Topo

Lembra do Maurício? Estilo 'brigão' agrada na Europa; até Manchester sondou

Ex-palmeirense Mauricio com Jackson Martinez em duelo pelo Português - MIGUEL A. LOPES/Efe
Ex-palmeirense Mauricio com Jackson Martinez em duelo pelo Português Imagem: MIGUEL A. LOPES/Efe

Guilherme Ceciliano, José Ricardo Leite e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

13/10/2014 06h00

A derrocada de 2009 que tirou um título brasileiro quase ganho do Palmeiras dói em quase todos torcedores do clube. Mas o prejuízo moral bateu em cheio em especial em um jogador que ali começava a despontar como um jovem defensor de 21 anos e tinha sua grande chance na carreira já podendo ser campeão.

Para infelicidade do zagueiro Mauricio Nascimento, no dia 18 de novembro, na derrota por 2 a 0 para o Grêmio, ele acabou brigando com Obina em imagem célebre da queda do time. Foi afastado, nunca mais voltou a jogar pelo time, mesmo tendo contrato, e teve que rodar por clubes da Série B e até treinar separadamente no elenco alviverde, sem ser utilizado.

“Foi o pior dia da minha vida aquela briga com Obina. Perdi o chão porque fazia tudo por aquele clube que eu amava. Não esperava aquela reação (do afastamento pela briga). O que me deixou chateado foi que depois trouxeram o Obina de volta, o cara que brigou comigo. E eu treinei sem jogar por três meses”, falou, em entrevista ao UOL Esporte. “Queria ainda uma oportunidade de voltar ao Palmeiras. É um clube que tenho no meu coração e guardo muito carinho.”

Muita coisa se passou de cinco anos pra cá, e Maurício teve que ralar muito para chegar ao seu melhor momento hoje e um local em que poucos sabem onde está. Depois do Palmeiras, foi emprestado para Grêmio e Portuguesa. Passou alguns anos na Série B, defendendo Vitória, Joinville e Sport. Até ser adquirido no ano passado pelo Sporting, de Lisboa. O defensor hoje disputa a Liga dos Campeões da Europa pelo time português. “Muita gente se surpreende por eu estar aqui e ter dado a volta por cima”, falou o jogador.


Maurício virou titular absoluto do clube de Portugal e conquistou a torcida mais pela raça do que pela técnica. Há duas semanas, se arrebentou em duas partidas importantes, no clássico contra o Porto, pelo Campeonato Português, e diante do Chelsea, pela Liga dos Campeões. Maurício, agora, é conhecido pelo estilo brigão no sentido da raça, e não pela confusão com o ex-companheiro de Palmeiras.

“Maurício tem sido um jogador guerreiro e os fãs do time gostam dele por isso. Ele é um pouco limitado tecnicamente, mas compensa isso com toda essa disposição. Ele saiu um jogo com a cabeça machucada, e os torcedores gostam disso. Ele acaba compensando uma coisa com a outra, a limitação com dedicação”, opinou o jornalista português Rui Costa Viegas, da Rádio Renascença, de Portugal.

A partida em questão citada foi quando Maurício teve que marcar o colombiano Jackson Martinez, destaque do Porto, em um clássico local. Saiu com a cabeça cortada. O ex-palmeirense vai ao encontro das palavras do jornalista e admite que a receita para fazer sucesso em Portugal foi suprir a limitação técnica com a raça.

“Sei das minhas limitações e onde posso chegar. No Brasil eu poderia sair jogando e carregar a bola e se arriscar no ataque, mas aqui não. Eu sempre fui um guerreiro e dei meu máximo nos treinos. Temos que suprir as coisas com raça, determinação e vontade. Marquei o Jakcson Martinez, jogador que foi bem na Copa e tem muito respeito aqui. Sai com um corte. E no jogo da Liga tomei uma joelhada na cara e estou todo arrebentado aqui em casa de molho. Falaram até que vou ter que usar aquelas máscaras de proteção.”

E o estilo de briga pela bola e muita raça parece ter expandido as fronteiras portuguesas e agradar a outros países europeus. A imprensa inglesa chegou a publicar que o poderoso Manchester United, da Inglaterra, foi observar seus jogos e fez uma consulta para tê-lo. Maurício diz que nunca houve uma proposta oficial do clube inglês, mas que houve sim uma sondagem e procura.

“Sim, eles procurarem meu empresário, o português Carlos Gonçalves. Mas sou uma pessoa centrada, focada e muito tranquila. Não foi uma coisa muito certa, perguntaram mais ou menos quanto que a gente queria (ganhar). Aqui no Sporting as pessoas gostam muito de mim e estou muito feliz.”

E já que agora briga e só pela bola e para barrar os atacantes, Maurício aproveita para mais uma vez dizer que é amigo de Obina e aquele episódio foi resolvido entre ambos horas depois da partida.

“Não gosto muito de falar disso, mas ele me desrespeitou aquele dia e eu acabei reagindo. Mas somos amigos, sempre falo com ele pela internet. Esses dias até desafiei ele naquele desafiei aquele no gelo e ele pagou ,foi bem legal. Ele admitiu que erro de ter me cobrado, e eu de ter reagido. No mesmo dia a gente  conversou e fomos os responsáveis por termos deixado o time na mão naquele dia, com dois a menos. Depois fui jogar no Grêmio e fui campeão lá. Futebol é assim mesmo”, finalizou.