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Sergey Ponomarev/AP

Soldados da Tchetchênia caminham por Grozny antes do amistoso contra o Brasil

23/03/2011 - 14h32

Raí desabafa em carta aberta e se diz envergonhado por amistoso na Tchetchênia

Do UOL Esporte
Em São Paulo

O amistoso entre a base da seleção brasileira que conquistou tetracampeonato mundial e o combinado da Tchetchênia ainda gera polêmica. Nesta quarta-feira, o meia Raí publicou em seu site oficial uma carta aberta com fortes declarações lamentando a viagem e o duelo no início do mês diante do time liderado pelo presidente Ramzam Kadyrov.

No texto intitulado "Chechênia, o dia em quem me trai", o ex-camisa 10 do São Paulo relata os bastidores da partida em Grozny vencida pela seleção verde-amarela por 6 a 4. Raí condena sua atitude de ter aceitado participar do confronto por dinheiro sem conhecer o panorama político e o clima de guerra da república russa.

ZETTI COMENTA JOGO AO UOL ESPORTE

  • Sergei K/Reuters

    Contratados para disputa de um amistoso na Tchetchênia, os ex-jogadores da seleção brasileira sentiram o clima de tensão que domina a região russa, por causa das guerras entre separatistas e o Exército. O jogo-exibição, disputado em Grozny na última terça-feira, contou até com o presidente Ramzam Kadyrov em campo. O ex-goleiro Zetti afirma ter dado uma “ajuda” ao político para evitar que o ambiente pudesse ficar ainda mais nervoso.

“Fiz parte de umas das coisas que mais condeno na vida e com a qual mais tenho cuidado: participei de um evento escancaradamente político, populista, em um contexto desconhecido, sem saber as possíveis consequências e intenções”, afirmou o ex-jogador.

“Em Grozny o clima era militar: fotos gigantes dos homens que estão no poder, pouquíssima gente na rua. Algo muito estranho pra mim. Só depois, fiquei sabendo pela intérprete russa que 98% da cidade havia sido destruída durante a guerra”, completou.

De acordo com Raí, a equipe brasileira realmente precisou se controlar para não vencer o jogo com um placar mais elástico diante dos 15 mil torcedores que lotaram o estádio de Grozny.

O time verde-amarelo foi formado por nomes como Romário, Dunga, Bebeto, Cafu, Zinho, Dida, Emerson, Junior Baiano, Djalminha e Denílson, enquanto a equipe da casa contou com ex-atletas como o holandês Rudd Gullit o alemão Lothar Matthäus, além de ter o presidente Kadyrov como capitão.

Em entrevista ao UOL Esporte, o goleiro Zetti já havia relatado o clima tenso em torno do duelo na Tchetchênia. O ex-jogador também havia admitido uma “ajuda” para o líder local anotar um de seus dois gols de pênaltis.

Vale lembrar que dias antes da partida, Kadyrov ganhou um novo mandato de cinco anos, aprovado por unanimidade em nomeação no Kremlin, na Rússia. Polêmico, o magnata é acusado de manter um governo com intimidação e abuso dos direitos humanos desde que assumiu o cargo em 2007.

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