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Nobre confirma Alan Kardec no São Paulo e ataca Carlos Miguel Aidar

Danilo Lavieri e Ricardo Perrone

Do UOL, em São Paulo

28/04/2014 15h25

Depois de uma longa novela envolvendo o futuro de Alan Kardec, o presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, resolveu falar. Em entrevista coletiva concedida nesta segunda-feira na Academia de Futebol, o cartola confirmou que o artilheiro do Campeonato Paulista deixará o seu clube para jogar pelo São Paulo.

"Senhores, venho aqui comunicar que Alan Kardec não é mais jogador da Sociedade Esportiva Palmeiras. Vou me pronunciar, estou à disposição depois. E é a única vez que vou falar sobre Alan Kardec. No sábado, fui comunicado pelo seu pai que não havia hipótese nenhuma de falar com o Palmeiras, porque ele já tinha dado a palavra ao São Paulo desde a semana passada. Diante disso, perguntei se não haveria possibilidade do Palmeiras ter acesso à proposta para estudar a possibilidade de cobrir a proposta. E a única hipótese seria rompendo com ele, pai, para não administrar mais a carreira do filho, porque ele já tinha dado a palavra ao São Paulo. Diante disso, não houve a menor hipótese. Ele não continua porque não quer, porque não mediríamos esforços para manter jogador no clube", disse Paulo Nobre.

O dirigente alviverde atacou fortemente o presidente são-paulino Carlos Miguel Aidar e chamou o clube rival de antiético.

"Tentamos de todas as maneiras, a negociação tinha até 30 dias, até o fim de maio para acontecer. E estava muito próxima de seu final. Um time entra na negociação de uma maneira antiética. Era jogador do Palmeiras, titular do clube e com uma negociação em curso. E entra um time fazendo uma proposta e o estafe achou por bem aceitar. E o Palmeiras não tem a política de contatar primeiro o agente. O jogador estava no completo ostracismo, hoje está cotado para ir para a Copa. Isso é absolutamente antiético. E cabe reflexão. Os clubes estão totalmente desunidos, todo mundo sabe. Com clubes desunidos somos fracos, do que adianta dar um 'passa moleque' em alguém se você continua fraco? O que me assusta é um dos mentores do Clube dos 13, que propunha a união entre os clubes, chegar com essa atitude", criticou.

"Em nível de diretoria, a relação entre clubes é péssima desde os anos 1940 e com certeza nessa negociação não vai ser diferente. O Palmeiras não é bonzinho, somos éticos. E vamos continuar com essa política porque acreditamos que é assim que se faz política", lembrou Nobre, que ressaltou que outros clubes também criticam a forma de negociar do São Paulo.

"O São Paulo foi extremamente antiético, como isso não é um privilégio do Palmeiras. Se você perguntar para outros clubes, vão falar do conceito que tem o São Paulo. Isso é desde a base. Eu já fui consultado por outros presidentes porque eles têm essa prática horrorosa de assediar jogador do adversário", afirmou.  

Alan Kardec acertou com o São Paulo após a concorrência imposta ao Palmeiras na negociação com o Benfica. A diretoria do presidente Carlos Miguel Aidar tenta tratar o negócio sob sigilo, não confirma acerto, mas só espera o recado do Benfica para poder oficializar a contratação. O jogador receberá R$ 350 mil no Morumbi, valor muito superior ao que ganharia renovando com o Palmeiras. Ao Benfica serão pagos 4,5 milhões de euros (R$ 14 milhões).

Kardec tem contrato com o Benfica e está emprestado ao Palmeiras até o fim de maio. No clube do Palestra Itália, recebe hoje cerca de R$ 160 mil mensais, e gostaria de saltar para R$ 300 mil. Os dirigentes alviverdes queriam enquadrá-lo no sistema de produtividade e, depois que o jogador reduziu seu pedido em três oportunidades, as partes fecharam em R$ 220 mil.

O problema é que, depois do atacante ter acertado com José Carlos Brunoro e Omar Feitosa, dirigentes do departamento de futebol alviverde, o presidente Paulo Nobre voltou atrás e resolveu barganhar por mais R$ 20 mil a menos. A atitude revoltou Kardec e seu estafe, que passaram a ouvir outros clubes, se acertaram com o São Paulo e aguardam que o clube tricolor feche com o Benfica para que a mudança de ares seja oficializada.