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Kleber admite importância do Palmeiras e do Cruzeiro em toda a sua carreira

12/08/2010 - 07h01

Dividido, Kleber admite amor pelo Palmeiras, mas diz ter carinho pelo Cruzeiro

Renan Prates
Em São Paulo

O atacante Kleber, do Palmeiras, teve uma passagem longa e produtiva pelo Dínamo de Kiev, mas ficou marcado pelo que fez no time alviverde e no Cruzeiro, já que jogou pouco tempo no profissional do São Paulo, onde foi revelado.

KLEBER DIZ AINDA NÃO SABER PERDER

Na primeira parte da entrevista do palmeirense Kleber com o UOL Esporte, o jogador abordou seu lado família, o gosto por jogar baralho, a sua dificuldade em perder qualquer coisa que seja e o que pedirá de presente de aniversário.

Na parte 2 da conversa exclusiva que teve com o UOL Esporte na última quarta na Academia de Futebol do Palmeiras, o jogador admitiu que tem muito carinho tanto por Palmeiras quanto pelo Cruzeiro e se mostrou dividido quanto a uma preferência.

No papo, Kleber contou que não tem raiva do São Paulo, que joga fora da sua posição no Palmeiras, não se preocupa com boatos sobre o seu alto salário no clube alviverde e que o time ainda briga pelo título do Campeonato Brasileiro apesar da má fase.

UOL Esporte: Você começou no São Paulo, mas despontou no Palmeiras. Saiu, mas sem deixar de pensar no Palmeiras. Que caso de amor é esse com o clube? Você já disse que não era ídolo da torcida. Ainda pensa isso?
Kleber:
Não me considero ídolo pelo meu ponto de vista. Para mim hoje o ídolo do Palmeiras é o Marcos, pelas conquistas que ele teve e o tempo que tem no clube. Não acho que eu, Valdivia, Pierre somos ídolos, até porque se for ver o que a gente ganhou é pouco. Lógico que às vezes as pessoas não vêem dessa forma por se identificarem com o estilo de jogo guerreiro do cara.

Sempre gostei do Palmeiras desde 2008 assim como tenho um carinho muito grande pelo Cruzeiro, muito grande mesmo. Tenho um carinho enorme pelo clube, mas o Palmeiras foi o time que me trouxe quando eu estava esquecido na Ucrânia passando dificuldade. Foi o Palmeiras que abriu as portas para mim, não posso ser ingrato. Nem o São Paulo que me revelou fez isso quando eu quis voltar para lá. A forma excelente que eu fui tratado por todos foi uma coisa que eu não vou conseguir esquecer nunca, por isso meu carinho e meu amor pelo Palmeiras.

Hoje eu torço pelo Palmeiras jogando ou não, tanto é que no Cruzeiro mesmo de longe eu acompanhava os jogos e torcia, como hoje daqui eu vejo o Cruzeiro e torço pelos meus amigos que trabalham lá e tenho muita saudade deles. Mas eu nunca escondi meu sentimento pelo Palmeiras. Acho que o torcedor se identifica com o jogador que gosta realmente do clube e eu faço isso.

UOL Esporte: Os palmeirenses têm os corintianos como rivais, mas você já demonstrou o prazer de vencer o São Paulo inúmeras vezes, talvez por alguma rusga que tenha ficado no passado. É mesmo o seu maior rival? Nunca vestiria a camisa de nenhum deles em respeito aos palmeirenses?
Kleber:
Quero deixar claro que não tenho magoa nenhuma do São Paulo. Pelo contrário, gosto muito de lá, pois foi o clube que me revelou. Lá eu sofri, mas também passei momentos bons. Foi o clube que me abriu as portas para ser hoje o que eu sou, me educou também. Não é o meu maior rival. Meu maior rival são todos os clubes que eu jogo contra, porque hoje eu defendo o Palmeiras então todos os outros clubes são meus rivais.

Tenho um carinho muito grande pelo Palmeiras e eu acho que não vestiria não, porque como eu fui bem tratado aqui por todos acho que não jogaria em outro clube. Mas a gente sabe como é o futebol. Hoje você fala isso e muitas das vezes quer ser ídolo e o próprio clube não deixa. Foi mais ou menos o que aconteceu no São Paulo comigo: eu queria ficar e os caras parece que me empurravam para ser vendido. De repente o Palmeiras pode não me querer mais e falar que não sirvo. Isso acontece muito de afastar jogador, deixar encostado ou querer vender, tratando como se fosse uma mercadoria, o que é muito chato. Hoje não vejo jogando por outro clube, mas vou saber como o Palmeiras vai me tratar daqui um tempo...

PAIXÃO DOBRADA

Sempre gostei do Palmeiras desde 2008 assim como tenho um carinho muito grande pelo Cruzeiro, muito grande mesmo. Tenho um carinho enorme pelo clube, mas o Palmeiras foi o time que me trouxe quando eu estava esquecido na Ucrânia passando dificuldade.

Falando dos seus dois amores

UOL Esporte: Pude apurar que existe um temor na torcida de que os altos salários de você e Valdivia causem ciúmes no restante do elenco. O Marcos acha que não, muito porque o Felipão não deixaria a história nem começar. O que você pensa disso?
Kleber:
Concordo plenamente com o Marcos: acho que cada um recebe pelo que vem merecendo. É normal que o Marcos ganhe bem, o Valdivia, o Pierre, pois são ídolos do clube e as pessoas têm que entender isso. Se viesse um jogador aqui ganhando mais do que eu para mim também mudaria nada. Respeito o torcedor e se eles falaram que no ano passado teve isso e se teve é lamentável. Deixar escapar titulo por causa de coisas como essa é inaceitável.

As pessoas falam demais. A gente não sabe quanto os caras ganham. Lógico que todo mundo ganha bem por ser jogador de futebol, mas ninguém sabe o quanto o outro ganha. Isso ai é complicado. Se o for comparar o nosso salário com outros jogadores como o Adriano e o Vagner Love ganhavam no Flamengo vai ver que aqui a gente ganha pouco em relação a esses caras. Então acho que isso é uma besteira muito grande.

UOL Esporte: No Cruzeiro, você certamente brigaria pelo título. Aqui no Palmeiras, por estar em reformulação, a tendência é que isso aconteça só em 2011. Você está 100% convicto de que fez a escolha certa? Até onde esse time chega?
Kleber:
O Brasileirão é muito difícil você falar o que vai acontecer, é muito complicado. No ano passado, o Palmeiras liderou metade e nem classificou para a Libertadores. As equipes crescem muito durante a competição. Se a gente for ver dois jogos que a gente perdeu pontos (2 a 2 Botafogo e 1 a 1 Goiás) se ganhasse estaria lá em cima em quinto, então são coisas bobas resultados que a gente deixa escapar que fazem muita diferença.

Nossa equipe é boa. As pessoas falam: pô eles não ganham, mas a gente tem enfrentado adversários fortes como o Ceará, que ninguém ganhou lá. O time tem evoluído, vem fazendo gols e sofrendo menos. A gente tem pretensões de brigar pelo titulo. Eu sabia realmente que seria difícil, pois no Cruzeiro a gente já tinha uma estrutura que ficava mais fácil de brigar, mas a gente vai brigar aqui também e eu tenho confiança nisso.

DIREITO DE QUEM BATALHOU

Concordo plenamente com o Marcos: acho que cada um recebe pelo que vem merecendo. É normal que o Marcos ganhe bem, o Valdivia, o Pierre, pois são ídolos do clube e as pessoas têm que entender isso. Se viesse um jogador aqui ganhando mais do que eu para mim também mudaria nada.

Falando dos altos salários no time

UOL Esporte: Você já disse que está mais calmo, mas ainda é muito provocado (jogador mais caçado segundo o Datafolha). Os rivais ainda te provocam pensando que poderão tirar proveito disso? Como você lida com toda essa situação?
Kleber: Eu não tenho percebido isso. Lógico que às vezes as pessoas que já conhecem e sabem do temperamento de alguns jogadores tentam chegar um pouco mais forte para ver se há revide. Quando cheguei em 2008 tinha um problema que os caras ficavam falando dentro de campo, me ameaçando e isso eu já não percebo mais. Acho que pelo meu estilo de jogo, de bastante contato, proteger bem a bola, é normal sofrer falta.

UOL Esporte: Me chamou a atenção que no Palmeiras você tem atuado como homem de área, mas você pelo que acompanhei foi mais segundo atacante na sua carreira. Tem te agradado esta nova função ou você preferia a outra?
Kleber:
Acho que meu melhor jogo pelo Palmeiras esse ano foi contra o Corinthians, quando joguei mais do lado do campo então. Aqui em 2008 eu jogava totalmente pelos lados do campo porque tinha o Alex [Mineiro] enfiado. No Cruzeiro não. Lá a gente revezava muito. Aqui é diferente do Cruzeiro, que tinha uma base muito boa que já estava jogando junto há mais de dois anos, fica muito fácil de encaixar em um time assim. Aqui não: o trabalho está só começando, então é normal que tenha um pouco de dificuldade.

Eu particularmente prefiro jogar com mais liberdade, não preso porque acho que perco muito ficando preso, tenho um pouco mais de dificuldade. Mas tenho certeza que com o tempo nosso time vai melhorar bastante e ainda vai crescer nesse campeonato.

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