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Camisa do Madureira com rosto de Che vira raridade e pode levar time a Cuba

Renan Rodrigues

Do UOL, no Rio de Janeiro

25/10/2013 06h00

Um país que havia saído de uma revolução armada há quatro anos, enfrentava embargos comerciais e era visto com desconfiança por parte dos países capitalistas do planeta. Foi nesse cenário conturbado que o Madureira desembarcou em Cuba para uma excursão em 1963, vencendo os cinco jogos que disputou e sendo recebido pelo comandante Che Guevara.

Cinquenta anos depois, o sucesso de uma camisa que nem foi planejada para o time principal pode fazer com que o clube da zona Norte do Rio de Janeiro repita a viagem no início de 2014.

O Madureira resolveu lançar dois modelos especiais para relembrar a data no final de setembro, mas inicialmente apenas para o time de Futebol Sete. A camisa de goleiro tem as cores da bandeira de Cuba e o rosto do revolucionário argentino, enquanto o uniforme de linha é todo grená, mas também conta com a face de Che. O sucesso expandiu os horizontes da grama sintética e empolgou dirigentes.

"A gente foi pego de surpresa. A ideia foi do Carlos Gandola (vice-presidente de marketing), mas não sabíamos que teria essa repercussão toda. O estatuto do clube não permite que o time use em competições oficiais, mas queremos realizar um amistoso para que a camisa seja utilizada ao menos uma vez pelo time de futebol profissional. É um fato que merece ficar marcado, até pelo acolhimento da torcida", disse o presidente do Madureira, Elias Duba.

Se normalmente pede cerca de 50 camisas por mês, o presidente do clube diz que somadas todas as remessas até agora, cerca de 2 mil modelos foram encomendados para a fornecedora de material esportivo. Na loja oficial, localizada dentro do clube, uma lista de torcedores esperam por uma ligação para poderem adquirir o manto por R$ 80.

Na análise de Carlos Estevão Soares, proprietário da WA Sports, responsável pela confecção dos uniformes, até mesmo o clima de manifestações populares teve impacto na popularização da camisa do 'Tricolor Suburbano'.

"Você vê pessoas usando camisas com o rosto do Che Guevara nas ruas, então acho que essa homenagem caiu no gosto dos torcedores. Até a questão das manifestações pelo país ajudou. Estamos tendo uma procura grande, mas dentro da quantidade que conseguimos produzir normalmente. O clube também não quer fazer um lote muito grande e depois ficar com peças encalhadas", disse Estevão.

O amistoso para que a camisa seja usada pelo time de futebol ainda não foi marcado e o adversário também não foi definido. Segundo o presidente do Madureira, a ideia é contar com a presença do embaixador de Cuba no país, Carlos Zamora. A diretoria tenta contatos para realizar uma pré-temporada na ilha caribenha no início de 2014.

"Estamos estudando para que seja um evento bacana. A ideia é realizar a pré-temporada em Cuba justamente no ano em que completamos o centenário do Madureira, mas precisamos contatar pessoas para saber se existe um local adequado para a preparação do elenco", declarou Duba.

Disputa entre colecionadores
Por não ser produzida em grande escala, como camisas de clubes grandes, o modelo do Madureira tornou-se raridade, disputada entre colecionadores. A espera na loja oficial é de cerca de um mês. Mesmo lojas especializadas em times de menor expressão estão com seus pedidos reservados.

"Fiz uma encomenda que vai chegar daqui oito dias. Foram 15 pedidos e já tenho 12 reservadas, é a mais vendida do mês. Por ser colecionador, as pessoas me procuram, mas meu foco particular está nas camisas de clubes grandes e da seleção brasileira. Mas se pegar nas mãos e gostar, quem sabe uma não fica comigo?", disse Thiago Macedo, dono da Valerro Esportes, que possui camisas de times como Sampaio Corrêa-MA e São Cristóvão-RJ.

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