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Sem reserva, São Paulo depende de 'melhor' Luis Fabiano desde 2011

Guilherme Palenzuela

Do UOL, em São Paulo

16/01/2014 06h00

Luis Fabiano evolui ao passo em que seu corpo dá os primeiros sinais do declínio por causa da idade. Aos 33 anos, o atacante do São Paulo admite limitações físicas para jogar. Se desde 2011 – quando retornou ao Morumbi – reduz o número de contusões e suspensões, e aumenta o número de partidas jogadas, vê também o próprio corpo impedir o rendimento do artilheiro que se tornou ídolo do clube. Em 2014, sem um reserva para o camisa 9, o São Paulo será dependente de Luis Fabiano, que terá de estar em sua melhor forma desde a saída do Sevilla (ESP).

Em 2013, o atacante Aloísio foi um dos destaques na campanha que tirou o São Paulo da zona de rebaixamento sob o comando do técnico Muricy Ramalho. O reserva foi o primeiro a colocar Luis Fabiano no banco de reservas do Morumbi desde 2001. Só havia acontecido em oito ocasiões, todas elas na temporada de estreia do jogador no clube, há mais de 12 anos. A má fase do camisa 9 assustou e justificou a troca, que não deverá acontecer em 2014.

A diretoria tenta, mas não consegue reforçar o elenco. A justificativa é que não há opções no mercado. Os dirigentes já admitem que pode não haver um reserva para Luis Fabiano, assim como reconhecem a necessidade. Antes de Aloísio, foi Willian José, em 2012, quem segurou a vaga com desempenho razoavelmente bom nas oportunidades que o titular não conseguiu jogar.

E o desfalque é frequente. Desde o retorno ao clube, Luis Fabiano participou de 50% das partidas. Ele atuou em 107 dos 240 jogos disputados desde o dia 29 de março de 2011, data de sua apresentação para 40 mil pessoas no Morumbi, que teve Juvenal Juvêncio e Rogério Ceni como mestres de cerimônia. Em 2011, a lesão em um tendão próximo ao joelho direito fez com que sua estreia fosse adiada para outubro. O atacante sofreu com um problema de cicatrização após operação, e teve de passar por uma cirurgia plástica. Ele só jogou no fim da temporada.

No ano seguinte, novos problemas. Alguns decorrentes da grave lesão na perna direita. O desequilíbrio de força fez com que o camisa 9 sofresse diversos problemas musculares. Dos 78 jogos de 2012, Luis Fabiano participou de 44. O índice marca atuação em 56% das partidas disputadas naquela temporada. Apesar do número baixo, o atacante se mostrou letal: mesmo sem grandes sequências, por causa das lesões e suspensões, fez 31 gols – excelente marca, de 0,7 gol por jogo no ano.

A temporada de 2013 mostrou um jogador mais maduro e com menos problemas, mas entregue à má fase da equipe. Jogou em 51 partidas das 83 disputadas na temporada (61%), mas fez 22 gols, número menor do que em 2013, mas o suficiente para se garantir como artilheiro da equipe no ano ao lado de Aloísio.

Foi também em 2013 que Luis Fabiano entrou no conflito mais desgastante com a diretoria desde o retorno. Esteve muito próximo de deixar o São Paulo em julho e se transferir para o Galatasaray (TUR), mas não houve acordo entre os clubes. No fim da temporada, na reserva, foi colocado como negociável, mas agora é segurado pela carência de opções no setor ofensivo.

Sem tais alternativas, restará ao São Paulo depositar confiança no Luis Fabiano de 2014. A diretoria diz ter ouvido do jogador motivação especial para o primeiro semestre do ano por causa da vaga aberta no ataque da seleção brasileira. A camisa 9 na Copa do Mundo de 2010 foi de Luis Fabiano, protagonista da Era Dunga.

Desde seu retorno, Luis Fabiano marcou 60 gols nos 107 jogos que disputou, com média de 0,56 gol por jogo. O camisa 9 que se tornou ídolo entre 2001 e 2004, depois de sair da Ponte Preta e antes de ir para o Porto (POR), marcou 118 gols em 160 jogos no período, com média de 0,73 gol por jogo.

Foram quase R$ 20 milhões investidos pelo São Paulo para repatriar o ídolo em março de 2011. A diretoria são-paulina viajou à Espanha e encarou longa negociação com dirigentes do Sevilla para concretizar o sonho. A transferência, conduzida por Adalberto Baptista, serviu até para levar o dirigente do departamento de marketing ao futebol, como homem de confiança do presidente Juvenal Juvêncio.