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Ídolo na Espanha, Marcos Senna vira nome de portão e admite decepção por corte na Copa

Volante comemora gol com a camisa do Villareal contra o Real Madrid - Manuel Bruque/EFE
Volante comemora gol com a camisa do Villareal contra o Real Madrid Imagem: Manuel Bruque/EFE

Paulo Passos

Do UOL, em São Paulo

29/01/2013 06h00

Há 10 anos no Villarreal, Marcos Senna é capitão do time e “dono” de um portão. Isso porque a entrada 19 do El Madrigal, estádio do clube, foi batizada no ano passado com o nome do brasileiro. A homenagem, que aconteceu após Senna renovar seu contrato mesmo com o Villarreal rebaixado para a segunda divisão, dá uma ideia da idolatria dos torcedores com o jogador.

Em entrevista ao UOL Esporte, o volante de 36 anos diz que não pretender seguir o caminho de Marcos Assunção, Cris e Lúcio, que voltaram ao futebol brasileiro depois de mais de uma década na Europa. “Teve alguns rumores, sondagens, mas nenhuma proposta. Também não é algo que eu pretenda”, afirmou.

Confira a entrevista exclusiva com Marcos Senna:

UOL Esporte: Muitos jogadores com mais de 30 anos têm retornado ao Brasil. Você pretende voltar?
Marcos Senna:
Eu acho que meu caso é muito particular. Tenho 10 anos no clube e infelizmente no ano passado ele caiu. Sou capitão do time e eles me chamaram para um novo projeto, para que o time voltasse à primeira divisão.  Eles me adoram aqui, me homenagearam até com um portão. Foi muito bonito. Minha família também está muito adaptada aqui. Então, não planejei voltar. Teve alguns rumores, sondagens, mas nenhuma proposta.

UOL Esporte: Existe salário atrasado na Espanha?
Senna: Claro que tem. O Villarreal é privilegiado nisso. É um dos poucos clubes que segue as coisas certas. Tem ótima estrutura. Escuto queixas. Mas a diferença aqui é que a lei funciona. Tem um prazo para pagar, se não é rebaixado de divisão.

FORA DA COPA DE 2010


Eu fiquei muito chateado no início, mas durou uma semana. Depois torci e comemorei o título

UOL Esporte: Como é a segunda divisão da Espanha?
Senna:  É muito boa na verdade. Não vi muita mudança. Muitos times estiveram na primeira divisão, já têm estádios grandes, reformados.  O Villarreal não mudou nada. Viajamos em voo fretado, tudo como era na primeira divisão. Óbvio que não tem a mesma divulgação, mas a rotina não muda tanto.

UOL Esporte: Se o Villarreal não subir (o clube está na oitava posição da Séria B da Espanha) você cogita trocar de equipe?
Senna:
Jogar em outro clube na Espanha, acho difícil. O momento é aqui. Depois vou esperar a situação do campeonato. Eu não tenho nenhuma oferta que me faz pensar. Estou super bem aqui.

UOL Esporte: Como foi jogar na seleção espanhola? Grande parte do time que você atuou é tido como o melhor do mundo hoje.
Senna:
Guardo ótimas lembranças. A Eurocopa é a mais forte, pelo título, Mas a convocação para a Copa da Alemanha marcou muito também. Já não esperava disputar a Copa do Mundo, tinha 29 anos e acabei indo.


UOL Esporte: Você foi bem recebido na seleção da Espanha?
Senna:
Super bem recebido. Não tenho histórico de jogador polêmico. Me dava bem com todos. Me adoravam. Não sofri preconceito, racismo. Eles se preocupavam muito com isso.

UOL Esporte: E como foi não ter sido chamado para a Copa de 2010?
Senna:
Sinceramente, na época, fiquei muito chateado, porque achei que ia. Eu tive oportunidade de conhecer o Del Bosque. É uma pessoa extraordinária. Ele disse que foi uma decisão das mais difíceis. Na época me machuquei muito na temporada, na hora “H”, no final. Por insegurança, decidiram levar um menino que nunca tinha ido, o Javi Martinez. Foi uma decisão que ninguém esperava. Depois, eu assimilei.  Não guardo rancor. O que guardo são os bons momentos.

UOL Esporte: Você viu a Copa? Torceu para a Espanha?
Senna:
Eu estava no Brasil. Na final, eu tive que me apresentar no clube. A Federação Espanhola de Futebol me mandou passagem e entrada para ver o jogo na África do Sul. Eu não fui porque achei que ia ficar muito pesada a viagem. Agradeci e não fui. O trato deles sempre foi genial. Eu fiquei muito chateado no início, mas durou uma semana. Depois comemorei e torci pela Espanha.