Topo

Roberto Leal cancela show, rouba cena em protesto da Lusa e ofusca política

Tiago Dantas

Do UOL, em São Paulo

22/12/2013 06h00

Roberto Leal roubou a cena no protesto contra o rebaixamento da Portuguesa neste sábado, 21. Após cancelar um show corporativo que faria naquela tarde para participar do evento, o cantor português gritou palavras de ordem junto com a torcida da Lusa e foi o mais requisitado para tirar fotos ao fim da marcha. Cerca de 500 pessoas participaram da manifestação.

Leal não informou para qual empresa faria a apresentação. Procurada, sua equipe confirmou que o compromisso daquela tarde foi cancelado por causa do protesto da Portuguesa.

Ao lado do maestro João Carlos Martins e do deputado estadual Fernando Capez (PSDB), Leal puxou a passeata contra a decisão do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) que rebaixou a Portuguesa à segunda divisão do Campeonato Brasileiro na última segunda, 15, por ter escalado irregularmente o meia Heverton.

O cantor se preparou para o protesto: vestiu uma camisa da vermelha da Portuguesa com o nome do atacante Enéas nas costas e colocou um tênis verde e outro vermelho (as cores da bandeira portuguesa). Do meio da passeata em diante, usou uma bandana com os dizeres "CBF vergonha" que ganhou de um simpatizante.

"Acredito na lei. Pelo o que tenho conversado, acho que a Portuguesa tem chances reais de ficar na primeira divisão", afirmou o cantor. "Mas eu viria aqui mesmo que não houvesse nenhuma chance. A Portuguesa é um elo importante de ligação cultural entre Portugal e Brasil. Não pode ser tratada assim."

O português lembrou que foi ao estádio assistir à última rodada do Campeonato Brasileiro, um empate entre Portuguesa e Grêmio por 0 a 0. ) "Naquele dia fomos aplaudidos de pé pela torcida adversária. Vinte e quatro horas depois estávamos rebaixados injustamente."

Leal teve dificuldades para conseguir deixar a área de dispersão do protesto, em frente ao Parque Trianon. Foi preciso ao menos meia hora para atender a todos. A cada minuto, recebia um pedido diferente para tirar foto. A professora Raquel Guedes, de 41 anos, foi uma das fãs que tietou o português - e nem tinha ido ao protesto. 

"Trouxe os meus filhos na Avenida Paulista para ver a decoração de Natal dos prédios. No meio do caminho, encontrei esse protesto. Achei que era mais uma daquelas manifestações que fazem toda hora, mas aí vi o Roberto Leal e fui atrás dele", disse Raquel, que disse achar que a Portuguesa foi mesmo vítima de injustiça. 

Antes de ir embora, Leal ainda aceitou fazer uma participação ao vivo em um programa de TV por meio de um celular. "Vale a pena receber todo esse carinho do público", disse o cantor.

Enquanto tiravam fotos ou circundavam Leal, alguns torcedores mal ouviam o discurso do deputado estadual Fernando Capez, que convocava os presentes a se informar sobre o Estatuto do Torcedor e cobrar uma solução para o caso da Portuguesa na Justiça comum. 

Ao ser questionado por que estava na manifestação, já que não é um torcedor declarado da Lusa, Capez respondeu que foi convidado pelo maestro João Carlos Martins e que acha que a Portuguesa foi vítima de uma injustiça. 

"Não tenho dúvida de que a Portuguesa está certa. O estatuto do torcedor é uma lei federal, votada pelo Congresso, e diz que enquanto não for publicada, a punição é nula. E a punição ao Heverton só foi publicada na segunda-feira", afirmou o deputado, procurador de Justiça licenciado.