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Ex-jogador Ribamar vê desrespeito ao ser subestimado em troca por Neto

Ribamar (dir.) recebe orientação do técnico Ênio Andrade no Corinthians em 89 - Fernando Santos/Folhapress
Ribamar (dir.) recebe orientação do técnico Ênio Andrade no Corinthians em 89 Imagem: Fernando Santos/Folhapress

José Ricardo Leite e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

06/01/2015 11h22

“As pessoas perguntam: quem é Ribamar? Não falam tudo que fiz. Precisam ter um pouco de respeito com o profissional que eu fui, o homem, pai de família e ídolo de uma torcida.”  A frase é de um ex-jogador de vários grandes clubes, entre os quais Corinthians, Palmeiras, Santos, Fluminense e Sport.

Campeão brasileiro pelo time pernambucano e um dos maiores nomes da torcida local, o curitibano Ribamar José Denis se diz um homem realizado. Aos 52 anos, tem uma escolinha de futebol e dá aula para crianças em sua cidade natal, Curitiba. Faz o que gosta e tem orgulho da carreira. Só uma coisa chega a chatear o ex-meio-campista: ver que às vezes seu nome é lembrado no futebol de forma depreciativa por uma troca de atletas entre Corinthians e Palmeiras, que envolveu o ex-meia Neto.

Ribamar foi um dos grandes destaques do título brasileiro do Sport, em 1987. Dois anos depois, estava no Corinthians com a responsabilidade de principal armador do time. Teve desempenho razoável, sem brilhar. Situação pior vivia Neto, no arquirrival Palmeiras. Além de não emplacar, tinha péssima relação com o técnico Emerson Leão. O comandante alviverde gostava de Ribamar, com quem tinha sido campeão no Sport.

Eis então que os dois clubes acertaram duas trocas, uma entre laterais e outra entre meias: o Palmeiras cedeu Denys e Neto e ficou com os corintianos Dida e Ribamar. O curitibano não voltou a ter com Leão os mesmos bons tempos de Sport, sobretudo por sofrer com lesões e pela precoce saída do comandante do time alviverde. Já Neto emplacou no Corinthians, foi o principal jogador do título Brasileiro de 1990 e virou um dos maiores ídolos do clube. A troca de um jogador que deu certo por outro que não vingou acabou virando ironias dos torcedores corintianos para com os palmeirenses.


“Me incomoda quando falam isso com um tom de depreciação. Naquela época o Neto ainda não era um grande jogador, tinha sido vice-campeão paulista e medalha de prata em 1988. Ele era uma promessa. Eu já tinha sido campeão paranaense em 84, jogado pelo Santos em 86, sido campeão brasileiro em 87 e melhor jogador de Pernambuco em 88. Teve outra troca, e o Dida era jogador de seleção brasileira, era até mais valorizado do que eu naquela época. E o pessoal comenta que foi a melhor coisa da vida do Neto. Ele se deu muito bem no Corinthians e eu não tive a mesma sorte. Sofri com contusões no Palmeiras e quase não joguei. Tentava jogar no sacrifício para ajudar e não conseguia. Sofria com uma lesão no púbis”, desabafou Ribamar, que depois ainda rompeu o ligamento do joelho esquerdo.

“(Incomoda) essa depreciação, esse tipo de brincadeira, porque sou um homem casado, tenho meus filhos e sou ídolo de uma torcida, a do Sport. Ele (Neto) foi para o Corinthians e eu para o Palmeiras. O Neto foi ótimo, o problema é quando comparam os dois. Isso foi em 1989, há 25 anos atrás. Não tem o que comparar se merecia ou não ser feita a troca, entende?”, continuou.

O ex-meia não liga que digam que Neto foi melhor. Admite que o hoje apresentador da Band teve mais êxito na carreira. Explica que o ponto em questão é que não gosta de ser lembrado no futebol exclusivamente pela troca que não foi feliz em sua carreira.

“Não tem como comparar, o Neto foi muito melhor. A comparação pejorativa é que me deixa chateado.  Só isso. Mas comentam ´quem é Ribamar?´. Não falam tudo que fiz. As pessoas precisam ter um pouco de respeito com o profissional que eu fui, o homem, pai de família e ídolo de uma torcida. E as pessoas se esquecem disso”, salientou.

Contra as injustiças, basta lembrar das coisas boas que vivenciou no futebol. O carinho que tem da torcida do Sport e os ensinamentos que Leão lhe deu.  “Lá (em Pernambuco) eles me adoram. É um povo muito acolhedor, fiz boas campanhas lá em 87 e 88, tive uma trajetória muito boa. Foi a melhor fase da minha carreira. O pessoal respeita muito meu nome lá”, declarou.

“O Leão gostava do Ribamar porque eu era profissional. Treinava muito. A partir do momento que ele virou meu treinador, foi um conselheiro pra mim e me ajudou muito. Tive duas grandes temporadas com ele e me ajudou muito.”