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Atacante mais caro que Paulinho e Fred diz que 'pressão de Pelé' atrapalhou

Lucas é o oitava jogador mais caro da história do futebol brasileiro - Juca Varella/Folha Imagem
Lucas é o oitava jogador mais caro da história do futebol brasileiro Imagem: Juca Varella/Folha Imagem

Vitor Pajaro

Do UOL, em São Paulo

02/10/2013 06h00

Em uma lista encabeçada por Neymar, Lucas e Oscar, uma surpresa aparece na oitava colocação. O atacante Lucas Severino deixou o Atlético-PR em 2000 rumo ao Rennes, da França e, até hoje, mesmo esquecido no Japão onde joga desde 2011, quando encerrou uma breve aposentadoria, figura no top 10 das vendas mais caras do futebol brasileiro para o exterior.

Em entrevista ao UOL Esporte, Lucas explicou por que não deu certo depois da milionária negociação e também falou sobre sua decisão de voltar aos gramados após pendurar as chuteiras. 

“O jogador não tem culpa de ser vendido pelo valor que foi. Houve um leilão, estava certo com o Olympique de Marselha, mas chegou um investidor e dobrou o valor. Aceitei, mas quando cheguei queriam que eu fizesse 30 gols por temporada. Queriam um novo Pelé”, relembra o atacante revelado pelo Botafogo-SP.

Voltamos ao ano 2000. Jovem, 21 anos, artilheiro e jogador da seleção brasileira na Olimpíada de Sydney. Foi com esses atributos que Lucas foi apresentado ao Rennes, após se destacar no clube paranaense e ser negociado por 21,3 milhões de euros.

Já se passaram 13 anos, mas aquela cifra ainda está na história. Foi, por exemplo, mais rentável ao Atlético-PR do que Paulinho foi ao Corinthians em 2013 e do que Fred, ao Cruzeiro, em 2005.

Dentro de campo, porém, suas atuações não atenderam à expectativa criada após a negociação. No Rennes, foi parceiro de Luis Fabiano, mas sofreu com o baixo nível técnico da equipe.

“Eu não tinha suporte para lidar com aquela situação. O time ia mal, via meu nome no jornal e ficava magoado. Mas não acho que fui supervalorizado, eu estava bem no Atlético e na seleção olímpica. Eu fiz por merecer, estava num bom momento”, conta o jogador.

LUCAS SEVERINO APÓS RECOMEÇAR A CARREIRA NO JAPÃO

Escondido no futebol francês, decidiu voltar ao Brasil para defender o Cruzeiro, em 2002. Disputou apenas sete jogos e foi negociado com o Corinthians. A passagem pelo clube paulista foi recheada de lesões e nem mesmo a ajuda de Vanderlei Luxemburgo, que o treinou na seleção brasileira, foi suficiente para reerguer a carreira.

Os gols e a felicidade voltaram apenas do outro lado do mundo. Lucas acertou com o FC Tokyo e virou ídolo dos japoneses. Após cinco temporadas no Japão, ele decidiu retornar novamente e foi apresentado ao Atlético-PR, em 2011.

“A gente sempre acha que tem razão de tudo e resolvi parar. Fiz alguns jogos e não fui bem. Falei com a diretoria, não estava rendendo o que o clube precisava. Fui honesto e tenho certeza que os dirigentes não guardam mágoa”.

Lucas diz isso porque a aposentadoria não durou dois meses. Após receber inúmeras homenagens do Atlético, ele atendeu um pedido do FC Tokyo e voltou a ser jogador profissional. 

O XARÁ LUCAS NA FRANÇA

  • “Há uma diferença muito grande. Ele foi para um grande clube e com certeza vai ser mais fácil se adaptar. O que não pode é cair no que a imprensa francesa fala. Eles pressionam porque sempre fazem comparações com Raí, Ricardo Gomes, Leonardo, Ronaldinho. Mas ele tem tudo para dar certo”.

“Eu já estava com uma vida diferente, tinha meus negócios no ramo imobiliário, mas acabei aceitando. Eles estavam praticamente acabados para o futebol. Falaram que era cinco meses, mas vi que ainda tinha vontade de jogar”, conta Lucas.

Hoje, quase dois anos após o retorno, ele afirma que o nível do futebol japonês colabora para a continuidade da carreira. A cobrança e as críticas mais leves também favorecem a vida pessoal ao lado da mulher Lúcia e dos filhos João Vitor e Pedro Henrique. Por tudo isso, Lucas não pensa em voltar ao Brasil.

“Vou ser pai da Maria Antônia no dia 11 e não tenho a mínima capacidade de voltar ao futebol brasileiro. Tem gente que nem sabe que eu ainda estou jogando, no Brasil eu já parei”, brincou. 

As maiores transferências do futebol brasileiro para o exterior*: (valor em euros)

1 - Neymar: Santos para o Barcelona - 57 milhões

2- Lucas: São Paulo para o PSG - 40 milhões

3 - Oscar: Internacional para o Chelsea - 32 milhões

4 - Denilson: São Paulo para o Bétis - 31,5 milhões

5 - Bernard: Atlético-MG para o Shakhtar Donestk - 25 milhões

6 - Robinho: Santos para o Real Madrid - 24 milhões

7 - Alexandre Pato: Internacional para o Milan - 22 milhões

8 - Lucas Severino: Atlético-PR para o Rennes - 21,3 milhões 

9 - Geovanni: Cruzeiro para o Barcelona - 21 milhões

10 - Paulinho; Corinthians para o Tottenham - 19,7 milhões

11 - Nilmar: Internacional para o Villarreal - 16,5 milhões

12 - Fred: Cruzeiro para o Lyon - 15,6 milhões

*dados obtidos no Transfer Market