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Grandes do Rio miram pagar dívidas e ficam sem reforços de peso em 2014

Grandes clubes do Rio não investiram muito no mercado da bola e vê Conca liderar lista de reforços - Pedro Martins/ AGIF, Vitor Silva / SSPress, Vipcomm e Divulgação
Grandes clubes do Rio não investiram muito no mercado da bola e vê Conca liderar lista de reforços Imagem: Pedro Martins/ AGIF, Vitor Silva / SSPress, Vipcomm e Divulgação

Do UOL, no Rio de Janeiro

01/01/2014 06h07

Conhecido por ser um mês de muita movimentação no mercado da bola e de expectativa dos torcedores para conhecer os grandes reforços de seus times para a próxima temporada, o mês de dezembro ratificou uma nova realidade dos times cariocas em 2013. Sem receita para grandes investimentos e priorizando o pagamento de dívidas acumuladas em décadas, Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo se mostraram tímidos em negociações e não devem ter reforços de peso para 2014.

O discurso de comprometimento e responsabilidade com as finanças saiu da teoria e, ainda que de maneira forçada por conta da dívida bilionária – somados os quatro clubes –, foi colocado em prática. E no lugar de grandes contratações e promessas de reforços de peso para o torcedor, o que se viu foi um discurso de pés no chão, mostrando aos fãs do futebol carioca uma nova e dura realidade.

“A questão não é apenas a falta de dinheiro, mas sim um banho de realidade que todos precisam tomar. O Flamengo já passou por isso no final de 2012 e início de 2013, agora é a vez dos outros times. E assim será nos próximos anos. É a nossa realidade. Não podemos prometer o que não conseguiremos pagar. Vamos contratar o que estiver ao nosso alcance”, explicou o diretor executivo de futebol do clube da Gávea, Paulo Pelaipe.

“Não podemos vender ilusão e enganar o torcedor. A conta é cara e chega lá na frente. Isso foi feito durante anos e anos e agora estamos pagando. Temos que sanear tudo para que os grandes investimentos possam voltar em um futuro não muito distante. Desta vez, porém, com mais responsabilidade. É difícil, sabemos que o torcedor quer ter um Kaká, um Neymar, um Diego, mas, ao mesmo tempo, é bacana ver essa conscientização”, completou o cartola do Flamengo.

E o Rubro-negro puxa a fila da austeridade. Sem comprometer receitas, o time da Gávea já admite até perder seu principal jogador – Elias. O Sporting, de Portugal, pede R$ 16 milhões e o Flamengo afirma que só pode pagar até R$ 12 milhoes.

“Se não tem dinheiro, não podemos fazer loucura. Oferecemos o que temos, o que garantimos pagar. A realidade é essa. Se não puder, o torcedor vai entender”, disse Pelaipe.

Com a chance cada vez mais real de perder Elias, as peças de reposição também seguem a linha de pouco investimento. Mesmo com uma Libertadores pela frente em 2014, o time fechou as contratações modestas de Everton, do Atlético-PR, e Feijão. Léo, também do time paranaense, está próximo do acerto.

Rivais seguem a linha

O Fluminense se prepara para um corte de gastos considerável em 2014 e, por isso, pouco sonhou na janela de transferências. O clube mantém um discurso pés no chão e garante que só irá atrás de reforços humildes no mercado, sem direito a contratações mais extravagantes como nos anos anteriores.

Até aqui, o único reforço anunciado foi a volta de Dário Conca, que deu preferência ao Fluminense em seu retorno ao Brasil após a passagem de quase três anos pelo Guanghzou Evergrande, da China. Este deve ser o único reforço de peso do Tricolor, que terá de pagar mais de R$ 30 milhões em impostos atrasados em 2014, além do corte de gastos da parceira Unimed.

Em crise financeira, o Vasco perdeu ainda mais poder de investimento com a queda para a segunda divisão nacional. O Cruzmaltino decidiu priorizar a manutenção do técnico Adilson Batista e a contratação do diretor Rodrigo Caetano. Com muitos jogadores em fim de contrato e já fora dos planos, a intenção é revolucionar o elenco para a temporada 2014.

Assim como outros clubes, a equipe de São Januário esbarra nas altas pedidas salariais e não encontra facilidades para contratar. A opção encontrada pela diretoria para reforçar o time foi ir ao mercado sul-americano e contar com a ajuda de empresários. O goleiro uruguaio Martín Silva e o volante paraguaio Aranda, que possuem o mesmo agente, foram confirmados. Não há expectativa de contratação de nomes de peso para a temporada que se inicia.

O Botafogo, mesmo classificado para a Libertadores após 18 anos, também não deverá ousar no mercado. Até agora, o clube fechou com 4 nomes, mas nenhum de peso: Jorge Wagner, os gêmeos Anderson e Alex, além do volante Hygor, do Bangu.

A única busca por grande reforço deverá ser no ataque. Porém, a situação do clube, que já tentou Nilmar, Walter e Forlán é complicada. Caso o cenário se mantenha até meados de janeiro, a linha ofensiva também não terá maiores contratações. Os santistas Neílton e Willian José, que estão próximos do acerto, devem ser os nomes novos na frente.

Sem maiores perspectivas de receita, o clube tenta manter o elenco, valorizado com a vaga na Libertadores. Com exceção do ataque, apenas contratações pontuais serão realizadas, já que a diretoria apostará na base, como ocorreu em 2013.

E esta será a tônica dos clubes cariocas em 2014. Com uma capacidade cada vez mais reduzida de investimentos, Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo volta suas atenções para não perder o pouco que ainda têm em seus elencos.

Além da manutenção do elenco, outro objetivo dos grandes do Rio de Janeiro é aproveitar cada vez mais as categorias de base. Sem dinheiro para contratar, os times terão que buscar a solução em casa: para jogar e, principalmente, para gerar receita.

VEJA A RETROSPECTATIVA DO FUTEBOL CARIOCA NA TEMPORADA 2013

VEJA COMO ANDA O MERCADO DA BOLA DO FUTEBOL BRASILEIRO