Sósia de Felipão que enganou jornalista enfrenta crise após o 7 a 1

Não há dúvidas de que a derrota por 7 a 1 para a Alemanha na Copa do Mundo marcou negativamente a última temporada do futebol brasileiro. O vexame impôs uma queda do time canarinho na ordem mundial do esporte e fez com que aumentassem os questionamentos sobre o momento nos gramados do país. Do roupeiro ao centroavante, todos os envolvidos saíram perdendo. E a situação ficou ruim até para o sósia do técnico da seleção brasileira.

Em evidência durante a Copa após confundir um renomado jornalista e dar uma entrevista se passando por Luiz Felipe Scolari, Wladimir Palomo, o sósia de Felipão, também sofreu com a virada da maré. Se antes o cachê era gordo o suficiente para trocar de casa e rodar o Brasil em excelentes viagens, o panorama agora é outro.

Dívidas e escassez de trabalho como sósia se tornaram uma constante na vida daquele que se mostrou tão fiel a Felipão que acabou sofrendo com sua queda de popularidade.

“Ficou tudo mais difícil. Tá complicado”, lamenta Wladimir. “Acabou a Copa do Mundo e diminuiu tudo. Infelizmente, a procura praticamente acabou. O 7 a 1 atrapalhou a carreira dos jogadores e de todos, ajudou a deixar a situação delicada. Com o Felipão em baixa depois daquela derrota, ficou ruim para todo mundo”, disse o sósia, que pensou até em cobrar para dar entrevistas.

“O ‘não’ eu já tenho. Então vou atrás do ‘sim’. Sempre pergunto ao repórter. Pode ser que alguma vez aconteça”, brincou o aposentado, em contato telefônico com a reportagem do UOL Esporte.

Deixando o lado humorista de lado, ele relata a situação delicada e lembra com carinho dos meses de glória quando não se separava do agasalho da CBF e do boné que confundia torcedores e jornalistas.

“Cheguei a fazer participações na Globo [Zorra Total], na Band [Pânico], na Record, no Sportv e em vários outros programas. Cobrava até R$ 500 por uma hora. Viajei bastante na época. Fui para o Rio várias vezes, conheci a Costa do Sauípe, o Nordeste, Curitiba, viajei para o Norte também. Tudo a trabalho. Não posso reclamar. Conheci muita gente boa por esse Brasil. Fiquei feliz em ver que ainda tem muitas pessoas de bom coração no país, que sempre me tratavam bem”, contou.

“Mas agora tá difícil. Procuro sempre me valorizar, mas acabo fazendo por qualquer trocado menor. A situação ficou delicada. Vendi um apartamento, comprei uma casa e agora estou lutando aqui para conseguir pagar. Está difícil, sim. Sorte que tenho minha aposentadoria para aliviar um pouco. A economia também não avança, ninguém quer investir. Isso tudo vai dificultando”, disse o aposentado que trabalhou durante mais de três décadas na área de planejamento e controle de produção de uma empresa paulista.

Não bastasse a derrota do Felipão original em campo, Wladimir Palomo sofreu outro duro golpe meses depois. Com problemas médicos, passou por uma cirurgia de hérnia e teve que abandonar o personagem por um tempo.

“Ficou tudo mais difícil. Agora, pós-operação e derrota na Copa, estou parado, em baixa. Minha última participação foi em um aniversário de criança no final de 2014. Estive com o sósia do Neymar e outros colegas. Mas só”, relatou.

A cirurgia também impediu um sonho, ainda que distante, de acompanhar Felipão no Sul, quando o treinador se transferiu para o Grêmio após a Copa. “Seria a solução, mas era muito caro. Além disso, hoje ele está em Porto Alegre, mas amanhã pode ir para outra cidade. Não tenho condições de acompanhar isso”.

Mas Wladimir não pensa em se afastar do personagem que marcava presença em lançamentos de produtos, festas de crianças, distribuía autógrafos e posava para fotos. E mesmo com Scolari longe de seleções brasileiras e futuras competições, ele aposta em mais um grande evento para voltar a decolar a “carreira.”

“Todos queriam estar perto do Felipão. Agora, infelizmente, não tem mais isso. Minha esperança é a Olimpíada. Vamos ver se a coisa melhora a partir do final deste ano. Vão voltar a pensar em esporte e podem lembrar”, finalizou o esquecido sósia.