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Bruno Cantini/site do Atlético-MG

Luxemburgo: personagem do capítulo final na década perdida do Atlético-MG

10/12/2010 - 13h00

Com queda, crise política e superioridade rival, Atlético tem pior década da história

Gustavo Andrade
Em Belo Horizonte

A primeira década do século 21 começou relativamente bem para o Atlético-MG. Sob o comando de Levir Culpi, o time alvinegro chegou à semifinal do Brasileirão de 2001, até ser eliminado pelo São Caetano em jogo que ficou marcado pela forte chuva no ABC Paulista. Entretanto, os nove anos seguintes foram conturbados para o clube mineiro dentro e fora de campo e transformaram o período no mais negativo da história centenária da agremiação, culminando com o mau desempenho de Vanderlei Luxemburgo e a redenção de Dorival Júnior para escapar do rebaixamento no Brasileirão de 2010.

TORCIDA MANTÉM APOIO

Bruno Cantini/Site do Atlético-MG
Em 2008, o Atlético-MG comemorou seu centenário com muita festa, mas sem nenhum título. Em março deste ano, quando o clube completou 102 anos e ainda no Mineirão, fechado em junho para reformas, sua torcida celebrou a data, apesar dos muitos problemas registrados ao longo desta década.

A pior década já vivida pelo Atlético-MG teve campanhas fracas no Brasileirão, que culminaram com a queda para a Série B em 2005. No cenário internacional, o time alvinegro ficou distante de conquistas e enfrentou apenas um adversário estrangeiro em torneios oficiais nos últimos dez anos. Em Minas, os torcedores atleticanos viram o arquirrival Cruzeiro vencer o Campeonato Brasileiro pela primeira vez e dominar os clássicos estaduais.

Fora de campo, o clube conheceu sua maior crise em setembro de 2008, quando ficou por mais de dez dias sem ter presidente. A turbulência política teve seu ápice em 18 de setembro daquele ano, quando o então mandatário atleticano Ziza Valadares renunciou à Presidência, sob a alegação de que havia sido ameaçado de morte por membros do Conselho Deliberativo do clube, além de sofrer forte pressão dos torcedores.

Na linha sucessória estavam quatro vice-presidentes, porém, nenhum deles aceitou assumir a presidência e todos abandonaram seus postos na direção do Atlético. O presidente do Conselho Deliberativo, João Baptista Ardizoni dos Reis, passou a responder pelo clube, mas não tinha poder legal para decidir. Assim, eleições foram convocadas e o cargo voltou a ser ocupado em 30 de outubro, quando Alexandre Kalil foi eleito com 67% dos votos dados pelos conselheiros.

Se fora de campo a renúncia de Ziza Valadares marcou a crise política mais grave da história do Atlético, dentro das quatro linhas nada se comparou à queda para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro em 2005. Um ano antes, o time alvinegro já havia passado perto do rebaixamento, mas conseguiu se livrar na última rodada com vitória sobre o São Caetano, no Mineirão.

UM TIME APAGADO INTERNACIONALMENTE

Na última década do século 20, o Atlético alcançou suas primeiras conquistas internacionais. Em 1992 e 1997, o time alvinegro ergueu a taça da Copa Conmebol. No entanto, a presença em disputas continentais se tornou algo distante da realidade atleticana na última década.

Há dez anos, o Atlético não fica entre os quatro primeiros de uma competição internacional oficial. A última vez que isso ocorreu foi na Copa Mercosul de 2000. Aquele ano foi também o último em que a equipe alvinegra esteve presente na disputa da Libertadores.

Distante do cenário internacional, o Atlético enfrentou um único adversário estrangeiro em competições oficiais nos últimos dez anos. Depois de eliminar o Boca Juniors na Mercosul de 2000, o jejum de confrontos contra equipes “gringas” durou até às oitavas de final da Copa Sul-Americana de 2010, quando o time alvinegro passou pelo colombiano Independiente Santa Fé.

Outros confrontos contra estrangeiros aconteceram apenas em torneios amistosos, como no Torneio de Verão, disputado na pré-temporada de 2009, no Uruguai, onde superou o Peñarol na disputa de terceiro lugar.

O Atlético enfrentou o clube uruguaio também na comemoração do centenário do clube em março de 2008, numa das diversas festas organizadas pela direção comandada por Ziza Valadares. Já em campo, no ano de comemoração dos 100 anos do clube, a equipe alvinegra disputou quatro competições oficiais e não conquistou nenhum título.

Em 2005, o Atlético lutou contra a queda durante todo o Campeonato Brasileiro. O então presidente Ricardo Guimarães chegou a dizer que “morreria abraçado” com o técnico Tite. No final da competição, o time então comandado por Lori Sandri e formado por jogadores promovidos das categorias de base emplacou quatro vitórias e um empate nas últimas cinco rodadas, mas não conseguiu evitar o rebaixamento.

A queda foi confirmada na penúltima rodada, com empate sem gols com o Vasco, no Mineirão, em 27 de novembro. Lori Sandri e os jovens jogadores permaneceram para a disputa da Série B. Porém, o Atlético só conseguiu uma série de resultados positivos quando Levir Culpi foi contratado. Com ele, o time alvinegro retornou à elite na condição de campeão da Segunda Divisão.

Hegemonia do rival

Ainda com Levir Culpi, o Atlético venceu o Cruzeiro por 4 a 0 no primeiro jogo da decisão do Estadual de 2007 e assegurou o título. A goleada sobre o arquirrival, entretanto, foi um dos raros momentos de felicidade dos atleticanos em confrontos com o arquirrival ao longo da década. Desde aquela partida, foram 17 clássicos, com 13 vitórias cruzeirenses, dois empates e dois triunfos atleticanos.

Na década, também houve hegemonia cruzeirense. Em 44 partidas, disputadas entre 2001 e 2010, o clube celeste obteve 22 vitórias, contra 12 empates e 10 triunfos do Atlético. Por dois anos consecutivos (2008 e 2009), o Cruzeiro, sob o comando de Adilson Batista, goleou o time alvinegro por 5 a 0 na decisão do Campeonato Mineiro.

Nos Estaduais, o Atlético conquistou dois títulos nos últimos dez anos (2007 e 2010), contra cinco do Cruzeiro. Em desvantagem dentro de Minas ao longo da década, o time alvinegro viu, em 2003, o arquirrival conquistar o Campeonato Brasileiro, um dos poucos títulos que ostentava e seu rival ainda não tinha alcançado.

O último capítulo

O ano de 2010 começou com o título mineiro e renovação do elenco com a contratação de reforços de peso. Mas a expectativa de repetir a boa campanha do Estadual no Brasileirão ruiu. Foram 24 jogos com Luxemburgo no comando, com apenas 21 pontos conquistados (6 vitórias, 15 derrotas, 3 empates). A salvação veio com Dorival Júnior, que, mesmo com o número inferior de jogos, superou a campanha do antecessor para evitar o rebaixamento.

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