Gestão de Blatter: "frouxa nas investigações", dizem consultores
O relatório da corrupção na Fifa, apresentado a Joseph Blatter, institui a “ficha limpa” para quem quiser ser presidente da entidade. O texto foi debatido pelos cartolas na Suíça, nesta sexta-feira.
O principal ponto proposto pelo Instituto de Governança da Basileia (IGB), que escalou Mark Pieth para realizar a investigação interna na Fifa, é a exigência de atestados de antecedentes criminais, econômicos e éticos aos futuros candidatos a presidência da entidade.
O relatório critica a administração da entidade e o principal nome do processo é exatamente Joseph Blatter, secretário-geral de João Havelange (de 1974 a 1998) e presidente em segundo mandato. Blatter se esquivou na coletiva com a imprensa, sem a mesma alegria demonstrada pelo Twitter, na quinta-feira.
Com a mudança no estatuto proposta pelos investigadores, o passado de todos os membros do Comitê Executivo deverá passar por análise de inteligência criminal, econômica e social.
O relatório de corrupção na Fifa voltou a 1974 e deve ter caído como uma bomba sobre a mesa onde se reunia o Comitê Executivo da entidade.
Os detalhes da auditoria moral continuarão sendo debatidos até a reunião do Congresso Geral da Fifa, com 208 membros, marcado 23 de maio, em Budapeste, Hungria.
Desenvolvimento financeiro | fiscaliza promoção de eventos |
Nomeações de executivos | controla antecedentes criminais e tem direito a veto |
Ética | departamento de Investigação separado do comitê de julgamento |
Auditoria e conformidade | ajusta rotinas financeiras e de transparência |
O Congresso Geral será soberano na mudança dos estatutos da Fifa e na adoção de medidas de limpeza ética propostas pelos consultores.
O relatório encaminhado pelo acadêmico Mark Pieth, especialista em lavagem de dinheiro e financiamento de redes terroristas, também critica a Fifa pela maneira conivente de “investigar e punir” casos de corrupção, nos últimos 30 anos.
A gestão temerária da Fifa “gerou suspeitas e denúncias mal investigadas”, afirma o relatório.
Mas essas investigações frágeis, a julgar pelo perfil do professor Pieth, não devem livrar os suspeitos do controle de “ficha limpa”.
O novo Comitê de Nomeações (proposto em caráter de urgência) não buscará apenas condenações, que transitaram em julgado, mas envolvimento dos cartolas em denúncias variadas dentro e fora do futebol. “o campo ético será rigorosamente considerado”, afirma Pieth em seu relatório.
Talvez este tenha sido o motivo da renúncia de Ricardo Teixeira, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol e que foi membro executivo da Fifa. Teixeira é suspeito de envolvimento no processo que tramita na Corte Federal de Lausanne.