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Dois momentos de irritação na carreira de Kleber; jogador disse não saber perder

12/08/2010 - 07h00

Kleber faz 27, pede seleção de presente e diz não saber perder...nem no baralho

Renan Prates
Em São Paulo

O time estava em Salvador, mas ele tinha que treinar em São Paulo, pois não pôde acompanhar a delegação por estar suspenso. Fim da atividade de quarta: hora de atender à reportagem do UOL Esporte. O atacante palmeirense Kleber nem bem chega e se impressiona com a sala de imprensa onde ocorreu a entrevista: "bacana aqui hein".

GLADIADOR ESTÁ DIVIDIDO ENTRE SEUS DOIS AMORES: PALMEIRAS E CRUZEIRO

Na segunda parte da entrevista do palmeirense Kleber com o UOL Esporte, o jogador falou que tem muito carinho também pelo Cruzeiro, contou que não tem raiva do São Paulo, que joga fora da sua posição no Palmeiras, não se preocupa com boatos sobre o seu alto salário no clube alviverde e que o time ainda briga pelo título do Campeonato Brasileiro apesar da má fase.

Depois de tomar um café, o Gladiador conversa por pouco mais de 26 minutos cronometrados no gravador deste repórter, sem contar o bate-papo informal breve que houve no início e no fim do encontro.

Sereno, Kleber não se furtou de responder nenhuma pergunta com a sinceridade que lhe é peculiar, mas com a tranquilidade daquele que estava prestes a completar 27 anos de vida (a entrevista foi feita um dia antes).

O material foi tão vasto que o UOL Esporte resolveu dividir em duas partes. Na primeira, o craque do Palmeiras abordou seu lado família, o gosto por jogar baralho e a sua dificuldade em perder qualquer coisa que seja.

UOL Esporte: O menino que começou na escolinha do Seno em Osasco completará 27 anos de vida. Se pudesse fazer um balanço da sua carreira até aqui, como seria? Que presente de aniversário você pediria?
Kleber: Tenho algumas coisas que eu gostaria de conquistar. Sempre sonhei em ser campeão da Libertadores, é meu grande objetivo na carreira. No Cruzeiro eu cheguei perto, mas infelizmente a gente perdeu. Ter uma chance na seleção seria uma conquista também. É um presente que eu gostaria de ter. Se eu pudesse mudar alguma coisa, mudaria de não ter ido para a Ucrânia. Acho que atrapalhou bastante a minha carreira em relação a visibilidade. Em relação financeira para mim foi melhor. Lógico que não fui ganhando milhões, mas era melhor do que eu ganhava no São Paulo.

UOL Esporte: Apesar da pouca idade, você tem três herdeiras. Nunca quis ter um filho homem?
Kleber: Meu sonho sempre foi ter um moleque, mas não aconteceu. Tenho três meninas lindas, com saúde que é o mais importante. Adoro minhas filhas, sempre que posso estou com elas. Mas eu penso em ter um moleque, meu objetivo é ter um filho homem.

UOL Esporte: Alguma delas já possui time do coração?
Kleber: Lá em casa é uma bagunça. A primeira fala que torce para o Palmeiras, depois que é para o Corinthians. A segunda colocou na cabeça que era cruzeirense porque eu estava no Cruzeiro e ela foi lá algumas vezes, gostou do ambiente, deram uma camisa para ela, ensinaram a cantar o hino, mas agora ela esta falando que é palmeirense. A terceira a mãe, que é cruzeirense, diz que vai torcer para o Cruzeiro, não vai ter jeito [risos].

 

PEDIDOS DE ANIVERSÁRIO

Tenho algumas coisas que eu gostaria de conquistar. Sempre sonhei em ser campeão da Libertadores, é meu grande objetivo na carreira. No Cruzeiro eu cheguei perto, mas infelizmente a gente perdeu. Ter uma chance na seleção seria uma conquista também.

Falando sobre o que deseja aos 27 anos

UOL Esporte: Como está a rotina com a Giovanna [filha recém-nascida], troca muita fralda? Acorda de madrugada?
Kleber: No pouco tempo que eu tenho em casa sempre tento ficar com ela. Não tenho esse hábito de trocar fralda, mas sempre pego no colo, tento ficar com ela maior tempo possível. Brinco um pouco, faço carinho nela, essas coisas.

 

UOL Esporte: Quando você está em casa, o que gosta de fazer? Prefere filmes ou programas de TV? Quais são os seus hobbies?
Kleber: É tão pouco tempo que a gente tem para fazer essas coisas que quando tem tempo vago a gente sempre está fazendo alguma coisa pessoal tipo indo em banco, coisas do dia a dia que ficam pendentes e te deixam um pouco na rua. Quando fico em casa tento ficar um pouco com a Giovanna. De vez em quando assisto à um pouco de TV, mas fico muito com os meus pais. Meu pai mora três andares em baixo do meu apartamento, então sempre vou lá. A gente bate um papo, joga um baralho. De baralho sei jogar tudo, mas sempre jogo tranca e pôquer.

UOL Esporte: Vocês também gostam de jogar baralho no Palmeiras?
Kleber: Aqui tem um truco, os caras gostam bastante. Aqui o truco é forte, o negócio pega fogo. O Finelli [Fábio, assessor de imprensa do Palmeiras] conhece. É pato, não ganha de ninguém [risos].

UOL Esporte: A fama de bay boy o persegue como jogador. Mas como era na adolescência? Na escola também era assim com os colegas?
Kleber: Nunca tive esse negocio de violento. Sempre odiei perder desde criança. Sempre que eu perdia ficava doido, queria arrumar briga. Roubava, anulava o gol. Armava uma confusão, sempre puxava para o meu lado. Eu e meu irmão [Jefferson, um ano mais velho] tivemos muita briga quando a gente era pequeno, briga de adolescente, mas de porrada mesmo. Era impressionante porque ele não gostava de perder e eu também. Meu maior problema é não aceitar a derrota. Eu quando perco hoje não brigo com ninguém, mas não consigo dormir. É difícil, fico pensando em casa o que que eu posso fazer para mudar. É uma coisa que eu preciso trabalhar e amadurecer

 

HOBBY DO GLADIADOR

Meu pai mora três andares em baixo do meu apartamento, então sempre vou lá. A gente bate um papo, joga um baralho. De baralho sei jogar tudo, mas sempre jogo tranca e pôquer. No Palmeiras tem um truco, os caras gostam bastante. Aqui o truco é forte, o negócio pega fogo.

Falando sobre o ele faz quando não joga

UOL Esporte: Qualidade nunca lhe faltou para ir para a seleção brasileira. Acha que a fama de violento lhe vetou até aqui? Agora mais calmo, se vê em 2014?
Kleber: Acho que algumas coisas atrapalharam. Acho que a minha ida pra a Ucrânia atrapalhou um pouco, pois eu poderia ter ficado aqui e ser um cara bem mais reconhecido e ter tido chances na seleção. Quando eu voltei eu tinha que me adaptar ao futebol brasileiro que é muito diferente do futebol lá de fora. A gente vê que até o Roberto Carlos [do Corinthians] que teve problema no começo e foi expulso em alguns jogos por falta que lá não existe aqui existe e irrita o jogador, a diferença é muito grande...eu tive problema com expulsão, tive uma fama de um cara violento que não me considero ser. Me acho um cara guerreiro, batalhador, que quer vencer e sempre ver o time bem.

 

UOL Esporte: Aproveitando esse gancho, muitos especialistas dizem que você saiu cedo para a Ucrânia. Apesar de ter marcado vários gols lá, você sempre quis voltar para o Brasil. Com 27 anos, Europa ainda faz parte do seu plano de carreira?
Kleber: Meu objetivo hoje é ter uma história dentro do Palmeiras. Não penso em sair. Quero conquistar títulos importantes e ter uma história igual a do Marcos tem, que é linda. Mas a gente nunca sabe quando vem uma proposta de fora igual aconteceu comigo no Cruzeiro com o Porto. Eles praticamente me venderam como se eu fosse uma mercadoria e eu não querendo ir, tanto é que eu voltei, o que eu não fiz na época do São Paulo. Se eu fizesse isso de repente a minha história seria outra. Mas vai que vem uma proposta muito boa e o Palmeiras precisa de dinheiro, investiu em mim, quer retorno e eu tenho que entender isso. Se tiver que sair e for bom para mim e para o clube a gente pode pensar.

UOL Esporte: O fato de ter uma realização financeira e jogar em clube grande da Europa não te seduz mais?
Kleber: Acho que o cara consegue ter um bom salário aqui e viver bem, até porque tem muitos jogadores voltando, se fosse esse o problema os caras ficavam lá fora. Dá para viver bem no Brasil e ser feliz aqui. Jogar em um grande clube eu sonhava, mas hoje jogo em um grande clube também. O Palmeiras é um time como o Milan e o Real Madrid são lá fora na minha opinião, um time grande no nosso país que tem uma historia muito bonita.

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