamente sobre os assuntos aqui tratados.
 
Carlos Miguel C. Aidar"
 
 

*Atualizado às 19h41