Jogadores do Grêmio foram recebidos com festa após conquista heróica no estádio dos Aflitos
Na luta pelo acesso à Série A, o zagueiro Domingos usou nesta semana a Batalha dos Aflitos como inspiração para a Portuguesa, que tem partida decisiva neste sábado. “Tínhamos tudo contra nós, mas conseguimos reverter a situação e conseguir a vitória”, lembrou o jogador, expulso naquela partida disputada no dia 26 de novembro de 2005.
Passados cinco anos, a vitória do Grêmio com apenas sete jogadores em campo e dois pênaltis do Náutico desperdiçados ainda serve de exemplo para clubes e jogadores diante de algum desafio. Para o Grêmio, consolidou a fama de “imortal” presente no hino composto por Lupicínio Rodrigues.
“Aquele feito criou uma aura no Grêmio, levantou a autoestima e botou respeito em tudo que é time. Virou um case para o mundo inteiro, de um time que não desiste nunca.Vencemos heroicamente, com sete em campo”, diz Paulo Odone, presidente do Grêmio na época e eleito recentemente para os próximos dois anos. “Todo time que enfrenta algum desafio usa nas concentrações o DVD da Batalha dos Aflitos como inspiração”, exemplifica.
Naquela tarde de sábado, o Grêmio do técnico Mano Menezes jogava pelo empate contra o Náutico, no estádio dos Aflitos, em Recife, para voltar à primeira divisão. Um jogo nervoso, com erros do árbitro Djalma Beltrami, acabaria tendo dois pênaltis desperdiçados pelo Náutico. O primeiro, na trave. O segundo, marcado nos minutos finais da partida, provocaria uma grande confusão.
No total, quatro jogadores do Grêmio foram expulsos naquele jogo. “Alguns queriam que eu impedisse a cobrança, que tirasse mais um jogador de campo, mas decidi que deixássemos bater o pênalti”, lembra Odone. Ademar cobrou, Galatto defendeu. Um inexplicável gol do jovem Ânderson, hoje no Manchester United, decretaria a vitória do Grêmio e o título da Série B.
“Foi um jogo que dificilmente vai acontecer de novo”, resume o goleiro Marcelo Grohe, único jogador daquele grupo que permanece no estádio Olímpico. “Quando o juiz marcou pênalti, eram quase 40 do segundo tempo. Na hora, pensei que era um ano jogado fora. Mas graças a Deus, o Galatto foi feliz. O momento de explosão total foi quando o Ânderson fez o gol”, lembra Grohe, hoje reserva de Victor no Grêmio.
O Grêmio que venceu o Náutico teve:
Galatto; Patrício, Domingos, Pereira e Escalona; Nunes, Sandro Goiano, Marcelo Costa e Marcel (Anderson); Ricardinho (Lucas) e Lipatin (Marcelo Oliveira) Técnico: Mano Menezes (foto)
A Batalha dos Aflitos gerou documentário, livros e é considerada a conquista mais dramática da história do clube. “O maior título do Grêmio foi o Mundial do Japão, em 1983. Mas a conquista mais dramática e mais emocionante foi a Batalha dos Aflitos”, afirma Paulo Odone, que admite não saber o que seria do Grêmio caso não conseguisse o acesso naquele ano.
Mais do que isso, a partida reforçou a imagem do Grêmio como um time que não se entrega. “Cada vez que o Grêmio ganha um jogo de virada, todo mundo evoca a imortalidade”, diz o presidente.
Tese que o goleiro Marcelo Grohe concorda. “Era um grupo de guerreiros e todos ficarão marcados. Não devemos esquecer, mas lembrar sempre. É uma recordação linda que me orgulho de ter O Grêmio cresceu muito a partir dali e tem a crescer mais ainda”, diz o jogador.
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