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Palmeiras defende tradição de títulos "alternativos" contra Fiorentina

Ademir da Guia, meia do Palmeiras, concede entrevista após a conquista do Paulista de 1974, contra o Corinthians - Folhapress
Ademir da Guia, meia do Palmeiras, concede entrevista após a conquista do Paulista de 1974, contra o Corinthians Imagem: Folhapress

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

30/07/2014 06h00

O Palmeiras não vai bem no Brasileirão, mas nesta quarta-feira, pelo menos por algumas horas, isso será deixado de lado. O torneio não tem grande expressão, mas diante da Fiorentina, no Pacaembu, pela Copa EuroAmericana, o alviverde terá algo mais do que um troféu em jogo: a responsabilidade de defender sua tradição vitoriosa em torneios internacionais alternativos.

O clube paulista tem, atualmente, segundo seu próprio site, 33 títulos internacionais “lado B”. São competições fora do eixo Libertadores/Mundial de Clube/Taça Intercontinental. Se o nome não não carrega tanto peso, uma viagem na história mostra vitórias arrasadoras, sobre adversários de peso, em partidas épicas.

Uma das vítimas do Palmeiras foi o Barcelona de Johan Cruyff e Neeskens, no Troféu Ramón de Carranza, em 1974. A competição era um quadrangular, que contava também com o Espanyol e o Santos de Pelé. O alviverde conseguiu anular Cruyff bateu os catalães por 2 a 0, com gols de Leivinha e Ronaldo. Na final, superou o Espanyol, desta vez por 2 a 1.

O Palestra já havia vencido o Ramón de Carranza em 69, derrotando Atlético de Madri e Real Madrid, e voltaria a vencer em 75, mais uma vez derrotando os merengues. A taça, famosa por ter 1,71m de altura, virou até selo nos correios.

Também em 75, desta vez pela Copa Imigração Italiana, o alviverde atropelou a Juventus. O time de Turim era cheio de estrelas - Zoff, Gentile, Scirea e Mazzola – mas não conseguiu fazer frente a Luis Pereira, Ademir da Guia, Leivinha, Edu e Fedato. Os dois últimos marcaram os gols da vitória por 2 a 0.

Aquela que é provavelmente a maior vitória palmeirense nestas competições internacionais veio em 1996, na Copa Euro-América. Com um belo time, contando com Rivaldo, Muller, Luizão, Júnior e Cafu, comandado por Vanderlei Luxemburgo, o Palmeiras encontrou pela frente o Borussia Dortmund, da Alemanha.

Era o melhor Borussia da história. Campeão alemão, contava com timaço: Matthias Sammer, Andreas Möller, Karl-Heinz Riedle e Stéphane Chapuisat. Era o elenco que, um ano depois, venceria a Liga dos Campeões da Europa, e, na sequência, o Mundial, em cima do Cruzeiro.

Do Palmeiras, porém, o que os alemães ganharam foi um verdadeiro atropelamento: 6 a 1. Foram três de Rivaldo, e um de cada de Cafu, Elivélton e Luizão. Teve gol de falta, de pênalti, de pé esquerdo e direito, driblando o goleiro.

O alviverde já tinha vencido a mesma Copa Euro-América em 1991, derrotando no caminho o Stuttgart, que tinha o mesmo Matthias Sammer, além do zagueiro Buschwald, que esteve no elenco da Alemanha vencedor da Copa de 90.

Desde então, as excursões e competições internacionais se tornaram cada vez menos frequentes para os clubes brasileiros.

Duelo com a Fiorentina

Para defender sua história, o Palmeiras encontrará na Fiorentina um rival com quem tem algumas similaridades: além do sangue italiano, há um ídolo em comum e uma história de superação de momentos difíceis.

Julinho Botelho foi campeão italiano em 1955 e virou ídolo em Florença. O ponta direita trocou a Itália pelo Palmeiras, e repetiu a dose, sendo novamente campeão nacional e se tornando um ícone da torcida.

Se o alviverde experimentou dois rebaixamentos nos últimos dois anos, o clube de Florença foi ao fundo do poço: em 2002, foi à falência, e acabou tendo que disputar a quarta divisão italiana. Assim como o rival brasileiro desta quarta, conseguiu se reerguer, mas com uma pequena ajuda.

Ao contrário do Palmeiras, que retornou da Série B em duas ocasiões vencendo a competição, a Fiorentina se beneficiou de um tapetão: em 2003, pulou da quarta para a segunda divisão, em um episódio quase igual ao Caso Lusa no Brasil. O Catania acusou o Siena de escalar um jogador irregular, e diante da insegurança de decisões judiciais, a Série B italiana teve 24 clubes. A Fiorentino disputou e conseguiu voltar a Série A.

Atualmente, a equipe italiana atravessa um momento melhor do que a brasileira: terminou o Campeonato Italiano em quarto lugar, conquistando vaga na Liga dos Campeões da Europa. O Palmeiras vem de três derrotas seguidas e tem 13 pontos no Brasileirão – está a apenas três da zona do rebaixamento. Mesmo em um torneio quase amistoso, uma vitória sobre um rival europeu e o resgate da história alviverde pode ser o primeiro passo para sair desta situação.

FICHA TÉCNICA

PALMEIRAS X FIORENTINA

Local: estádio do Pacaembu, em São Paulo (SP)

Data: 30 de julho de 2014, quarta-feira

Horário: 21h50 (de Brasília)

Árbitro: Raphael Claus (SP)

Assistentes: Vicente Romano Neto e Marcio Luiz Augusto (ambos de SP)

PALMEIRAS: Fábio; Wendel, Tobio, Marcelo Oliveira e Victor Luis; Renato, Josimar, Mendieta (Wesley) e Allione; Leandro (Mouche) e Henrique

Técnico: Ricardo Gareca

FIORENTINA: Neto; Roncaglia, Gonzalo Rodríguez e Alonso; Piccini, Brillante, Wolski, Borja Valero e Vargas; Bernardeschi e Mario Gomez

Técnico: Vincenzo Montella