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Atacante que imitou porco conta que foi intimado por torcida palmeirense

Nunes, hoje no Guarani - Rivaldo Gomes/Folha Imagem
Nunes, hoje no Guarani Imagem: Rivaldo Gomes/Folha Imagem

José Ricardo Leite e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

26/12/2014 06h00

“As pessoas acham que faço pra me promover, mas quem me conhece sabe que sou desse jeito, irreverente.” A frase dita pelo atacante Nunes pode ser uma explicação direta para a torcida do Palmeiras, com quem teve sérias desavenças e sofreu até ameaças. Aos 32 anos, o centroavante já rodou por cerca de duas dezenas de clubes na carreira e agora disputará a Série A2 do Campeonato Paulista de 2015 pelo Guarani.

Nunes surgiu como revelação no Santo André que bateu o Palmeiras na final da Taça São Paulo de 2003, no Pacaembu. Naquela oportunidade, imitou um porco ao marcar um dos gols do empate por 2 a 2 no tempo regulamentar. Depois disso, o atacante nunca mais teve sossego perante a torcida alviverde. Sempre que havia duelos, era xingado e ameaçado.

Hoje, Nunes diz que nunca quis desdenhar do clube ou dos torcedores, mas se arrepende do gesto pelas consequências que teve.

“Eu não costumo me arrepender das coisas que eu faço, mas foi uma situação que gerou um desconforto muito grande por conta daquela comemoração. Mas não foi para tirar sarro do Palmeiras ou da torcida, porque eles mesmos se intitulam como porco. Aí você imita o porco é crucificado. Não entendi muito bem, mas não faria de novo. Amadureci bastante com isso e quebrei bastante a cara no futebol. Hoje não faria de novo”, explicou.

Nunes, hoje mais maduro, recorda que depois do jogo da Copa São Paulo ainda teve novos problemas com a torcida alviverde em jogo no Parque Antarctica, do Santo André contra o time B do Palmeiras. E lembra que voltou a imitar o porco apenas porque um companheiro o desafiou.


“Vencemos esse jogo lá dentro e teve essa situação do porco de novo no fim. Eu era moleque, e se você me desafiasse, eu aceitava até o final. Naquela oportunidade, um companheiro de clube queria que eu imitasse o porco. Acabei aceitando a aposta, foi coisa de moleque”, explicou.

E esse episódio quase custou caro para o camisa 9. Depois do jogo, parte da torcida queria agredi-lo. E Nunes se recorda que os seguranças foram passivos demais e que chegou trocar empurrões com os torcedores. Por pouco não acabou em uma agressão mais grave. Ele não detalha que tipo de situação ocorreu, mas conta que foi intimado e ameaçaram até ir em sua casa.

“No antigo Parque Antarctica os torcedores tinham acesso perto do vestiário e teve uma confusão na saída. Tinha poucos policias e acabou rolando algo deselegante. Os torcedores vieram pra cima, vieram vários pra cima de mim. Alguns diziam que sabiam onde eu morava. Falei ´beleza, se você sabe então me pega  lá””, contou.

“Não chegou a agressão por causa de alguns policiais no local. Eles nem fizeram questão de me defender. Depois consegui entrar no ônibus”, continuou.

Mas Nunes ressalta a todo momento que agora é outro. E que esse tipo de situação o atrapalhou muito e é passado. “Eu não engolia sapo, hoje sou diferente. Perdi oportunidades em clubes grandes. Hoje me arrependo muito do que fui no passado. Mas deu tempo de colocar a cabeça para funcionar.”