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16/11/2010 - 07h00

No 1º ano, Copa sub-23 é marcada por "gatos", ausências e promessa de melhora

Gustavo Franceschini*
Em São Paulo

A ausência de competições atraentes para o grande público nas categorias de base durante a maior parte do ano motivou a criação da Copa sub-23. Moldada de acordo com o regulamento dos Jogos Olímpicos, o torneio reuniu, até o último domingo, dez dos 20 times da primeira divisão. O resultado? Uma espécie de campeonato de aspirantes, que teve “refugos” dos clubes e promessas de melhora como grandes destaques.

OS GRANDES DESTAQUES DA COPA SUB-23

  • Reprodução

    Em jogo contra o Santos, o Vasco não conseguiu atrair mais de 2 pessoas ao estádio São Januário

  • Santos F.C (Divulgação)

    Possebon, contratado no meio do torneio, não teve espaço no time titular e "estreou" pela sub-23

  • Fernando Santos/Folhapress

    Defederico não foi bem nas chances que teve; para não perder ritmo, pediu para jogar a Copa da base

A ideia de criar um torneio do tipo surgiu da Traffic. A empresa, cujos negócios vão desde o agenciamento de jogadores até a negociação de direitos de televisão, aposta que há interesse do público em uma competição que funcione como preliminar dos jogos da Série A.

Além disso, se aproveita do vazio que existe para base além da Taça São Paulo, que acontece tradicionalmente no início do ano. “O bacana é aproveitar jogadores do elenco principal que estão voltando e podem ser testados no sub-23. Os jogos são sempre preliminares e o torcedor pode assistir a dois jogos. É muito legal também para os clubes, em função dos jogos serem transmitidos na TV”, disse Christian Steinkopff, responsável pelo campeonato na Traffic.

“Achei a iniciativa ótima, é uma grande oportunidade para os times colocarem jogadores jovens e aqueles que não estão sendo aproveitados no time principal em ritmo. Nós aqui no Inter colocamos o time B em ação e obtivemos êxito. Lamento o número baixo de participantes. Espero que a iniciativa seja apoiada pelas entidades do futebol e mais clubes estejam presentes na edição do ano que vem”, disse Fernando Carvalho, vice de futebol do Inter.

“Eu assumi na metade [do torneio]. Acho que ele deve tomar um corpo maior. O projeto da empresa detentora é esse, pelo menos. A coisa ainda está experimental, mas você consegue ter parte do teu elenco que poderia estar parada em atividade”, disse Fernando Alba, diretor da base do Corinthians.

Só que nem tudo saiu tão bem assim, a começar pelas equipes. Três dos 12 maiores clubes do país não aceitaram participar do torneio: Grêmio, Cruzeiro e São Paulo. Com a adição do Avaí, dez times se dividiram em dois grupos, que passaram a ser atrapalhados pelas circunstâncias.

Os fechamentos de Palestra Itália, Maracanã e Mineirão fizeram com que alguns estádios, como o Engenhão e a Arena de Sete Lagoas, sofressem com o excesso de jogos. O Fla-Flu da primeira fase, por exemplo, aconteceu em Xerém, no campo do Tigres. No mesmo Rio de Janeiro, o Vasco recebeu o Santos em São Januário em um jogo de apenas dois pagantes, que também não foi preliminar.

O grande tempero da competição, no entanto, veio dos times profissionais. Leandro Amaral, atacante do Flamengo, de 33 anos, misturou-se à garotada rubro-negra enquanto não era aproveitado no Brasileirão.

Cáceres, paraguaio que disputou a Copa do Mundo pela seleção de seu país, também esteve em campo pelo Atlético-MG. Na semifinal, Defederico, sem espaços com Tite, chegou a pedir para jogar com o Corinthians na Copa sub-23, ajudando a equipe a chegar à final da competição. Borja, reforço polêmico do Flamengo no meio do Brasileiro, é outro exemplo. O colombiano, preterido por Silas e Luxemburgo, foi o vice-artilheiro da competição, com três gols marcados.

Só que nem sempre a “ajuda” dos profissionais era voluntária. No Santos, Rodrigo Possebon, ex-Manchester United, teve suas primeiras chances de entrar em campo somente com o sub-23. Breitner, Maranhão e Felipe Anderson também estiveram em campo, nunca muito felizes com a distância do Brasileiro dos profissionais. O clube, no entanto, poupa a competição de críticas.

“Seria injusto apontar falhas em um torneio que aconteceu pela primeira vez. São naturais. Julgamos como objetivo principal movimentar os jogadores, principalmente os mais jovens, alguns voltando de contusões e em busca de ritmo. Nesse sentido foi válido. Portanto é algo saudável”, disse Pedro Luiz Nunes, diretor de futebol do Santos.

“A ideia é muito boa, porém a maneira que foi feita, de última hora, pegou os times de surpresa e trouxe prejuízos para os clubes. Os times tiveram de correr para formar a equipe. O desgaste físico de disputar duas competições, sem tempo para descanso e treinamento, foi enorme, os jogadores sentiram isso”, disse André Figueiredo, diretor das categorias de base do Atlético-MG.

Os percalços não devem impedir a realização da próxima edição. Mesmo sem ser unanimidade, a Copa sub-23 deve voltar ao noticiário em 2011, mas com adaptações e, esperam os organizadores, mais times.

“O objetivo é que o campeonato cresça para 12 ou 14 times. A gente quer São Paulo, Grêmio, Cruzeiro. O campeonato tende a crescer. Queremos começar junto com o Brasileiro, porque aí sai da época das chuvas. E também na parte técnica facilita porque não é tão quente. A gente sabe que jogar às 14h não é o ideal”, disse Steinkopff.

“O Cruzeiro está com o grupo nesta categoria reduzido. Por isso, optamos por não disputar, não montar mais uma equipe. Mas na próxima edição, se for possível, o Cruzeiro poderá participar”, disse Valdir Barbosa, gerente de futebol do clube. 

*Colaboraram Bernardo Lacerda, João Henrique Marques e Jeremias Wernek

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