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Muricy critica demissão por telefone no Santos e insinua que merecia contrato de dez anos

Muricy Ramalho também disse que já recebeu propostas e voltará ao mercado - Ricardo Nogueira/Folhapress
Muricy Ramalho também disse que já recebeu propostas e voltará ao mercado Imagem: Ricardo Nogueira/Folhapress

Do UOL, em Santos (SP)

24/06/2013 11h07

O técnico Muricy Ramalho criticou a maneira como foi dispensado do Santos há cerca de três semanas. Para o treinador, “despedir pessoalmente é importante” e, por isso, acredita faltou experiência da diretoria santista no caso. Muricy ainda citou seu retrospecto na Vila Belmiro para discordar da demissão e ressaltou que no futebol europeu receberia um contrato de dez anos caso tivesse disputado seis finais em dois anos.

“Faltou experiência a eles em relação a isso. A coisa que não foi legal foi que não me despedi das pessoas, da comissão técnica e dos funcionários. Não teve maldade, não, são pessoas do bem. Aconteceu que não estava no momento. Estou no futebol há muitos anos e a gente sabe que despedir pessoalmente assim é importante”, disse Muricy em entrevista ao Bandsports.

“Fiquei dois anos (no Santos), fui campeão quatro vezes. Imagina esses números na Inglaterra? Em dois anos, seis finais. Eles me dariam um contrato de dez anos e aqui a gente é mandado embora. É assim mesmo. É pela emoção”, reclamou o treinador.

Muricy conquistou a Copa Libertadores de 2011, a Recopa de 2012 e os Campeonatos Paulistas de 2011 e 2012. O ex-comandante santista perdeu duas decisões pelo Santos – O Mundial de Clubes da Fifa, em 2011, diante do Barcelona, da Espanha, e o Paulistão deste ano, para o Corinthians.

Muricy Ramalho disse que já recebeu propostas para voltar a trabalhar e prometeu que em breve estará comandando outro clube. “Acontece que quando tem um técnico à disposição, livre, é difícil, é muito difícil ficar um tempo desempregado. Mesmo no Santos, tinha proposta para eu sair, mas como tinha contrato, dificilmente eu rompo. Acontecem coisas, vou descansar, mas estão acontecendo, sim, e em breve eu posso aparecer no mercado”, disse.

Em relação à demissão por telefone, a diretoria do Santos alega que convidou Muricy para uma conversa no clube, mas o treinador não pôde aceitar o convite e preferiu enviar seu agente à Vila Belmiro.

Muricy e a diretoria do Santos não se entendiam há muito tempo. O Comitê Gestor, por exemplo, sempre optou por um discurso público fugindo de polêmicas. O treinador, por sua vez, usava as entrevistas para cobrar reforços e ainda chegou a desdenhar da diretoria ao dizer que não temia possíveis ameaças de demissão por ter “bom mercado no futebol”.

Além de pressionados por conselheiros e torcedores, os próprios dirigentes santistas entediam que o treinador estava acomodado no clube. O rótulo “aqui é trabalho” adquirido pelo técnico durante sua carreira virou até motivo de piada entre a cúpula alvinegra.

As informações sobre ausência de treinos táticos e excesso de “rachões” incomodavam a diretoria. Os jogadores também reclamavam nos bastidores e questionavam a metodologia de trabalho do comandante. Treinos de posicionamento sem a bola viraram motivos de chacota entre os atletas.