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Jovem do Cruzeiro pode jogar sob influência de remédio considerado doping

Marcos Vinícius atuou como titular do Cruzeiro em apenas uma partida e deu assistência para gol de Marquinhos - Washington Alves/LightPress
Marcos Vinícius atuou como titular do Cruzeiro em apenas uma partida e deu assistência para gol de Marquinhos Imagem: Washington Alves/LightPress

Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

31/03/2015 06h00

Medicamentos à base de corticóides são proibidos pela Comissão Nacional de Controle de Doping da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mas há exceções. E, uma delas, recebeu a incumbência de aperfeiçoar o setor de criação do Cruzeiro. Nova aposta de Marcelo Oliveira para o meio de campo, Marcos Vinícius sofre de asma e utiliza diariamente remédios que contam com a substância vetada em sua composição. Mas não há nada de errado nisso.

Acompanhado frequentemente por médicos do clube mineiro e particulares, contratados por Guilherme Cavalcanti, seu empresário, o meia-atacante se beneficia do Artigo 3 / Capítulo III do Manual do Regulamento do Controle de Doping da CBF, publicado no ano passado. De acordo com este trecho do livro de regras, “atletas asmáticos necessitam eventualmente usar Beta-2 agonistas ou corticosteróides. Nestes e em outros casos, torna-se necessário contatar a CCD da CBF para solicitar o Formulário de Isenção para uso Terapêutico”.

Chefe do departamento médico do Cruzeiro, Sérgio Freire Júnior confirma o fato e explica que tratamentos iguais ao do garoto dependem de avaliações que comprovem a doença. Ele, todavia, assegura que a Wada (Agência Mundial de Antidoping) é a responsável pela liberação do uso.

“É algo que foi definido pela Wada. A gente precisa enviar à Comissão Nacional de Controle de Doping da CBF laudos que comprovem a doença do jogador e, caso sejam avaliados de forma positiva, ele está liberado para fazer uso do medicamento”, declarou ao UOL Esporte.

Aos 20 anos, Marcos Vinícius se encaixa exatamente nesta situação, como conta Guilherme Cavalcanti, responsável por descobrir o jogador, que é natural de Marabá. Ele destaca que o jovem foi diagnosticado com o problema ainda no Náutico, clube que o revelou.

“Ele (Marcos Vinícius) tem asma. Então, para tomar uma medicação, que é à base de corticóide, aqui no Náutico, a gente teve que acionar a Comissão de Doping da CBF para que eles autorizassem a utilização, porque o corticóide sempre sai no exame antidoping. Ele teve que controlar a asma. Isso prejudicou um pouco, porque demorou a sair todo o exame. Mas assim que foi autorizado, contratei um médico para acompanhá-lo. Desde então foi solucionado o problema e ele passou a utilizar esta medicação diariamente”, afirmou à reportagem.

A doença do meia-atacante exige acompanhamento regular de especialistas em asma. Além de contar com assistência de médicos do Cruzeiro, o seu agente se responsabiliza por financiar um tratamento particular para que Marcos Vinícius não tenha problemas com a enfermidade.

“Tem um acompanhamento médico por causa da asma. Não é uma coisa diária, mas a gente o leva ao médico aí em Belo Horizonte. Ele toma a medicação diariamente e o problema é solucionado. Tem muito atleta que tem asma. Então a questão é se medicar. Se ele não tiver esse acompanhamento médico, o atleta não tem rendimento necessário de um atleta profissional”, concluiu.