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Campos investigou futebol brasileiro em CPI e era torcedor do Náutico

Campos tira foto com Dilma Roussef na inauguração da Arena Pernambuco em 2013 - Edmar Melo/JC
Campos tira foto com Dilma Roussef na inauguração da Arena Pernambuco em 2013 Imagem: Edmar Melo/JC

Do UOL, em São Paulo

13/08/2014 13h56

Morto nesta quarta-feira em um acidente aéreo em Santos, o candidato à presidência Eduardo Campos teve uma relação estreita com o esporte, seja em âmbito pessoal quanto como figura pública. O político do PSB era torcedor do Náutico e teve papel atuante na CPI CBF/Nike, quando se notabilizou por uma pergunta controversa a Ronaldo.

Entre 1999 e 2001, duas CPIs investigaram supostas práticas de corrupção no futebol brasileiro, uma instalada na Câmara, a outra no Senado. Na oportunidade, Campos integrou a primeira delas, cujo relator era o deputado Silvio Torres. O político pernambucano era um dos sub-relatores, responsável pela frente sobre tráfico de menores.

Em meio a aridez de discussões sobre sigilos bancários, uma sessão mais amena ficou marcada particularmente por uma intervenção de Campos.

O atacante Ronaldo compareceu à CPI em Brasília em janeiro de 2001 principalmente para falar sobre sua relação de patrocínio com a Nike. Na época Eduardo Campos era um jovem deputado de 35 anos, conhecido mais por ser neto de Miguel Arraes, famoso político de Pernambuco.

No rodízio de perguntas ao centroavante, o futuro presidenciável esqueceu o tema central da sessão e optou por uma questão esportiva. Voluntariamente ou não, naquele momento Campos dava voz à lenda popular entre a torcida brasileira, de que a seleção teria vendido a derrota na final da Copa de 1998.

"O Zagallo tinha… no esquema tático da seleção, você tinha um papel. É fato, foi noticiado à época em alguns jornais, você tinha um papel na marcação do Zidane?", perguntou Campos, em referência aos dois lances que decidiram a final da Copa de 1998, entre Brasil e França.

"Isso vai ajudar muito na CPI?", retrucou Ronaldo, surpreendido pelo teor da pergunta.

No relatório final da CPI, Campos colaborou sobre investigações sobre tráfico de menores, jovens jogadores levados ao exterior muitas vezes com esquema de passaportes falsos. O político então citou o que chamou de "máfia", identificando o Maranhão como um dos centros de atividade nebulosa com adolescentes.

Torcedor do Náutico, Campos participou das negociações para levar os jogos do time do estádio dos Aflitos à Arena Pernambuco, palco da Copa do Mundo. O clube firmou o acordo com o consórcio que gere a nova praça esportiva, formado pela construtora Odebrecht, pela gestora inglesa AEG e pelo Governo do Estado.

Campos morreu nesta quarta-feira aos 49 anos quando se deslocava de avião do Rio de Janeiro para a Baixada Santista. O político pernambucano foi deputado federal, ministro de Ciência e Tecnologia na gestão Lula e governador de Pernambuco.